segunda-feira, 1 de março de 2010

O piloto do dia - Mario Andretti (2ª parte)

(continuação do capitulo anterior)

Desde 1972 que Mario Andretti corre pela equipa de Parnelli Jones, quer na USAC, quer na Formula 5000, e quando ele lhe diz acerca dos seus planos de correr na Europa, Parnelli arranja o apoio da Firestone para a aventura da Formula 1. Com um carro projectado por Maurice Philippe, que ajudou a desenhar o Lotus 72, Andretti participa nas duas últimas provas de 1974, fazendo alguns resultados prometedores, especialmente em Watkins Glen.

O projecto continua no ano seguinte, conseguindo cinco pontos no total, mas a perda de apoio por parte da Firestone, aliado à falta de vontade por parte de Parnelli em continuar a aventura na Formula 1, faz com que após algumas corridas no inicio de 1976, onde consegue ainda um ponto, o projecto seja abandonado após a corrida de Long Beach.

Contudo, por essa altura, Colin Chapman volta a chamá-lo. A Lotus estava na mó de baixo após o falhanço do projecto da Lotus 76 e tinha desenhado um novo carro, o Lotus 77, com o objectivo de explorar um novo conceito, o efeito-solo. O carro não era melhor, e isso foi a causa do abandono imtempestivo de Ronnie Peterson da equipa após o GP do Brasil, mas havia potencial e Andretti ainda tinha o sonho de fazer carreira na Formula 1. Tinha alinhado no GP do Brasil, enquanto que o Parnelli não estava pronto, e voltara à equipa para a quarta prova do campeonato, no circuito espanhol de Jarama.

Andretti tinha classificado o Lotus 77 como "um dos piores que jamais pilotei", mas a sua capacidade de teste fez com que ao longo da temporada, os resultados colectivos melhorassem. com a ajuda do seu companheiro, o sueco Gunnar Nilsson, no final da época, Andretti já rolava entre os pilotos da frente. Conseguiu dois pódios na Holanda e no Canadá, e no Japão, conseguiu a "pole-position" e venceu a chuvosa corrida do Monte Fuji, onde viu Niki Lauda desistir e James Hunt ser coroado campeão do mundo.

As coisas melhoram em 1977 quando aparece o Lotus 78, que desenvolve melhor o seu conceito de "efeito-solo". O carro torna-se excelente e dá a Andretti quatro vitórias e o terceiro lugar no campeonato do Mundo, mais sete pole-positions e quatro voltas mais rápidas. Contudo, podia ser rápido, mas era pouco consistente, logo, não pôde lutar devidamente pelo título mundial. Algo que não iria acontecer em 1978.

Nesse ano, Colin Chapman apresenta o Lotus 79, o carro que leva á perfeição toda a engenharia do efeito-solo. Torna-se num carro vencedor, apesar de só se estrear na sexta prova do campeonato, em Zolder. Antes, ainda leva o modelo 78 à vitória na Argentina, a primeira prova do campeonato.

Por esta altura, Andretti tinha um novo companheiro de equipa, Ronnie Peterson. Regressado à Lotus depois de duas épocas frustrantes na March e na Tyrrell, era suficientemente rápido para perturbar o americano, mas Colin Chapman decidiu que desta vez, iria haver uma hierarquia, a favorecê-lo. Apesar de tudo, tinha de se esforçar para andar a um ritmo superior a Peterson, para que ninguém dissese que o sueco era propositadamente lento. Apesar de tudo, ambos eram bons amigos.

Quando experimenta pela primeira vez o modelo 79, o facto de trabalhar tão bem em pista levou-o a afirmar que "parecia estar pintado no solo". Andretti ganhou em cinco corridas: Belgica, Espanha, França, Alemanha e Holanda, quase sempre em dobradinha com Peterson. Após mais uma dobradinha no GP da Holanda, toda a gente sabia que ele era o virtual campeão, pois o segundo classificado era Peterson, e este não o iria atacar. O título ficava em casa.

Mas para Andretti comemorar, tinha de pontuar na prova seguinte, em Itália. No circuito onde viu a Formula 1 pela primeira vez com o seu irmão Aldo, iria se consagrar como campeão do mundo pela pátria que adoptou, os Estados Unidos. Fez a pole-position, mas a festa transformou-se em pesadelo, quando na primeira partida, uma gigantesca carambola atira o seu companheiro Peterson para o hospital, com ferimentios graves nas pernas. Julgando que estes não eram tão graves como parecia, voltou à corrida e passou a duelar com o Ferrari de Gilles Villeneuve. contudo, ambos tinham feito falsa patida, logo, foram penalizados em um minuto. Contudo, foi o suficiente para conseguir o sexto lugar, e ser coroado campeão do Mundo.

Mas no dia seguinte, os festejos, já de si amenos, tornaram-se jum pesadelo quando Peterson morre, vitima de uma embolia. No final do ano, comemora o título com 64 pontos.

No ano seguinte, a Lotus estreia o modelo 80, que leva o efeito-solo ao limite, fazendo uma verdadeira asa invertida. Contudo, o carro é ineficaz, apesar de lhe dar o seu melhor resultado do ano, um terceiro lugar em Jarama. Após algumas corridas, voltam ao Lotus 79, mas este já era um carro ultrapassado. No final do ano, consegue apenas 14 pontos e o 12º lugar da geral. As coisas focam piores em 1980, quando é suplantado pelo seu companheiro, o italiano Elio de Angelis, dezoito anos mais novo do que ele, e não tão agressivo, mas com melhores resultados. Só pontua em Watkins Glen, num sexto lugar, e aos 40 anos, era altura de tentar outras paragens.

No final de 1980, fica tentado com um convite da Alfa Romeo, que precisa de alguém que saiba testar e desenvolver um carro problemático como o N179. Andretti aceita e logo na sua corrida inaugural, em Long Beach, consegue um quarto lugar. Mas esse foi o unico resultado de relevo no ano, e Andretti pensa em abandonar a Formula 1 e regressar a tempo inteiro aos Estados Unidos.

Durante este período na Formula 1, Andretti sempre fazia questão de correr o fim de semana da Indy 500, e em 1981 consegue ser segundo classificado na corrida. E durante algum tempo foi até considerado como o vencedor, pois os comissários tinham penalizado Bobby Unser, que tinha cortado a meta em primeiro, porque tinha ultrapassado sob bandeiras amarelas. Alguns meses depois, Unser e o seu patrão, Roger Penske, recorreram e ganharam.

Em 1982, Andretti tinha mudado de armas de bagagens para os Estados Unidos, cuja principal série era corrida desde 1979 sob os auspícios da CART (Championship Auto Racing Teams). Nessa altura, Andretti corria em algumas provas pela Penske, tendo conseguido umma vitória em 1980, mas em 1981 tinha assinado pela Patrick Racing e em 1982 voltara a tempo inteiro, acumulando vários pódios, mas sem vitórias. Mesmo assim, essa regularidade tinha-lhe dado o terceiro lugar no campeonato.

Mesmo assim, a Formula 1 ainda se lembrava dele. Na Williams, após a saída de Carlos Reutmann, Frank Williams pede a Andretti para que corra num dos seus carros em Long Beach. Andretti aceita, mas o seu desempenho é modesto até abandonar. Williams pede para que corra com ele o resto da época, mas ele não aceita. contudo, alguns meses mais tarde, aceita voltar a sentar-se num volante de Formula 1. A pedido de Enzo Ferrari.

Numa época desastrosa para a Scuderia, que perdera Gilles Villeneuve e Didier Pironi devido a acidentes, Andretti aceita correr para a marca nas duas últimas provas. em Monza e Las Vegas. Ao volante de um Ferrari Turbo, algo que nunca gostou muito de guiar, consegue a "pole-position", um feito que fez extasiar os italianos e impressionar Andretti, agora com 42 anos. Na corrida, chegou no terceiro lugar, conseguindo os unicos pontos do ano, pois na corrida seguinte, em Las Vegas, não chegaria ao fim. E assim fechou a porta da sua passagem pela Formula 1, conseguindo tudo o que queria: ser campeão e correr na sua equipa do coração, a Ferrari.

A sua carreira na Formula 1: 128 Grandes Prémios, em 14 temporadas (1968-72, 1974-82), doze vitórias, 18 pole-positions, 19 pódios, dez voltas mais rápidas, 180 pontos no total. Campeão do Mundo de Pilotos de 1978.

(amanhã, a última parte)

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