A Formula 1 chegava a Interlagos com a ideia de que era um duelo entre a Red Bull e Fernando Alonso, com os McLaren a observar à distância. Os eventos de ontem, desde a chuva que caiu na qualificação até à inesperada pole-position de Nico Hulkenberg, no seu Williams, pareciam ser muito distantes, com um tempo absolutamente limpo e o asfalto quente e seco. E ver Hulkenberg na primeira posição da grelha de partida parecia ser algo completamente irreal, completamente deslocado de uma disputa pelo título entre os Red Bull que decidiram não escolher quem seria o candidato numero um, e um Fernando Alonso que tem a Ferrari a trabalhar para si.
E depois da demonstração de Emerson Fittipaldi no seu Lotus 72 em pista, para comemorar os 40 anos da sua primeira vitória de um brasileiro na Formula 1, era a vez do momento da partida. Quando isso aconteceu, os Red Bull de Sebastien Vettel e Mark Webber conseguiram livrar-se facilmente do "poleman" Hulkenberg, mas Fernando Alonso teve de esperar até à sétima volta para conseguir passar o Williams do alemão. Depois, era a vez de Lewis Hamilton de tentar passar Hulkenberg, mas as dificuldades foram maiores do que acontecera aos três primeiros. E na frente, Vettel abria uma vantagem para o seu companheiro.
Depois, começou o calvário dos pneus. Logo na segunda volta, Felipe Massa ficou com problemas na roda frente direita e ficou no fundo do pelotão, o primeiro dos muitos que o piloto da Ferrari teve, antes de acabar num apagado 16º posto. Aliás, este foi uma tarde infernal para os brasileiros, com Rubens Barrichello a deitar fora as hipóteses de um bom resultado devido a um pneu furado após uma ultrapassagem ao Toro Rosso de Sebastien Buemi. Mesmo assim foi o melhor dos brasileiros, acabando... no 14º lugar.
Com o meio da corrida, as posições já estavam definidas e a corrida ficou algo aborrecida. Os Red Bull tinham os dois primeiros lugares, caminhando para conseguir o título de Construtores, com Alonso no terceiro posto, já distante dos dois McLarens. E as coisas andavam assim até à volta 51, quando o Force India de Vitantonio Liuzzi bateu forte no S de Senna, provocando a entrada do Safety Car. Nas quatro voltas seguintes, toda a gente ficou atrás do carro guiado por Bernd Mylander, e quando tudo voltou ao normal, os Red Bull foram para a frente, com Sebastien Vettel sempre na frente e Mark Webber no segundo lugar, sem que os dois se aproximarem, e sem que os dois fossem apanhados por Fernando Alonso.
A expectativa era saber se havia trocas entre os pilotos, pois sabia-se que caso Webber estivesse fosse vencedor, ficaria a apenas um ponto de Fernando Alonso. Mas Christian Horner decidiu que ali não haveria ordens de equipa, como acontecia na Ferrari, e Sebastien Vettel rumou à vitória, a sua quarta do ano, e Mark Webber acabou no segundo lugar, ambos à frente de Fernando Alonso. Mas se as coisas resultaram que Fernando Alonso fique ainda numa posição favorável para conquistar o tricampeonato, no caso dos Construtores, está tudo resolvido: a Red Bull conseguiu e mereceu ganhar o título.
Pelo menos por ali, a equipa acabou vencedora em 2010. O chassis feito por Adrian Newey foi o melhor do ano e só não resolveu o título de Pilotos por causa das confusões entre si. Pela primeira vez em seis anos, o campeonato não se decide em Interlagos, mas em compensação, a disputa do título está semelhante às disputas pelo titulo de 1981, 1986 e 2007: três candidatos ao campeonato. Resta saber como será o final desta história, dentro de sete dias, em mais um campeonato acabado em Abu Dhabi.
2 comentários:
Só uma correção: em 2007 também haviam três concorrentes ao título. Raikkonen, Hamilton e Alonso.
Uma pequena correção, Hamilton ainda tem chances, então são 4 na teoria.
Fico feliz que não tenha chamado o comando da Red Bull de burro ou algo do gênero.
O que mais vi hoje foram pessoas insultando a inteligência de Horner, Marko e Mateschitz. Curiosamente, boa parte desses repudiaram a atitude da Ferrari em Hockenheim.
Não há como confundí-lo, Speeder, neste mar de hipócritas.
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