terça-feira, 10 de novembro de 2009

The End: Robert Enke (1977-2009)

O antigo guarda-redes do Benfica, e actualmente a defender a baliza do clube Hannover 96, Robert Enke, morreu esta noite na Alemanha, aos 32 anos de idade. As circunstâncias ainda não estão totalmente esclarecidas, mas fala-se que tenha cometido suicidio, ao atirar-se para a a linha no momento em que passava um comboio. "Posso confirmar-me que se tratou de um suicício. O Robert suicidou-se pouco antes das 18 horas. Os detalhes serão transmitidos numa conferência de imprensa na quarta-feira, em Hannover", afirmou Robert Nebeling, amigo e empresário do guarda-redes alemão.

O presidente do Benfica, Luis Filipe Vieira, lamentou o sucedido: "Há notícias na vida que pela sua dureza nos chocam, a morte de Robert Enke é, sem dúvida, uma delas. Nunca ninguém está preparado para enfrentar o desaparecimento físico de alguém com quem conviveu e de quem guarda boas memórias. Mas quando a tragédia atinge alguém com a idade de Robert Enke, a frustração é ainda maior", pode ler-se na nota publicada à imprensa. Quem também já lamentou o sucedido foi o seleccionador alemão Joachim Löw: "Quando soubemos da morte de Enke foi um choque". "Estamos sem palavras, estamos consternados", afirmou.


A noticia da sua morte espalhou-se rapidamente nas redes sociais. No Facebook criaram-se logo três grupos de fãs para o homenagear, enquanto que no Twitter, já chegou a ser um dos topicos mais frequentes da noite. E à porta do estádio do Hannover, centenas de pessoas estão a homenageá-lo com velas, fotos e flores. Como benfiquista que sou, era daqueles que tinha imensa simpatia, pelo seu caractér e pelo facto de ser um excelente profissional, do qual tive pena que ele tenha vindo numa das piores alturas da história do clube. Caso as circunstâncias fossem outras, acho que ainda estaria aqui, se calhar como titular...


Também tinha outras caracteristicas particulares: era amigo dos animais (tinha recolhido alguns cães abandonados em casa, quando estava em Portugal), e era um destacado militante ecologista, pois vivia numa quinta nos arredores de Hannover e tinha dado a cara pela PETA alemã, contra a crueldade sobre os animais.


Robert Enke nascera a 24 de Agosto de 1977 em Jena, na antiga RDA. Representou o Carl Zeiss Jena nas camadas jovens, e quando chegou à idade de sénior, transferiu-se para o Borussia Monchengladbach, onde esteve até 1999, altura em que terminou o seu contrato. Nessa altura, transferiu-se a custo zero para o Benfica, onde enfrentou a concorrência do então guarda-redes Michel Preud'homme, então com 40 anos. Esteve durante quatro épocas no clube, então treinado pelo seu compatriota Jupp Heynckes, numa das piores alturas em que este atravassava, afastado dos títulos e a sair da má experiência que foi o consulado de João Vale e Azevedo.


Enke ficou até 2002, altura em que foi para o Barcelona, onde não teve chances de brilhar. Aliás, ficou notoriamente marcado por um jogo da Taça do Rei, contra o Novelda FC, sofrendo golos de modo infantil, e acabando fora da competição. Anos depois, disse que ser guarda-redes do Barcelona "era o sitio mias dificil de estar na Europa. Assim sendo, foi emprestado, primeiro para o clube turco Fernerbaçe, onde jogou apenas uma vez, perdendo contra o Istambulspor por 0-3, e sendo insultado pelos próprios adeptos. Depois foi para o Tenerife, onde teve poucas chances. Em 2004 foi para o Hannover 96, clube que representava actualmente, e era o titular absoluto do clube, jogando 164 jogos desde então.


Aos 29 anos, em 2006, Enke chegou finalmente à baliza da selecção alemã, lugar onde já tinham passado, entre outros, Sepp Maier, Harald Schumacher e Oliver Kahn, entre outros. No final, acumulou oito internacionalizações, e apesar de ter estado afastado nos últimos tempos, o seleccionador nacional Joachim Löw, considerava-o para os 23 convocados para o Mundial do ano que vem, na Africa do Sul.


Entretanto, a sua vida pessoal tinha sido gravemente afectada há três anos, quando a sua filha, então com dois anos morrera, vitima de um defeito congénito no coração. Este ano tinha adoptado uma filha, e desde Setembro que se encontrava afastado dos relvados devido a um virus detectado no seu estômago, mas aparentemente, os médicos do clube já lhe tinham dado o seu OK para o regresso. Ars lunga, vita brevis.

2 comentários:

Bruno disse...

A notícia me pegou de surpresa. Como ficou parecendo em seu texto, Enke tinha uma vida engajada e o suicídio parece algo tão anormal.

Mudando de assunto, muito legal aquele vídeo tributo do Rindt, não é?
Abraço, Speeder.

Leandro Montianele disse...

Fiquei extremamente chocado com a notícia. É dificíl imaginar o que se passava na cabeça de Enke. Ouvi falar que ele sofria de problemas depressivos, mas isso não transparecia.

Speeder, o Loucos por F-1 ficará no ar. Pode deixar que ele não será deletado.

Abraço!