O "caso Gribowski" teve desenvolvimentos na semana que passou no Nurburgring, quando Bernie Ecclestone decidiu admitir que pagou cerca de 44 milhões de dólares ao banqueiro alemão Gerhard Gribowski no caso da falência da BayernLB, em 2009. Preso desde meados deste ano, quando foi descoberto mais de 50 milhões de dólares numa conta sua e do qual não deu explicações convincentes, a BayernLB foi o banco que ficou com os ativos da Kirch Media em 2002, quando esta entrou em falência. E esta detinha a SLEC, a firma que nessa altura lidava com os direitos televisivos da Formula 1.
No Autosport desta semana, o jornalista Luis Vasconcelos escreve o que Ecclestone disse às autoridades alemãs e porque é que decidiu assumir que fez tal pagamento. E também se fala sobre as expectativas que FIA e FOTA têm sobre este assunto, principalmente quando se aproxima a data para a discussão do novo Acordo de Concórdia, prevista para o ano que vêm.
ECCLESTONE ADMITE SUBORNO
Bernie Ecclestone está a ser investigado pelas autoridades alemãs e admitiu ter pago 44 milhões de dólares a Gerhard Gribowski, preso por suspeita de ter desviado fundos de um banco público.
Face às provas encontradas para incriminar Gribowski, que segundo o procurador de Munique, recebeu 44 milhões de dólares de Ecclestone para facilitar a revenda das ações que o Bayerische Landsbank detinha na SLEC - a empresa que detinha os direitos comerciais da F1 - era inevitável que Ecclestone enfrentasse algumas questões menos simpáticas na Alemanha. Talvez para antecipar e tentar esvaziar o impacto das noticias, Ecclestone admitiu abertamente aos jornalistas que lhe são mais próximos ter pago aquela quantia a Gribowski, mas adiantou de imediato que "nada tenho a temer, nem a esconder".
Segundo o patrão da F1, "foram os meus advogados que me aconselharam a pagar o dinheiro que ele me pedia, para evitar um longo processo judicial que eu iria ganhar, mas que iria custar muito mais dinheiro do que aquele que lhe paguei. Ele ameaçava dizer aos tribunais ingleses que eu era o proprietário do The Bambino Trust (ndr: de que a ex-mulher e as filhas seriam beneficiárias) e que estava a fugir aos impostos na Grã-Bretanha, o que não é verdade, porque não tenha nada a ver com aquele "trust". Mas os meus advogados explicaram-me que o processo iria demorar dois ou três anos e as despesas iriam superar o dinheiro que ele estava a pedir. É claro que na vida todos nós nos arrependemos de coisas que fazemos e não escondo que, sabendo o que sei hoje, teria feito as coisas doutra maneira, mas a vida é assim e há que olhar em frente."
Depois, garantiu que "o sistema judicial alemão é um pouco estranho para nós, britânicos, mas se o Gribowski está preso e eu já fui ouvido, a meu pedido, e não sou acusado de nada, é porque eles não tem provas para me incriminar. E não podem ter, porque não fiz nada de errado."
FIA E FOTA NA EXPECTATIVA
É claro que se em público ninguém quer falar sobre o assunto, até porque é a imagem da F1 que está em jogo, em privado quase toda a gente tem uma opinião sobre o que se vai passar. Segundo a generalidade dos observadores, Ecclestone já deve ter feito um acordo com as autoridades alemãs quando veio prestar declarações em abril, dando-lhes matéria suficiente para condenar Gribowski, contra a garantia de que não seria acusado de nada. E se o alemão admitir a sua culpa, quando se iniciar o julgamento do caso em tribunal, Ecclestone não será chamado a depôr, valendo o depoimento que já fez há três meses. E o mais provável é que seja isso mesmo que venha a acontecer, com Gribowski a ser condenado a uma pena mais leve do que se contestasse as acusações.
Por isso, a FIA e a FOTA estão à espera de desenvolvimentos, antes de decidirem o que fazer, pois o Acordo de Concórdia caduca no final do próximo ano e não querem comprometer-se com Ecclestone se este ainda estiver em apuros com a justiça alemã.
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MUDANÇAS NA FOTA
Preparando-se para ser mais interveniente no futuro, a FOTA está a preparar alterações na sua estrutura. Muitos assuntos foram tratados numa longuissima reunião que teve lugar na motorhome da Renault no sábado à tarde, depois de James Allison ter sido confirmado como substituto de Ross brawn à frente do Grupo de Trabalho Técnico daquela associação.
Mas com a vontade de ser um interlocutor decisivo para o futuro da F1, a FOTA quer alargar o papel de Secretário-Geral, que Simone Perillo abandona dentro de dois meses, tendo recebido a candidatura de John Howett, antigo dirigente da Toyota, que foi fundamental para a criação da associação. Apesar de não reunir consenso, Howett tem contactos suficientes com as organizações dos Grandes Prémios, com as diversas cadeias de televisão que transmitem a F1, com os construtores e com a FIA, que o podem tornar num elemento importante no confronto da FOTA com Ecclestone - o grande objetivo das equipas neste momento.
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