Faltam dez dias para começar o campeonato do mundo de Formula 1 de 2010. Com as notícias de bastidores a inquinar em muito o que vimos nos vários testes ao longo do mês de Fevereiro, é altura de sentar e escrever o que poderemos esperar neste último ano da primeira década do novo milénio. E pelo que andamos a ver, a velha ordem da Ferrari e da McLaren pode estar de volta, mas os que dominaram o pelotão em 2009, Brawn GP (agora Mercedes GP) e Red Bull Racing, continuam fortes. Em suma, a temporada de 2010 tem tudo para ficar na história da Formula 1, nem que seja pela quantidade de candidatos ao título.
McLaren – A "batalha de Inglaterra"
Quando a equipa de Woking anunciou a contratação de Jenson Button, o campeão do mundo de 2009, muitos julgaram que ao juntar forças com Lewis Hamilton, as coisas iriam ser explosivas. Isso ainda está para ser provado, mas num ano em que muito vai acontecer em termos de corrida, como o final dos reabastecimentos, os pilotos que saibam ser conservadores em termos de andamento tem vantagem. Nisso, Jenson Button é muito bom, em contraste com Lewis Hamilton, mas “pé de chumbo”. Mas Hamilton tem fama de aprender rapidamente, logo Button tem de ganhar vantagem nas primeiras corridas do ano, sob pena de andar com o número 1 só para efeitos decorativos...
A luta vai ser acirrada, e aos dois pilotos vai ser importante vencer “nas mentes e nos corações”, ou seja, ter a equipa ao seu lado. Será que um recém-chegado, como Button, e capaz de dar a volta a uma equipa que desde 2007 é um apêndice do “planeta Hamilton”, criado desde os kartings para ser o piloto da marca? Um duelo para seguir com muita atenção, pois os atritos já existem.
Quanto ao McLaren MP4/25, os testes indicam que é um bólide bem-nascido, e capaz de lutar por vitórias. Isso significa que o duelo Ferrari-McLaren, depois de um ano de interregno, poderá estar de volta em 2010. Mas neste ano, eles não serão os únicos candidatos...
Ferrari – O recém-chegado contra o regressado
Se 2009 é um ano para esquecer por parte da Ferrari, parece que em 2010 foi feito um bom trabalho nos lados de Maranello. O F10 parece ser um carro bem-nascido e Fernando Alonso só tem elogios para o carro pelas suas performances. A mesma coisa em relação a Felipe Massa, regressado à competição depois do seu acidente no GP da Hungria do ano passado. Neste seu regresso, parece estar de regresso à forma habitual e com fome de carro e corridas. Com dois pilotos altamente motivados, parece que a Ferrari pode partir com vantagem, pois o carro consegue, em média, ser 0,2 a 0,4 segundos mais rápido do que McLaren e Mercedes.
Se isso é garantia de que vai ser um “Anno Rosso”? Não. Nada indica que esta Ferrari seja uma máquina dominadora do pelotão. E mesmo que fosse, ambos os pilotos partem em igualdade de circunstâncias, disputando entre si as vitórias, pelo menos de inicio. Sabe-se que a consistência de Alonso é muito boa, e Felipe Massa também está muito rápido. Agora falta ver como ambos se comportarão em situação de corrida. Com uma concorrência muito forte, sabem que para lutar pelo título, cada corrida vai ser uma guerra. Contra outros, contra o carro, contra eles próprios. Afinal, estamos a falar da equipa mais escrutinada da Formula 1...
Mercedes – O regresso à competição, com o maior de todos os tempos
Após 55 anos de ausência, a Mercedes compra a Brawn GP e coloca o seu nome, numa era de contraciclo, demonstrando que na marca de Estugarda, o desporto automóvel é levado muito a sério. Sabendo que conta com o melhor projectista do mundo, a Mercedes decidiu chamar da reforma um heptacampeão mundial, e para muitos o melhor de todos os tempos: Michael Schumacher.
Schumacher demonstrou que, mesmo com 41 anos de idade e após quatro temporadas afastado da competição, que não perdeu qualidades. Está em forma, e capaz de assustar uma concorrência com o dobro da idade. E tem velhas caras à sua espera, a começar por Ross Brawn, o homem que o guiou na Benetton e na Ferrari, para quase todos os seus títulos mundiais.
Contudo, a concorrência dentro da equipa não será fraca: tem Nico Rosberg, um talento alemão que demonstrou algum do seu potencial na Williams, e tem na Mercedes o melhor palco para demonstrar que pode vencer corridas… e campeonatos do mundo. Muitos consideram que esta pode ser a dupla mais explosiva do pelotão da Formula 1, pois com uma diferença de idades tão grande como aqui (41 para Schumacher, 24 para Rosberg), as tensões estarão ao rubro. Se Rosberg falhar, a sua carreira como “piloto da frente”, capaz de vencer corridas, estará seriamente comprometida. Schumacher pode ter menos a perder, mas tem a sua espada de Dâmocles a pairar sob a sua cabeça: provar que ainda pode vencer corridas e lutar por um oitavo título mundial, mesmo contra um pelotão com metade da sua idade.
Os testes deixaram indicações de que o W01 é um bom carro, mas ainda não é vencedor. É um carro subvirador, o que dá vantagem para Rosberg, mais adaptado a essas circunstâncias, e ainda falta ultrapassar aquele meio segundo de diferença que tem para a Ferrari e a McLaren. Não se espera vê-los no lugar mais alto do pódio no Bahrein, mas nada indica que o mesmo se passe nas corridas seguintes.
Red Bull – O grande salto em frente
O ano de 2010 pode ser aquele que dará o título a uma nova equipa. Isto se o Red Bull RB6, desenhado por Adrian Newey, ser mais uma das grandes criações que já nos mostrou ao longo da sua longa história como projectista, ao serviço da Williams e McLaren.
Em 2009, graças ao Red Bull RB5, a equipa alcançou as suas primeiras vitórias, graças a Sebastien Vettel visto por muitos como um futuro campeão do mundo, e por Mark Webber, que por fim conseguiu as suas primeiras vitórias na Formula 1, terminou a temporada passada no segundo lugar dos pilotos, com Vettel, e dos Construtores. Portanto, o RB6 é visto com enorme expectativa para 2010, pois pode ser o carro que dará o “pulo” necessário para alcançar o sonho de Dieter Mateschitz, quando comprou os restos da Jaguar Racing, no final de 2004.
Os testes não foram muito claros, o que é típico das criações de Newey: lançados muito tarde, e com alguns problemas de juventude nos testes iniciais, deixaram contudo o potencial suficiente para ser considerado como um “frontrunner”. Resta saber quem será o piloto capaz de atacar o título, pois se Vettel, do alto dos seus 22 anos, tem ainda muitos anos pela frente, já Webber, onze anos mais velho, poderá olhar 2010 como um dos últimos anos de carreira para alcançar um ceptro conquistado em tempos já longínquos pelos seus compatriotas Jack Brabham e Alan Jones.
E quanto aos outros?
Em relação aos outros, duas equipas podem dar nas vistas: Williams e Sauber. A primeira vai ser a única equipa que andará com os motores Cosworth, mas será também a que terá uma dupla que combinará juventude e experiência. Rubens Barrichello e Nico Hulkenberg são dois pilotos motivados, um porque vive uma segunda juventude, depois de ter sido terceiro classificado no Mundial de 2009 pela Brawn GP, com duas vitórias. O segundo é um promissor piloto, que venceu a GP2 em 2009, promovido à Formula 1 esta temporada (mas era o test-driver da Williams...)
O motor Cosworth deixou algumas boas indicações, mostrando que não é tão “bomba” como alguns temiam. Barrichello foi constante, e a promessa de poder lugar constantemente pelos pontos, e até intrometer-se por um ou outro pódio é bem possível.
Quanto à Sauber, a formula é a mesma da Williams: aliar juventude e experiência. Kamui Koboyashi demonstrou, nas corridas finais de 2009 pela Toyota, que tem muito talento. Agora encara o seu primeiro ano completo na Formula 1 com inúmeras expectativas por parte de muita gente, e aparentemente, o Sauber-Ferrari, modelo C29, parece ter sido bem-nascido, pelo facto de andar constantemente no topo da tabela de tempos. Quanto a Pedro de la Rosa, regressado ao activo após cinco temporadas de ausência, traz grandes conhecimentos em termos de afinação e capacidade de desenvolvimento do carro, mas a grande incógnita é saber se tem ritmo de corrida...
A Force Índia e a Toro Rosso podem estar com andamentos semelhantes, e a primeira, que deu nas vistas em 2009 com uma pole-position na Bélgica e uma volta mais rápida em Itália, pode ter desenvolvido o VMJ03 no sentido da continuidade. Agora resta saber se eles continuarão a entrar mais vezes em zona de pontos, algo que Adrian Sutil e Vitantonio Liuzzi vão querer estar.
A Toro Rosso começa este ano com uma novidade: fez o seu próprio chassis. Mas isso não implica que seja algo completamente diferente da casa-mãe. Pode não ter sido desenhado por Adrian Newey, mas até que ponto é que não foi influenciado? Para Sebastien Buemi e Jaime Alguersuari, será a segunda temporada para ambos, e a curiosidade será saber se este é um carro bem nascido, capaz de lutar mais vezes por pontos. Das equipas com mais tempo, pode ser a pior, a par da Renault.
Quanto à marca do losanglo, com a agitação existente no Inverno, a situação ficou resolvida da seguinte maneira. Um novo investidor apareceu na equipa, comprou 75 por cento, ficou com o nome e os motores, e vendeu um lugar por 20 milhões de euros. Resultado? Robert Kubica terá a seu lado o primeiro russo da história da Formula 1, Vitaly Petrov. E se ele não é nenhum “pé de chumbo”, pois é o vice-campeão da GP2 em 2009, o carro que têm entre mãos, o R30, não é de todo a melhor das máquinas. O facto de nos testes terem tempos médios a rondar os 0,8 a 1 segundo por volta é preocupante. Pois com essa diferença, muito dificilmente chegará regularmente à zona dos pontos, o que seria uma pena para Kubica, que tem muito talento, mas que arrisca a ter azar nas suas escolhas em termos de equipas. É sério candidato a penar muito no meio do pelotão...
Os recém-chegados à categoria máxima: candidatos a bombos da festa?
A saga das novas equipas fez correr muita tinta ao longo do defeso. O projecto abortado da USF1, aliado às dificuldades da Campos, que foi salvo “in extremis” por Jose Ramon Carabante, que a renomeou de Hispania Racing Team, colocando Colin Kolles e um piloto pagante, o indiano Karun Chandhok, mais as interferências do projecto Stefan GP, uma tentativa sérvia de entrar na Formula 1, fizeram com que se desviasse a atenção das outras duas estreantes, uma delas trazendo de volta um nome mítico da Formula 1: a Lotus.
Não é a Team Lotus de Colin Chapman, mas é o projecto sério da marca que herdou a Lotus Cars, a malaia Proton. E em pouco mais de cinco meses, após a sua inscrição ter sido aceite, conseguiram montar o T127, o projecto de Mike Gascoyne, que conta com uma dupla veterana: o italiano Jarno Trulli e o finlandês Heiki Kovalainen.
O carro é simples e com motor Cosworth, como o projecto da Virgin Racing, mas tem o problema de ser mais lento do que os projectos já existentes. A média é de dois e três segundos mais lentos, o que pode significar que serão sérios candidatos às últimas filas da grelha, pelo menos de inicio. Contudo, a experiência e o entusiasmo do projecto malaio pode ajudar a melhorar as coisas ao longo da temporada.
A mesma coisa passa no projecto da Virgin. Com Timo Glock e Lucas di Grassi, o carro, desenhado integralmente em computador por Nick Wirth, o homem que quinze anos antes desenhou o projecto da Simtek, também sofre com os naturais problemas de juventude do VR-1. Mas existiram alguns factores de preocupação, como a quebra de uma asa dianteira durante os testes de Jerez… sem tocar em alguma coisa. Um motivo de preocupação, sem dúvida.
Contudo, há um consolo: não ficarão na última fila da grelha, pois esse deve ser o lugar da Campos/Hispania Racing. Um chassis encomendado para a Dallara, o projecto passou por dificuldades devido aos problemas de dinheiro por parte de Adrian Campos, e que viu ser socorrida “in extremis” por José Ramon Carabante, outro espanhol, para assim vermos pela primeira vez na história da Formula 1, uma equipa “made in Spain”, com Bruno Senna e Karun Chandhok. O destino? Provavelmente, a penar no fundo da grelha. Mas o estar aqui, com carro e motor, depois do que passaram, já é um milagre.
E pronto, eis uma análise mais honesta e sincera possível. Pelas indicações que foram vistas nos testes de Fevereiro, parece que o equilíbrio será mais do que presente. E com quatro campeões do mundo, todos eles sérios candidatos ao título, tudo indica que teremos um verdadeiro… Ano dos Titãs! Até para a semana.
McLaren – A "batalha de Inglaterra"
Quando a equipa de Woking anunciou a contratação de Jenson Button, o campeão do mundo de 2009, muitos julgaram que ao juntar forças com Lewis Hamilton, as coisas iriam ser explosivas. Isso ainda está para ser provado, mas num ano em que muito vai acontecer em termos de corrida, como o final dos reabastecimentos, os pilotos que saibam ser conservadores em termos de andamento tem vantagem. Nisso, Jenson Button é muito bom, em contraste com Lewis Hamilton, mas “pé de chumbo”. Mas Hamilton tem fama de aprender rapidamente, logo Button tem de ganhar vantagem nas primeiras corridas do ano, sob pena de andar com o número 1 só para efeitos decorativos...
A luta vai ser acirrada, e aos dois pilotos vai ser importante vencer “nas mentes e nos corações”, ou seja, ter a equipa ao seu lado. Será que um recém-chegado, como Button, e capaz de dar a volta a uma equipa que desde 2007 é um apêndice do “planeta Hamilton”, criado desde os kartings para ser o piloto da marca? Um duelo para seguir com muita atenção, pois os atritos já existem.
Quanto ao McLaren MP4/25, os testes indicam que é um bólide bem-nascido, e capaz de lutar por vitórias. Isso significa que o duelo Ferrari-McLaren, depois de um ano de interregno, poderá estar de volta em 2010. Mas neste ano, eles não serão os únicos candidatos...
Ferrari – O recém-chegado contra o regressado
Se 2009 é um ano para esquecer por parte da Ferrari, parece que em 2010 foi feito um bom trabalho nos lados de Maranello. O F10 parece ser um carro bem-nascido e Fernando Alonso só tem elogios para o carro pelas suas performances. A mesma coisa em relação a Felipe Massa, regressado à competição depois do seu acidente no GP da Hungria do ano passado. Neste seu regresso, parece estar de regresso à forma habitual e com fome de carro e corridas. Com dois pilotos altamente motivados, parece que a Ferrari pode partir com vantagem, pois o carro consegue, em média, ser 0,2 a 0,4 segundos mais rápido do que McLaren e Mercedes.
Se isso é garantia de que vai ser um “Anno Rosso”? Não. Nada indica que esta Ferrari seja uma máquina dominadora do pelotão. E mesmo que fosse, ambos os pilotos partem em igualdade de circunstâncias, disputando entre si as vitórias, pelo menos de inicio. Sabe-se que a consistência de Alonso é muito boa, e Felipe Massa também está muito rápido. Agora falta ver como ambos se comportarão em situação de corrida. Com uma concorrência muito forte, sabem que para lutar pelo título, cada corrida vai ser uma guerra. Contra outros, contra o carro, contra eles próprios. Afinal, estamos a falar da equipa mais escrutinada da Formula 1...
Mercedes – O regresso à competição, com o maior de todos os tempos
Após 55 anos de ausência, a Mercedes compra a Brawn GP e coloca o seu nome, numa era de contraciclo, demonstrando que na marca de Estugarda, o desporto automóvel é levado muito a sério. Sabendo que conta com o melhor projectista do mundo, a Mercedes decidiu chamar da reforma um heptacampeão mundial, e para muitos o melhor de todos os tempos: Michael Schumacher.
Schumacher demonstrou que, mesmo com 41 anos de idade e após quatro temporadas afastado da competição, que não perdeu qualidades. Está em forma, e capaz de assustar uma concorrência com o dobro da idade. E tem velhas caras à sua espera, a começar por Ross Brawn, o homem que o guiou na Benetton e na Ferrari, para quase todos os seus títulos mundiais.
Contudo, a concorrência dentro da equipa não será fraca: tem Nico Rosberg, um talento alemão que demonstrou algum do seu potencial na Williams, e tem na Mercedes o melhor palco para demonstrar que pode vencer corridas… e campeonatos do mundo. Muitos consideram que esta pode ser a dupla mais explosiva do pelotão da Formula 1, pois com uma diferença de idades tão grande como aqui (41 para Schumacher, 24 para Rosberg), as tensões estarão ao rubro. Se Rosberg falhar, a sua carreira como “piloto da frente”, capaz de vencer corridas, estará seriamente comprometida. Schumacher pode ter menos a perder, mas tem a sua espada de Dâmocles a pairar sob a sua cabeça: provar que ainda pode vencer corridas e lutar por um oitavo título mundial, mesmo contra um pelotão com metade da sua idade.
Os testes deixaram indicações de que o W01 é um bom carro, mas ainda não é vencedor. É um carro subvirador, o que dá vantagem para Rosberg, mais adaptado a essas circunstâncias, e ainda falta ultrapassar aquele meio segundo de diferença que tem para a Ferrari e a McLaren. Não se espera vê-los no lugar mais alto do pódio no Bahrein, mas nada indica que o mesmo se passe nas corridas seguintes.
Red Bull – O grande salto em frente
O ano de 2010 pode ser aquele que dará o título a uma nova equipa. Isto se o Red Bull RB6, desenhado por Adrian Newey, ser mais uma das grandes criações que já nos mostrou ao longo da sua longa história como projectista, ao serviço da Williams e McLaren.
Em 2009, graças ao Red Bull RB5, a equipa alcançou as suas primeiras vitórias, graças a Sebastien Vettel visto por muitos como um futuro campeão do mundo, e por Mark Webber, que por fim conseguiu as suas primeiras vitórias na Formula 1, terminou a temporada passada no segundo lugar dos pilotos, com Vettel, e dos Construtores. Portanto, o RB6 é visto com enorme expectativa para 2010, pois pode ser o carro que dará o “pulo” necessário para alcançar o sonho de Dieter Mateschitz, quando comprou os restos da Jaguar Racing, no final de 2004.
Os testes não foram muito claros, o que é típico das criações de Newey: lançados muito tarde, e com alguns problemas de juventude nos testes iniciais, deixaram contudo o potencial suficiente para ser considerado como um “frontrunner”. Resta saber quem será o piloto capaz de atacar o título, pois se Vettel, do alto dos seus 22 anos, tem ainda muitos anos pela frente, já Webber, onze anos mais velho, poderá olhar 2010 como um dos últimos anos de carreira para alcançar um ceptro conquistado em tempos já longínquos pelos seus compatriotas Jack Brabham e Alan Jones.
E quanto aos outros?
Em relação aos outros, duas equipas podem dar nas vistas: Williams e Sauber. A primeira vai ser a única equipa que andará com os motores Cosworth, mas será também a que terá uma dupla que combinará juventude e experiência. Rubens Barrichello e Nico Hulkenberg são dois pilotos motivados, um porque vive uma segunda juventude, depois de ter sido terceiro classificado no Mundial de 2009 pela Brawn GP, com duas vitórias. O segundo é um promissor piloto, que venceu a GP2 em 2009, promovido à Formula 1 esta temporada (mas era o test-driver da Williams...)
O motor Cosworth deixou algumas boas indicações, mostrando que não é tão “bomba” como alguns temiam. Barrichello foi constante, e a promessa de poder lugar constantemente pelos pontos, e até intrometer-se por um ou outro pódio é bem possível.
Quanto à Sauber, a formula é a mesma da Williams: aliar juventude e experiência. Kamui Koboyashi demonstrou, nas corridas finais de 2009 pela Toyota, que tem muito talento. Agora encara o seu primeiro ano completo na Formula 1 com inúmeras expectativas por parte de muita gente, e aparentemente, o Sauber-Ferrari, modelo C29, parece ter sido bem-nascido, pelo facto de andar constantemente no topo da tabela de tempos. Quanto a Pedro de la Rosa, regressado ao activo após cinco temporadas de ausência, traz grandes conhecimentos em termos de afinação e capacidade de desenvolvimento do carro, mas a grande incógnita é saber se tem ritmo de corrida...
A Force Índia e a Toro Rosso podem estar com andamentos semelhantes, e a primeira, que deu nas vistas em 2009 com uma pole-position na Bélgica e uma volta mais rápida em Itália, pode ter desenvolvido o VMJ03 no sentido da continuidade. Agora resta saber se eles continuarão a entrar mais vezes em zona de pontos, algo que Adrian Sutil e Vitantonio Liuzzi vão querer estar.
A Toro Rosso começa este ano com uma novidade: fez o seu próprio chassis. Mas isso não implica que seja algo completamente diferente da casa-mãe. Pode não ter sido desenhado por Adrian Newey, mas até que ponto é que não foi influenciado? Para Sebastien Buemi e Jaime Alguersuari, será a segunda temporada para ambos, e a curiosidade será saber se este é um carro bem nascido, capaz de lutar mais vezes por pontos. Das equipas com mais tempo, pode ser a pior, a par da Renault.
Quanto à marca do losanglo, com a agitação existente no Inverno, a situação ficou resolvida da seguinte maneira. Um novo investidor apareceu na equipa, comprou 75 por cento, ficou com o nome e os motores, e vendeu um lugar por 20 milhões de euros. Resultado? Robert Kubica terá a seu lado o primeiro russo da história da Formula 1, Vitaly Petrov. E se ele não é nenhum “pé de chumbo”, pois é o vice-campeão da GP2 em 2009, o carro que têm entre mãos, o R30, não é de todo a melhor das máquinas. O facto de nos testes terem tempos médios a rondar os 0,8 a 1 segundo por volta é preocupante. Pois com essa diferença, muito dificilmente chegará regularmente à zona dos pontos, o que seria uma pena para Kubica, que tem muito talento, mas que arrisca a ter azar nas suas escolhas em termos de equipas. É sério candidato a penar muito no meio do pelotão...
Os recém-chegados à categoria máxima: candidatos a bombos da festa?
A saga das novas equipas fez correr muita tinta ao longo do defeso. O projecto abortado da USF1, aliado às dificuldades da Campos, que foi salvo “in extremis” por Jose Ramon Carabante, que a renomeou de Hispania Racing Team, colocando Colin Kolles e um piloto pagante, o indiano Karun Chandhok, mais as interferências do projecto Stefan GP, uma tentativa sérvia de entrar na Formula 1, fizeram com que se desviasse a atenção das outras duas estreantes, uma delas trazendo de volta um nome mítico da Formula 1: a Lotus.
Não é a Team Lotus de Colin Chapman, mas é o projecto sério da marca que herdou a Lotus Cars, a malaia Proton. E em pouco mais de cinco meses, após a sua inscrição ter sido aceite, conseguiram montar o T127, o projecto de Mike Gascoyne, que conta com uma dupla veterana: o italiano Jarno Trulli e o finlandês Heiki Kovalainen.
O carro é simples e com motor Cosworth, como o projecto da Virgin Racing, mas tem o problema de ser mais lento do que os projectos já existentes. A média é de dois e três segundos mais lentos, o que pode significar que serão sérios candidatos às últimas filas da grelha, pelo menos de inicio. Contudo, a experiência e o entusiasmo do projecto malaio pode ajudar a melhorar as coisas ao longo da temporada.
A mesma coisa passa no projecto da Virgin. Com Timo Glock e Lucas di Grassi, o carro, desenhado integralmente em computador por Nick Wirth, o homem que quinze anos antes desenhou o projecto da Simtek, também sofre com os naturais problemas de juventude do VR-1. Mas existiram alguns factores de preocupação, como a quebra de uma asa dianteira durante os testes de Jerez… sem tocar em alguma coisa. Um motivo de preocupação, sem dúvida.
Contudo, há um consolo: não ficarão na última fila da grelha, pois esse deve ser o lugar da Campos/Hispania Racing. Um chassis encomendado para a Dallara, o projecto passou por dificuldades devido aos problemas de dinheiro por parte de Adrian Campos, e que viu ser socorrida “in extremis” por José Ramon Carabante, outro espanhol, para assim vermos pela primeira vez na história da Formula 1, uma equipa “made in Spain”, com Bruno Senna e Karun Chandhok. O destino? Provavelmente, a penar no fundo da grelha. Mas o estar aqui, com carro e motor, depois do que passaram, já é um milagre.
E pronto, eis uma análise mais honesta e sincera possível. Pelas indicações que foram vistas nos testes de Fevereiro, parece que o equilíbrio será mais do que presente. E com quatro campeões do mundo, todos eles sérios candidatos ao título, tudo indica que teremos um verdadeiro… Ano dos Titãs! Até para a semana.
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