Por estes dias, encontrei algumas coisas interessantes. Conheci o arquivo digital da revista brasileira Quatro Rodas, que comemora 50 anos em 2010, e li algumas das suas edições. Detive-me numa, a de novembro de 1973, onde li a espantosa noticia de que em 1976 haveria a possibilidade da instalação... de uma fábrica da Peugeot no Brasil. De facto, houve uma fábrica a ser instalada nesse ano, mas foi o da Fiat...
Sobre a Quatro rodas, falarei com mais calma daqui a uns tempos. Este post tem a ver com a foto que o ilustra. De quando em quando, o Arquivo Cahier lança umas fotos ao público, dado que ao longo de quase sessenta anos, Bernard Cahier e o seu filho, Paul-Henri Cahier, tiraram dezenas de milhares de fotografias dos principais eventos automobilisticos da segunda metade do século XX. Formula 1, Le Mans, Interseries, Sebring, Daytona... é realmente um arquivo imperdível.
Por estes dias vi estas fotos. É Pedro Lamy, no seu Lotus, momentos após o seu choque com o Benetton-Ford de J.J. Letho, naquele fatídico 1 de Maio de 1994. Não vou recordar uma história que, para imensa gente, parece que aconteceu ontem ou na semana passada. Todos a conhecem e se alguém a esqueceu, aconselho a procurar os posts ou os sites onde se escreveu todos aqueles eventos daquele autódromo italiano, naquela já distante dia de Primavera de 1994.
O que olho nelas é ainda um "memento", os instantes a seguir ao choque que sentiu após colidir a 180 km/hora na traseira do Benetton parado no meio da pista. A seguir, aparecerá o Safety Car que irá neutralizar a corrida nas sesis voltas seguintes. Foi a segunda vez que tal coisa foi usada desde a sua introdução, em 1993. Mas quando aquela foto foi tirada, Lamy era um promissor piloto vindo de um país sem quaisquer tradições automobilisticas, e que teve a sua chance após o acidente de outro piloto, o italiano Alex Zanardi, em Spa-Francochamps. Ele pilotava um chassis Lotus, que estava a começar o seu final atribulado.
Estas fotos são um simbolo daquele "annus horribilis". Para a Formula 1 em geral, para a Lotus e para o próprio Lamy. Se algué costuma dizer que temos sete vidas, pode-se dizer que ele deve ter gasto aqui seis. Dali a três semanas, iria ter um acidente grave em Silverstone, no qual por muito pouco não se juntaria a Chris Bristow, Alan Stacey, Jim Clark, Mike Spence, Jochen Rindt e Ronnie Peterson na lista dos pilotos falecidos ao serviço da marca de Colin Chapman. Quebrou ambas as pernas e ficou ano e meio em fisioterapia até voltar à Formula 1, ao serviço da Minardi.
Quanto à Lotus, era só o começo dos problemas. Tinha motores Mugen-Honda, mas um chassis ultrapassado. Depois do acidente de Lamy, Zanardi voltou, mas teve de se ausentar devido ao dinheiro que acabava na equipa. Tiveram de alugar o seu lugar para um amador belga, Philippe Adams, depois a Eric Bernard e depois deram a primeira oportunidade a um finlandês mediano que se tinha exilado no Japão. O seu nome era Mika Salo. No final do GP da Australia, a Lotus corria ali pela última vez, somente para aparecer dezasseis anos mais tarde.
Amanhã tenciono meter por aqui mais umas fotos de Imola 1994.
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