Numa altura em que assistimos à novela da possivel entrada (ou não) da Team USF1, e no mesmo dia em que comemoramos os 70 anos de vida de Mario Andretti, o último americano a vencer um título e um Grande Prémio de Formula 1, é interessante falar hoje de um dos projectos de equipa americana que surgiram a meio dos anos 70, a par da Penske e da Shadow, bem como a Wolf, mas esta tinha uma origem canadiana. O bólide que falo hoje foi o unico carro que esta marca fez durante a sua breve estadia na Formula 1, e tinha tudo para dar certo. Contudo, a história mostra-nos que um bom projecto não resiste muito tempo quando a entidade que impulsiona tal projecto abandona os palcos passado pouco tempo. Foi o que aconteceu neste caso. Hoje falo do Parnelli VPJ4.
Rufus Parnell "Parnelli" Jones é um dos melhores pilotos da sua geração. Nascido a 12 de Agosto de 1933 no Arkansas, começou a sua carreira nos "dirt tracks" na sua adolescência antes de passar para as pistas. Em 1961 foi o "Rookie do Ano" nas 500 Milhas de Indianápolis e dois anos depois, venceu a prova, depois de ter feito a "pole-position". Em 1967, tentou a sua sorte num carro a turbina, ideia de Andy Granatelli, o homem por detrás da STP Oil Treatment, que colocou uma turbina construida pela Pratt & Whitney. Dominou a corrida, mas perdeu-a a puocas voltas do fim, com a transmissão partida. Para além destes feitos em Indianápolis, foi tricampeão da USAC Sprint Car Series.
Em 1968, Parnelli Jones deixa de lado as pistas e começa a sua sorte como construtor. Conhece Velco "Vel" Miletich, um homem de negócios a trabalhar para a Firestone e antigo jogador de futebol americano, e establecem-se em Torrance, na California, contratando elementos experientes para a sua equipa. E cedo dá frutos: com Al Unser e um chassis Lola, vencem as 500 Milhas de Indianápolis de 1970. No ano seguinte, ganham o campeonato USAC, com Joe Leonard, e começam a construir o seus próprios chassis. Para isso, contratam os serviços de Maurice Philippe, que tinha saído da Lotus, e Mario Andretti para pilotar um dos seus carros a partir de 1972.
Os dois anos seguintes foram algo penosos para a equipa Parnelli onde apesar de construirem bons chassis, não eram suficientemente vencedores. Contudo, em 1974, Andretti tenta persuadir Jones e Miletich para construir um projecto para as suas amibições de Formula 1. Com a ajuda de Philippe, constroem o VPJ4, inspirado essencialmente no Lotus 72.
O projecto vai para a frente com a ajuda da Firestone, o fabricante americano de pneus, providenciado por Miletich, e a equipa marca a sua estreia nas rondas americanas de 1974. Contudo, os testes iniciais estavam a ser desastrosos, quando se descobriu que Andretti era mais lento que alguns carros de... Formula 5000! Contudo, decidiu-se modificar o carro, alterando a geometria da suspensão, colocando barras mais duras, com a ajuda externa de um jovem engenheiro chamado John Barnard. No GP do Canadá, em Mosport, o carro estava pronto para estrear, ao mesmo tempo que outra marca americana, a Penske, que decide arrancar da reforma Mark Donahue, amigo pessoal de Roger Penske.
O carro porta-se bem nos treinos, colocando-se a meio da tabela, e Andretti chegou ao fim no sétimo lugar, à porta dos pontos. Na corrida seguinte, em Watkins Glen, surpreende muita gente ao ser terceiro na grelha de partida, a meros 231 centésimos da pole-position. Contudo no dia seguinte, o carro tem problemas eléctricos, o que associado a ajuda externa para empurrar o carro, lhe valeu a desclassificação da corrida.
Estes resultados foram os suficientes para que a Parnelli arrancasse para uma temporada completa em 1975. Mas no inicio do ano, uma contrariedade perturba os seus planos: a Firestone decide abandonar o projecto após o GP da Argentina, deixando-os sem grandes alternativas. Mudaram rapidamente para a Goodyear, e o carro lutava no meio da tabela por lugares meritórios.
Pouco depois, o carro recebe uma nova entrada de ar e o desempenho melhora rapidamente. Após ter sido de novo sétimo em Interlagos, Andretti e a Parnelli participam no International Trophy de Silverstone, onde acabam num meritório terceiro lugar. E na corrida seguinte, no circuito catalão de Montjuich, Andretti brilha. Com um carro que funcionava bem nos circuitos de rua, mais irregulares para a suspensão suave que tinha, Andretti coloca o seu carro no quarto lugar da grelha e aproveita o caos que tinha sido o fim de semana catalão, onde alguns pilotos ameaçaram abandonar a corrida devido ás péssimas condições de segurança.
Na partida, Andretti se vê na confusão entre os carros da Ferrari, que abandonam, e o March de Vittorio Brambilla, mas consegue aguentar e continuar na segunda posição, atrás do Hesketh de James Hunt. Quando este abandona por despiste, Andretti torna-se no primeiro americano a liderar uma corrida num carro americano desde 1967, e o seu ritmo era grande, o suficiente para ganhar vantagem sobre a concorrência.
Contudo, na volta 16, a suspensão cede (provavelmente devido ao choque inicial com Brambilla) e bate no muro de protecção. Mas foi o sificiente para marcar a volta mais rápida, e essa foi uma corrida onde tudo aconteceu, acabando na volta 29 com um acidente ainda mais forte, quando a asa traseira do Hill de Rolf Stommelen cedeu e voou sobre uma área de espectadores, matando cinco deles.
Depois do carro ter sido modificado para correr em Indianápolis, voltou à competição no GP da Suécia, onde Andretti andou bem e terminou no quarto lugar, dando à equipa os seus primeiros pontos. Não corre na Holanda devido aos seus compromissos nos Estados Unidos, mas volta para o GP de França, onde termina a corrida no quinto lugar, conseguindo mais dois pontos. Era uma boa temporada para a equipa, mas Parnelli e Miletich não estavam com o espírito virado para a Formula 1, tanto mais que já não permitiram mais testes com o carro, pois lutavam para ser competitivos na USAC e na Formula 5000. Aliás, a partir desta altura, quem aguentava o projecto era Andretti e quando os testes foram proibidos, o desempenho do carro degradou-se.
Contudo, no final de 1975, deram mais uma chance e em Watkins Glen, Andretti começou a corrida da quinta posição, mas uma falha na suspensão na nona volta causou um fim permaturo no fim de semana de corridas. no final, a temporada até tinha sido boa para uma estreante, mas Parnelli e Miletich não tinham grande atenção em relação à Formula 1, pois era na América onde tinham feito nome. Essencialmente, este projecto era para as ambições de Andretti, que não era americano de nescimento, que queria marcar o seu nome na Formula 1. Contudo, avançaram para mais uma temporada, em 1976, com uma versão B do VPJ4.
A Parnelli não se inscreveu para a primeira corrida da temporada, no Brasil, mas apareceram na prova seguinte, na Africa do Sul. O carro portou-se bem e acabou a corrida na sexta posição, ganhando mais um ponto. Alinhou na prova seguinte, em Long Beach, mas no momento em que Andretti sentava no carro, um jornalista o abordou acerca do final do projecto, algo que ele... não sabia. A noticia foi recebida com choque, pois ele deixou o motor ir abaixo no momento da partida. Lá largou, mas no final só deu para 15 voltas, pois uma fuga de água ditou o abandono.
Com o final dessa corrida, Andretti e Parnelli foram cada um para o seu lado, com o americano a aceitar imediatamente um convite de Colin Chapman para substituir Ronnie Peterson na Lotus, e prosseguir a sua aventura na Formula 1 que lhe deu, duas temporadas mais tarde, o seu tão ansiado título mundial. Quanto a Parnelli, continuaram a marcar nome nos Estados Unidos durante o resto dos anos 70 e 80, especialmente quando desenvolveram um motor Cosworth Turbo, predecessor do Cosworth DFX, desenvolvido pela preparadora principal, com enorme sucesso na CART.
Ficha Técnica:
Chassis: Parnelli VPJ4
Projectista: Maurice Philippe
Motor: Cosworth V8 de 3 litros
Piloto: Mario Andretti
Corridas: 16
Vitórias: 0
Pole-Positions: 0
Voltas mais Rápidas: 1 (Andretti 1)
Pontos: 6 (Andretti 6)
Fontes:
http://en.wikipedia.org/wiki/Vel%E2%80%99s_Parnelli_Jones_Racing
http://www.f1rejects.com/teams/parnelli/profile.html
Rufus Parnell "Parnelli" Jones é um dos melhores pilotos da sua geração. Nascido a 12 de Agosto de 1933 no Arkansas, começou a sua carreira nos "dirt tracks" na sua adolescência antes de passar para as pistas. Em 1961 foi o "Rookie do Ano" nas 500 Milhas de Indianápolis e dois anos depois, venceu a prova, depois de ter feito a "pole-position". Em 1967, tentou a sua sorte num carro a turbina, ideia de Andy Granatelli, o homem por detrás da STP Oil Treatment, que colocou uma turbina construida pela Pratt & Whitney. Dominou a corrida, mas perdeu-a a puocas voltas do fim, com a transmissão partida. Para além destes feitos em Indianápolis, foi tricampeão da USAC Sprint Car Series.
Em 1968, Parnelli Jones deixa de lado as pistas e começa a sua sorte como construtor. Conhece Velco "Vel" Miletich, um homem de negócios a trabalhar para a Firestone e antigo jogador de futebol americano, e establecem-se em Torrance, na California, contratando elementos experientes para a sua equipa. E cedo dá frutos: com Al Unser e um chassis Lola, vencem as 500 Milhas de Indianápolis de 1970. No ano seguinte, ganham o campeonato USAC, com Joe Leonard, e começam a construir o seus próprios chassis. Para isso, contratam os serviços de Maurice Philippe, que tinha saído da Lotus, e Mario Andretti para pilotar um dos seus carros a partir de 1972.
Os dois anos seguintes foram algo penosos para a equipa Parnelli onde apesar de construirem bons chassis, não eram suficientemente vencedores. Contudo, em 1974, Andretti tenta persuadir Jones e Miletich para construir um projecto para as suas amibições de Formula 1. Com a ajuda de Philippe, constroem o VPJ4, inspirado essencialmente no Lotus 72.
O projecto vai para a frente com a ajuda da Firestone, o fabricante americano de pneus, providenciado por Miletich, e a equipa marca a sua estreia nas rondas americanas de 1974. Contudo, os testes iniciais estavam a ser desastrosos, quando se descobriu que Andretti era mais lento que alguns carros de... Formula 5000! Contudo, decidiu-se modificar o carro, alterando a geometria da suspensão, colocando barras mais duras, com a ajuda externa de um jovem engenheiro chamado John Barnard. No GP do Canadá, em Mosport, o carro estava pronto para estrear, ao mesmo tempo que outra marca americana, a Penske, que decide arrancar da reforma Mark Donahue, amigo pessoal de Roger Penske.
O carro porta-se bem nos treinos, colocando-se a meio da tabela, e Andretti chegou ao fim no sétimo lugar, à porta dos pontos. Na corrida seguinte, em Watkins Glen, surpreende muita gente ao ser terceiro na grelha de partida, a meros 231 centésimos da pole-position. Contudo no dia seguinte, o carro tem problemas eléctricos, o que associado a ajuda externa para empurrar o carro, lhe valeu a desclassificação da corrida.
Estes resultados foram os suficientes para que a Parnelli arrancasse para uma temporada completa em 1975. Mas no inicio do ano, uma contrariedade perturba os seus planos: a Firestone decide abandonar o projecto após o GP da Argentina, deixando-os sem grandes alternativas. Mudaram rapidamente para a Goodyear, e o carro lutava no meio da tabela por lugares meritórios.
Pouco depois, o carro recebe uma nova entrada de ar e o desempenho melhora rapidamente. Após ter sido de novo sétimo em Interlagos, Andretti e a Parnelli participam no International Trophy de Silverstone, onde acabam num meritório terceiro lugar. E na corrida seguinte, no circuito catalão de Montjuich, Andretti brilha. Com um carro que funcionava bem nos circuitos de rua, mais irregulares para a suspensão suave que tinha, Andretti coloca o seu carro no quarto lugar da grelha e aproveita o caos que tinha sido o fim de semana catalão, onde alguns pilotos ameaçaram abandonar a corrida devido ás péssimas condições de segurança.
Na partida, Andretti se vê na confusão entre os carros da Ferrari, que abandonam, e o March de Vittorio Brambilla, mas consegue aguentar e continuar na segunda posição, atrás do Hesketh de James Hunt. Quando este abandona por despiste, Andretti torna-se no primeiro americano a liderar uma corrida num carro americano desde 1967, e o seu ritmo era grande, o suficiente para ganhar vantagem sobre a concorrência.
Contudo, na volta 16, a suspensão cede (provavelmente devido ao choque inicial com Brambilla) e bate no muro de protecção. Mas foi o sificiente para marcar a volta mais rápida, e essa foi uma corrida onde tudo aconteceu, acabando na volta 29 com um acidente ainda mais forte, quando a asa traseira do Hill de Rolf Stommelen cedeu e voou sobre uma área de espectadores, matando cinco deles.
Depois do carro ter sido modificado para correr em Indianápolis, voltou à competição no GP da Suécia, onde Andretti andou bem e terminou no quarto lugar, dando à equipa os seus primeiros pontos. Não corre na Holanda devido aos seus compromissos nos Estados Unidos, mas volta para o GP de França, onde termina a corrida no quinto lugar, conseguindo mais dois pontos. Era uma boa temporada para a equipa, mas Parnelli e Miletich não estavam com o espírito virado para a Formula 1, tanto mais que já não permitiram mais testes com o carro, pois lutavam para ser competitivos na USAC e na Formula 5000. Aliás, a partir desta altura, quem aguentava o projecto era Andretti e quando os testes foram proibidos, o desempenho do carro degradou-se.
Contudo, no final de 1975, deram mais uma chance e em Watkins Glen, Andretti começou a corrida da quinta posição, mas uma falha na suspensão na nona volta causou um fim permaturo no fim de semana de corridas. no final, a temporada até tinha sido boa para uma estreante, mas Parnelli e Miletich não tinham grande atenção em relação à Formula 1, pois era na América onde tinham feito nome. Essencialmente, este projecto era para as ambições de Andretti, que não era americano de nescimento, que queria marcar o seu nome na Formula 1. Contudo, avançaram para mais uma temporada, em 1976, com uma versão B do VPJ4.
A Parnelli não se inscreveu para a primeira corrida da temporada, no Brasil, mas apareceram na prova seguinte, na Africa do Sul. O carro portou-se bem e acabou a corrida na sexta posição, ganhando mais um ponto. Alinhou na prova seguinte, em Long Beach, mas no momento em que Andretti sentava no carro, um jornalista o abordou acerca do final do projecto, algo que ele... não sabia. A noticia foi recebida com choque, pois ele deixou o motor ir abaixo no momento da partida. Lá largou, mas no final só deu para 15 voltas, pois uma fuga de água ditou o abandono.
Com o final dessa corrida, Andretti e Parnelli foram cada um para o seu lado, com o americano a aceitar imediatamente um convite de Colin Chapman para substituir Ronnie Peterson na Lotus, e prosseguir a sua aventura na Formula 1 que lhe deu, duas temporadas mais tarde, o seu tão ansiado título mundial. Quanto a Parnelli, continuaram a marcar nome nos Estados Unidos durante o resto dos anos 70 e 80, especialmente quando desenvolveram um motor Cosworth Turbo, predecessor do Cosworth DFX, desenvolvido pela preparadora principal, com enorme sucesso na CART.
Ficha Técnica:
Chassis: Parnelli VPJ4
Projectista: Maurice Philippe
Motor: Cosworth V8 de 3 litros
Piloto: Mario Andretti
Corridas: 16
Vitórias: 0
Pole-Positions: 0
Voltas mais Rápidas: 1 (Andretti 1)
Pontos: 6 (Andretti 6)
Fontes:
http://en.wikipedia.org/wiki/Vel%E2%80%99s_Parnelli_Jones_Racing
http://www.f1rejects.com/teams/parnelli/profile.html
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