quinta-feira, 6 de outubro de 2011

The End: Steve Jobs (1955-2011)

Terça-feira à tarde, quando cheguei a casa, dei comigo a ver um documentário da CNN sobre Steve Jobs. Sabendo sobre a sua condição física, fiquei logo com a sensação de que eles sabiam que a sua morte estava iminente, apesar de oficialmente a razão para isto tinha a ver com uma nova versão do IPhone, que foi apresentado nesse dia. Há cerca de uma hora, quando vi por acaso os obituários na Wikipédia, vi o nome dele e fiquei com a sensação de que "eu sabia que isso ia acontecer". É o instinto, digamos assim. Ou então sabiam da iminência deste inevitável desfecho.

Então, podemos dizer oficialmente: Steve Jobs morreu esta noite aos 56 anos, vítima de um cancro no pâncreas. Já batalhava com a doença há mais de seis anos, e pelo meio, em 2009, levou um transplante de fígado. A Apple diz esta noite no seu site oficial: "A Apple perdeu um génio visionário e criativo, e o mundo perdeu um ser humano incrível. Todos os que tivemos a sorte de conhecer e trabalhar com o Steve perdemos um querido amigo e um mentor inspirador. O Steve deixa uma companhia que só ele podia ter construído e o seu espírito será, para sempre, a base da Apple".

Viamos a ficar cada vez mais magro, pelas imagens e fotos. Vi uma imagem dele, de final de agosto, depois da sua carta de demissão, onde estava de pé, apoiado por outra pessoa, e estava só "pele e osso", como se diz. De uma certa maneira, aquela carta mais aquelas imagens, fiquei com a sensação de que se estava a despedir-se de todos os que ajudaram a transformar a Apple naquilo que é agora. Dos amigos, dos admiradores, da Terra e da vida à sua volta.

Nunca tive, nem tenho atualmente qualquer aparelho da Apple, mas já trabalhei com eles. São bons, é certo, são elegantes, simples e conseguem ser diferentes dos PC's habituais. Mas o que os tornou no culto que vemos hoje não é pela máquina. Isso é só metade dos motivos. A maneira como Jobs explicava os "gadgets" nas suas conferências de apresentação - e gostava daquilo que fazia, é certo - faz a outra metade.

Então... o que ele deixa? Bom, podemos dizer que tudo aquilo que vemos e fazemos num "personal computer" é o resultado da sua visão. A Apple tem 35 anos, foi fundada por ele e por outro Steve, Wozniak de apelido, numa garagem californiana na zona que depois se transformou em Sillicon Valley.

E tudo o que vemos e sabemos sobre computadores hoje em dia é o resultado da sua visão ou desejo do que ele queria para este tipo de tecnologia. Não só metia as mãos na massa, como tembém vendeu a sua ideia a milhões, como se fosse uma visão do futuro. E esses milhões ajudaram a moldá-lo, graças a ele. Hoje em dia, quando vemos a quantidade de pessoas que usam coisas da Apple, entendo as suas dores e sinto o vazio que eles passam agora. É como se tivessem perido o seu mentor, "deos ex-machina".

Mas isso só aconteceu em 2001, com o iPod, porque na década e meia antes, tinha passado por atribulações: foi despedido em 1985, fez a NeXT, fundou a Pixar, e quando a Apple comprou a NeXT em 1997, ele voltou para renovar a companhia. Primeiro como CEO "provisório" e em 2000, a vaga tornou-se permanente.

Há uma curiosidade que descobri sobre a sua fortuna: o seu salário anual era de... um dólar. Mas era detentor de 5426 milhões de ações da Apple, como era também detentor de 138 milhões de ações da Disney, resultado da venda da Pixar. No final, a sua fortuna esta estimada, em valores de 2010, em 8,3 mil milhões de dólares. Esperto, hein?

Agora os obituários estão todos a sair, feitos diligentemente nestas últimas semanas e meses. Alguns falarão dos seus feitos, outros falarão dos seus defeitos, especialmente a sua personalidade egomaniaca, que o tornou temível aos olhos dos que trabalharam com ele, mas todos falarão disto: é provavelmente uma das personagens mais relevantes da história da tecnologia, a par de Bill Gates. E os livros de história, independentemente do tipo de plataforma que ficarão no futuro, falarão sempre destes dois, que nasceram curiosamente no mesmo ano, como sendo... va lá, as pessoas que tornaram a tecnologia acessível a todos. Ars lunga, vita brevis, Steve!

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