terça-feira, 2 de março de 2010

O piloto do dia - Mario Andretti (3ª e última parte)

(continuação do capitulo anterior)

Com a Formula 1 para trás das costas, Mario Andretti concentrou-se na CART. Correu em 1982 pela Patrick, mas no inicio do ano seguinte, era piloto de uma nova equipa que surgia no panorama americano: a Newman-Haas. Constituida por Carl Haas e pelo actor e entusiasta do automobilismo, Paul Newman, ambos tinham em comum o facto de gostarem de Andretti e de o ter nas suas fileiras, pois Newman e Haas não morriam de amores um por outro. Mas este era o inicio de uma aliança que existe até aos dias de hoje, e seria a equipa onde Mario Andretti iria passar o resto da sua carreira automobilistica. Em 1983, Andretti vence duas corridas e termina na terceira posição no campeonato.

Por esta altura, o seu filho Michael Andretti já se tornava num piloto de primeira linha, uma das esperanças americanas no automobilismo e digno sucessor do pai. Nesse ano, Mario e Michael alinharam juntos nas 24 Horas de Le Mans, a bordo de um modelo Porsche 956, com o francês Philippe Alliot, e terminaram a corrida no terceiro lugar.

Em 1984, a temporada corre melhor para Mario. Ganha na primeira prova da temporada, em Long Beach, e mais cinco corridas, entre os quais Road America, Meadowlands, e termina o ano com 196 pontos e o título da CART. Aos 44 anos de idade!

Durante o resto da década, mantêm-se competitivo, vencendo corridas e mantendo-se constante no pelotão da CART, mesmo contra nomes como Scott Goodyear, Danny Sullivan, Al Unser Jr., Rick Mears, Emerson Fittipaldi, o seu filho Michael, Arie Luyendyk, Teo Fabi e outros, naquilo que foi a fina flor do automobilismo americano.

Mesmo perto dos 50 anos, ainda perseguia uma nova vitória nas 500 Milhas de Indianápolis. Em 1985 esteve lá perto, quando foi segundo, batido apenas por Danny Sullivan, que se tinha despistado à sua frente a meio da corrida, perdendo tempo, mas não batendo no muro de protecção. Em 1987, Andretti dominou quer os treinos, quer a corrida até à volta 179, quando desistiu com um motor partido. "Mario is slowing" tornou-se num dos mais famosos bordões de Indianápolis.

Em 1989, a Newman-Haas contrata o seu filho Michael para companheiro de equipa, fazendo com que acontecesse algo inédito: pai e filho corriam juntos pela mesma equipa. A dupla era imbatível e em 1991, Michael torna-se campeão da CART, no mesmo ano que outro dos seus filhos, Jeff Andretti, também se estreasse na CART, sendo o "Rookie do Ano". Outro parente, John Andretti, venceu a corrida de abertura, em Surfers Paradise e terminou o ano na sétima posição do campeonato, imediatamente atrás do tio.

O título de Michael, em 1991, foi o suficiente para Mario começasse a procurar uma vaga para que o seu filho pudesse fazer a mesma coisa do que ele: andar na Formula 1. Foi algo que consegue em 1993, ao serviço da McLaren e ao lado do tri-campeão do mundo, o brasileiro Ayrton Senna. Contudo, contra um opositor de calibre, a temporada foi um fracasso e conseguiu apenas seis pontos e um pódio. Curiosamente, este foi em Monza, a terra natal do seu pai...

Por esta altura, e apesar de se sentir em forma e de vencer algumas corridas, o ocaso da carreira de Andretti estava a chegar. No inicio de 1994 decidiu que esta seria a sua última temporada. Não tinha sido uma decisão fácil, mas havia motivos, para além da idade: um acidente sério nos treinos para as 500 Milhas de Indianápolis de 1992, onde partiu ambos os tornozelos, e a convivência difícil com Nigel Mansell, seu companheiro na Lotus em 1980, como terceiro piloto, precipitaram a sua decisão. Não foi uma temporada para recordar, mas teve uma despedida digna.

Passada a vida activa na CART, tentou de novo o velho sonho de Le Mans. Em 1995, juntamente com o seu filho Michael, terminaram a corrida no segundo lugar da classificação, a melhor de sempre. Tentou sempre a sua sorte até 2000, data da sua última passagem pela maior prova de Endurance.

Entretanto, ficava perto do seu filho Michael na sua equipa Andretti Racing, e no inicio de 2003, surpreendeu tudo e todos ao ser escolhido como piloto de testes nas 500 Milhas de Indianápolis, no carro do brasileiro Tony Kanaan. Andretti até se portou bem até aos dia 24 de Maio desse ano, quando ia na recta oposta, atrás do carro do sueco Kenny Brack. Uma peça do carro de Brack soltou-se, passando por cima do carro de Andretti, catapultando-o e dando várias piruetas no ar. Por sorte, esta caiu com as quatro rodas no chão e Andretti saiu ileso. Mas esta tinha sido a sua última vez em Indianápolis.

Resta a ele gozar a reforma e a receber os galardões que merece, na pátria que adoptou. Em 2000 foi eleito o Piloto do Século nos Estados Unidos e faz parte do International Motorsports Hall of Fame, o National Sprint Car Hall of Fame e o Motorsports Hall of Fame of America. Seis anos depois, foi a vez da Itália o concecorar, ao conceder-lhe o "Commendatore dell'Ordine dall Merito della Republica Italiana". Tal como Enzo Ferrari, agora Mario Andretti pode ser tratado como... Commendatore.

E nesse ano surgiu a terceira geração do clã Andretti. Então com 19 anos de idade, Marco Andretti participou na IRL pela equipa do pai, onde termina a corrida no terceiro posto, tornando-se "Rookie do Ano", título ganho pelo seu pai e seu avô. Marco Andretti é visto como um valor de futuro, e claro, a ideia de seguir os passos do avô e do pai na Formula 1 não deve fugir de algumas pessoas... pelo menos, já testou com um carro desses.

Fora das pistas, Mario Andretti tem os seus hobbys, que vão desde ser co-proprietário de uma vinha na Napa Valley californiana, até testar carros para as revistas "Car and Driver" e "Road & Track". Em suma, com 70 anos, Andretti goza a reforma de um campeão.

Fontes:

http://www.andretti.com
http://www.marioandretti.com
http://en.wikipedia.org/wiki/Mario_Andretti
http://www.grandprix.com/gpe/drv-andmar.html
http://jcspeedway.blogspot.com/2010/02/super-mario.html

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