Quinze dias depois do agitado GP britânico, em Brands Hatch, o pelotão da Formula 1 chegava ao circuito de Hockenheim para disputar o GP da Alemanha. Na Ligier, sem Jacques Laffite, a recuperar das fraturas em ambas as pernas, Guy Ligier resolveu contratar outro francês para a equipa, Philippe Alliot. Na Lotus, a equipa anunciava que a partir da temporada de 1987 iria ter motores Honda e que o novo companheiro de Ayrton Senna iria ser o japonês Satoru Nakajima, o primeiro do seu pais a fazer uma temporada completa na categoria máxima do automobilismo, depois dos exemplos pontuais nos anos 70.
Para além disso, a Arrows iria por fim estrear o seu modelo A9, com motor BMW, do qual o alemão Christian Danner e o belga Thierry Boutsen iriam ver se conseguiriam melhorar as suas performances nessa temporada, que estavam a ser pobres. E na McLaren, Keke Rosberg e Alain Prost iriam beneficiar da mais recente evolução do motor TAG-Porsche.
E as coisas correram-lhes bem na qualificação, com Rosberg a surpreender Alain Prost para ficar com a pole-position. O piloto francês não teve hipótese senão ficar com o segundo lugar, monopolizando a primeira fila para a McLaren. Ayrton Senna, no seu Lotus-Renault, era o terceiro, seguido do Benetton-BMW de Gerhard Berger. Nelson Piquet era o melhor dos Williams-Honda, no quinto lugar, seguido pelo seu companheiro de equipa Nigel Mansell. Riccardo Patrese era sétimo, no seu Brabham-BMW, na frente do Ligier-Renault de René Arnoux. A fechar o "top ten estavam dois italianos: o Benetton de Teo Fabi e o Ferrari de Michele Alboreto.
Rosberg, o "poleman" aproveitou a ocasição para fazer um anuncio algo surpreendente: que no final daquela temporada iria abandonar a Formula 1, após oito temporadas e um título de campeão mundial. E que nas provas que faltavam até ao fim, iria aproveitar o melhor que podia.
E foi o que fez na partida: manteve a liderança do Lotus de Ayrton Senna e do Benetton de Gerhard Berger, que foi depois ultrapassado pelo Williams de Nelson Piquet, que depois foi atrás de Senna até o passar. Mais atrás, o companheiro de Berger na Benetton, Teo Fabi, não foi mais além do que algumas centenas de metros, vitima de um embate com o Ferrari de Stefan Johansson. A tarde do italiano acaba ali, mas o sueco continua. A tarde da equipa anglo-italiana piorou quando Berger parou na quinta volta devido a problemas de motor. Prosseguiu adiante, mas iria acabar a duas voltas dos lideres.
Na frente, Piquet já era segundo e partia em perseguição de Rosberg. Na volta seis já estava no comando, mas essa rapidez explicava-se devido ao fato de estar com duas paragens, em vez da uma paragem que a concorrência tinha. Mais atrás, o seu companheiro Mansell estava a debater-se com o mau desempenho da direção dos seus Williams, e só se mantinha nos lugares pontuáveis porque o Ferrari de Michele Alboreto tivera um problema na transmissão e desistira.
Cedo Piquet foi às boxes e perdeu o primeiro posto para os McLaren, mas cedo os ultrapassou, e após a segunda paragem, os seus pneus estavam frescos o suficiente para ficar de novo com o primeiro lugar, e assim voar até à meta, no lugar mais alto do pódio, com o McLaren de Rosberg logo atrás. Mas o "golpe de teatro" estava reservado para a última volta, quando a gasolina terminou em quase todos os carros da frente. Primeiro, Piquet sacode o carro antes de chegar a meta, e o mesmo faz Senna nos metros anteriores à linha de chegada. Mas o pior aconteceu a Rosberg e Prost, com o piloto francês a ter de empurrar nos metros finais para ver se ainda cortavam a meta nos pontos...
No final, Piquet foi vitorioso e Senna foi o segundo. Mansell fechou o pódio, enquanto que René Arnoux foi quarto no seu Ligier. E a fechar os lugares pontuáveis ficaram os McLaren de Keke Rosberg e Alain Prost, que viram o pódio por um canudo, devido à gulodice dos seus motores TAG-Porsche Turbo...
Fontes:
1 comentário:
A primeira parada antecipada de Piquet antes de Mansell foi brilhante!
Essa prova lembrou o GP de San Marino de 1985, quando pilotos tiveram que "aliviar" o pé do acelerador para não ficar sem combustível no meio do caminho.
Com os abandonos de Keke Rosberg e Alain Prost, o pódio (3º lugar) "caiu no colo" de Nigel Mansell.
Notas:
- com a vitória de Nelson Piquet e o 2º lugar de Ayrton Senna, o Brasil obtém a 4ª dobradinha (até aquele momento)
- Piquet conquista a 15ª vitória e supera Emerson Fittipaldi (até então) e passa a ser o piloto brasileiro com mais vitórias na Fórmula 1;
- essa foi a 5ª e última pole position na carreira de Rosberg na categoria;
- última pole da McLaren na temporada de 1986 e
- primeira volta mais rápida de Gerhard Berger na Fórmula 1.
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