O automobilismo americano da segunda metade do século XX ficaria sempre incompleto se não fosse este homem. Como inumeros milhões ao longo do último século, vieram de outros lados do mundo para viverem o sonho americano. Mario Andretti não só fez parte dos que foram bem sucedidos nessa aventura, como se tornou num emblema para toda uma geração. Teve uma carreira muiuto longa no automobilismo e tornou-se num vencedor das 500 Milhas de Indianápolis, para depois voltar-se à Europa e concretizar o seu sonho de pequeno: ser piloto de Formula 1. Concretizou todos os seus sonhos, ao tornar-se campeão pela pátria que adoptou e conduzir pela equipa dos seus sonhos: a Ferrari. No dia em que comemora o seu 70º aniversário, é dia de falar sobre a sua vida e carreira.
Mario Gabriele Andretti, filho de Luigi e Rina Andretti, nasceu a 28 de Fevereiro de 1940 na vila de Montona, na Istria. Então parte da Itália, no final da II Guerra Mundial transferiu-se para mãos jugoslavas, fazendo agora parte da Eslovénia. Tem um irmão gémeo, Aldo, e uma irmã, Anna Maria, e viveu lá até 1948, altura em que se mudaram para um campo de refugiados em Lucca, no centro de Itália. Lá viveram até 1955, quando a familia emigrou para Nazareth, no estado americano da Pennsylvania. Em 1964, toda a familia Andretti naturalizou-se americana.
Ainda em Itália, ele e Aldo começavam a ver o panorama automobilistico de então. Viam corridas como as Mille Miglia e o Grande Prémio de Itália, em Monza, e Mário ganhou admiração por Alberto Ascari, o piloto dominante de então, a bordo do seu Ferrari. Ambos ganhavam uma adição cada vez maior pelo automobilismo, fazendo com que trabalhassem em garagens desde tenra idade, ainda em Itália. Quando se mudaram para os Estados Unidos, os irmãos descobriram uma pequena pista de "dirt track" e começaram a praticar num velho Hudson Hornet de 1948. A partir de 1959 começaram a vencer corridas e os manos Andretti começavam a ser conhecidos localmente... sem que os pais soubessem, pois estes sabiam os perigos do automobilismo.
No final de 1961, Aldo Andretti sofre um acidente e fica sériamente ferido, tendo decidido encerrar a carreira no automobilismo. Quanto a Mário, este continuaria, correndo nos "midget cars", pequenos carros que corriam em pistas de terra, os tais "dirt tracks". O talento de Andretti cedo o catapultou no mundo automobilistico americano, passando para o USAC Champ Car, a principal categoria do automobilismo, em 1964. Em 1965 acaba na terceira posição nas 500 Milhas de Indianápolis, o suficiente para que a organização lhe conferisse o título de "Rookie do Ano". Pouco depois, vencia a sua primeira corrida, num circuito de rua em Indianápolis, o que contribuiu para vencer o seu primeiro campeonato USAC. Aos 25 anos, era o mais jovem de sempre a atingir tal feito.
Andretti era um piloto eclético: corria em Stock Car, Indy Car, Midget Car, e na Endurance. Mas o seu sonho era o de competir na mesma classe que o seu idolo Ascari, que era a Formula 1. Em 1965, assistira à vitória de Jim Clark no seu Lotus e ao triunfo dos carros de motor traseiro, e abordou Colin Chapman revelando as suas ambições. Chapman respondeu: "Quando estiveres pronto, chama-me".
Em 1966, tem o primeiro sabor das provas europeias ao competir em Le Mans num Ford GT40 ao lado do belga Lucien Bianchi, desistindo no inicio da noite com problemas numa valvula. Esse foi de uma certa maneira um ponto baixo num ano onde venceu pela segunda consecutiva o campeonato USAC, com uma pole-position nas 500 Milhas de Indianápolis. No ano seguinte, envolve-se num acidente em Le Mans a bordo do seu Ford GT40 com Jo Schlesser e Roger McKluskey, sem danos de maior. Mas nesse ano de 1967 participa em provas da NASCAR, como o Daytona 500, acabando por vencer perante uma concorrência mais experimentada, e vence pela primeira vez as 12 Horas de Sebring, a bordo de um Ford GT40, ao lado do neozelandês Bruce McLaren. Isso só prova o seu ecletismo no automobilismo americano.
Em 1968, Andretti estava pronto para tentar a sua sorte na Formula 1. Contactou Colin Chapman e este lhe deu um chassis para correr no GP de Itália, pela equipa oficial. Contudo, nesse fim de semana, Chapman e o outro piloto que tinha vindo a Monza, Bobby Unser, iam correr numa outra prova nos Estados Unidos, algo que a FIA proibia, devido ao facto de estarem separados por 24 horas. Assim sendo, ambos abdicaram de participar nessa corrida. Andretti apareceu em Watkins Glen, palco do GP dos Estados Unidos, onde surpreendeu a todos ao fazer a "pole-position". Contudo, a corrida foi outra história e abandonou cedo.
Em 1969, voltou a correr três provas do Mundial de Formula 1, sempre que tinha uma vaga dos seus compromissos na USAC. E nesse ano, venceu um terceiro campeonato USAC, conseguindo também o que queria, que era vencer as 500 Milhas de Indianápolis. Foi uma grande vitória para Andretti, mas a unica de uma longa carreira. As várias tentativas de a ganhar nos anos seguintes ficaram tão famosas no imaginário americano que chegaram a falar de uma "maldição Andretti"... ainda nesse ano, venceu também o Pikes Peak International Hill Climb, e todos esses feitos fizeram com que fosse eleito "Atleta do Ano" pelo programa desportivo Wide World of Sports, da cadeia de televisão ABC.
Em 1970, finalmente corre pela Ferrari, a sua marca de eleição, pelo menos na Endurance. Uma das primeiras provas foi as 12 horas de Sebring, onde ao lado dos italianos Nino Vacarella e Ignazio Giunti, venceu pela segunda vez esta prova de resistência, batendo o Porsche 908 guiado por Peter Revson... e Steve McQueen. Na Formula 1, alia-se a Fred Ajgabassian e adquirem um March 701 para correr em algumas provas. Conseguem como melhor resultado um terceiro lugar em Jarama.
Em 1971, continua a ter um programa eclético, mas agora corre pela Ferrari, quer na Endurance, quer na Formula 1. E na primeira prova do ano, na Africa do Sul, torna-se no primeiro americano a vencer um Grande Prémio de Formula 1 desde Dan Gurney, no GP da Belgica de 1967. No final desse ano consegue 12 pontos e o oitavo lugar no campeonato. Correrá pela Ferrari até 1972, quer pela Endurance, quer pela Formula 1, vencendo mais uma vez nas 12 Horas de Sebring e as 24 Horas de Daytona.
Em 1973 e 74, alinha em mais um campeonato, o de Formula 5000, onde termina na segunda posição. O seu enorme ecletismo era lendário, mas no final desse ano, decide mudar de rumo e dedicar-se mais à Formula 1. E a razão era boa: ia ajudar Parnelli Jones, que ia embarcar na aventura de uma equipa americana de Formula 1.
(continua amanhã)
Mario Gabriele Andretti, filho de Luigi e Rina Andretti, nasceu a 28 de Fevereiro de 1940 na vila de Montona, na Istria. Então parte da Itália, no final da II Guerra Mundial transferiu-se para mãos jugoslavas, fazendo agora parte da Eslovénia. Tem um irmão gémeo, Aldo, e uma irmã, Anna Maria, e viveu lá até 1948, altura em que se mudaram para um campo de refugiados em Lucca, no centro de Itália. Lá viveram até 1955, quando a familia emigrou para Nazareth, no estado americano da Pennsylvania. Em 1964, toda a familia Andretti naturalizou-se americana.
Ainda em Itália, ele e Aldo começavam a ver o panorama automobilistico de então. Viam corridas como as Mille Miglia e o Grande Prémio de Itália, em Monza, e Mário ganhou admiração por Alberto Ascari, o piloto dominante de então, a bordo do seu Ferrari. Ambos ganhavam uma adição cada vez maior pelo automobilismo, fazendo com que trabalhassem em garagens desde tenra idade, ainda em Itália. Quando se mudaram para os Estados Unidos, os irmãos descobriram uma pequena pista de "dirt track" e começaram a praticar num velho Hudson Hornet de 1948. A partir de 1959 começaram a vencer corridas e os manos Andretti começavam a ser conhecidos localmente... sem que os pais soubessem, pois estes sabiam os perigos do automobilismo.
No final de 1961, Aldo Andretti sofre um acidente e fica sériamente ferido, tendo decidido encerrar a carreira no automobilismo. Quanto a Mário, este continuaria, correndo nos "midget cars", pequenos carros que corriam em pistas de terra, os tais "dirt tracks". O talento de Andretti cedo o catapultou no mundo automobilistico americano, passando para o USAC Champ Car, a principal categoria do automobilismo, em 1964. Em 1965 acaba na terceira posição nas 500 Milhas de Indianápolis, o suficiente para que a organização lhe conferisse o título de "Rookie do Ano". Pouco depois, vencia a sua primeira corrida, num circuito de rua em Indianápolis, o que contribuiu para vencer o seu primeiro campeonato USAC. Aos 25 anos, era o mais jovem de sempre a atingir tal feito.
Andretti era um piloto eclético: corria em Stock Car, Indy Car, Midget Car, e na Endurance. Mas o seu sonho era o de competir na mesma classe que o seu idolo Ascari, que era a Formula 1. Em 1965, assistira à vitória de Jim Clark no seu Lotus e ao triunfo dos carros de motor traseiro, e abordou Colin Chapman revelando as suas ambições. Chapman respondeu: "Quando estiveres pronto, chama-me".
Em 1966, tem o primeiro sabor das provas europeias ao competir em Le Mans num Ford GT40 ao lado do belga Lucien Bianchi, desistindo no inicio da noite com problemas numa valvula. Esse foi de uma certa maneira um ponto baixo num ano onde venceu pela segunda consecutiva o campeonato USAC, com uma pole-position nas 500 Milhas de Indianápolis. No ano seguinte, envolve-se num acidente em Le Mans a bordo do seu Ford GT40 com Jo Schlesser e Roger McKluskey, sem danos de maior. Mas nesse ano de 1967 participa em provas da NASCAR, como o Daytona 500, acabando por vencer perante uma concorrência mais experimentada, e vence pela primeira vez as 12 Horas de Sebring, a bordo de um Ford GT40, ao lado do neozelandês Bruce McLaren. Isso só prova o seu ecletismo no automobilismo americano.
Em 1968, Andretti estava pronto para tentar a sua sorte na Formula 1. Contactou Colin Chapman e este lhe deu um chassis para correr no GP de Itália, pela equipa oficial. Contudo, nesse fim de semana, Chapman e o outro piloto que tinha vindo a Monza, Bobby Unser, iam correr numa outra prova nos Estados Unidos, algo que a FIA proibia, devido ao facto de estarem separados por 24 horas. Assim sendo, ambos abdicaram de participar nessa corrida. Andretti apareceu em Watkins Glen, palco do GP dos Estados Unidos, onde surpreendeu a todos ao fazer a "pole-position". Contudo, a corrida foi outra história e abandonou cedo.
Em 1969, voltou a correr três provas do Mundial de Formula 1, sempre que tinha uma vaga dos seus compromissos na USAC. E nesse ano, venceu um terceiro campeonato USAC, conseguindo também o que queria, que era vencer as 500 Milhas de Indianápolis. Foi uma grande vitória para Andretti, mas a unica de uma longa carreira. As várias tentativas de a ganhar nos anos seguintes ficaram tão famosas no imaginário americano que chegaram a falar de uma "maldição Andretti"... ainda nesse ano, venceu também o Pikes Peak International Hill Climb, e todos esses feitos fizeram com que fosse eleito "Atleta do Ano" pelo programa desportivo Wide World of Sports, da cadeia de televisão ABC.
Em 1970, finalmente corre pela Ferrari, a sua marca de eleição, pelo menos na Endurance. Uma das primeiras provas foi as 12 horas de Sebring, onde ao lado dos italianos Nino Vacarella e Ignazio Giunti, venceu pela segunda vez esta prova de resistência, batendo o Porsche 908 guiado por Peter Revson... e Steve McQueen. Na Formula 1, alia-se a Fred Ajgabassian e adquirem um March 701 para correr em algumas provas. Conseguem como melhor resultado um terceiro lugar em Jarama.
Em 1971, continua a ter um programa eclético, mas agora corre pela Ferrari, quer na Endurance, quer na Formula 1. E na primeira prova do ano, na Africa do Sul, torna-se no primeiro americano a vencer um Grande Prémio de Formula 1 desde Dan Gurney, no GP da Belgica de 1967. No final desse ano consegue 12 pontos e o oitavo lugar no campeonato. Correrá pela Ferrari até 1972, quer pela Endurance, quer pela Formula 1, vencendo mais uma vez nas 12 Horas de Sebring e as 24 Horas de Daytona.
Em 1973 e 74, alinha em mais um campeonato, o de Formula 5000, onde termina na segunda posição. O seu enorme ecletismo era lendário, mas no final desse ano, decide mudar de rumo e dedicar-se mais à Formula 1. E a razão era boa: ia ajudar Parnelli Jones, que ia embarcar na aventura de uma equipa americana de Formula 1.
(continua amanhã)
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