Depois das experiências de Sebring e Riverside, o promotor do Grande Prémio dos Estados Unidos tentava um terceiro circuito em três anos para saber se a Formula 1 iria pegar de vez nas terras do Tio Sam e ser uma alternativa válida às corridas locais. Essa terceira localização era o circuito de Watkins Glen, um circuito do norte do estado de Nova Iorque, a meio caminho entre a "Big Apple" e Buffalo, nos arredores da vila com o mesmo nome.
E esse Grande Prémio não podia aparecer na melhor altura possivel: os Estados Unidos estavam em festa porque tinham por fim o seu campeão do mundo, Phil Hill, que guiava uma das máquinas mais admiradas e temidas, que era o Ferrari 156 "Squalo". Mas por causa dos eventos da corida passada, em Monza, onde o seu companheiro de equipa e maior rival nesse campeonato, o alemão Wolfgang Von Trips, tinha morrido num acidente que custara a vida de mais catorze espectadores, a Scuderia primava-se pela ausência, fazendo com que as outras equipas tivessem uma hipótese de vitória, algo que tinha sido raro ao longo de 1961.
Dezoito pilotos iriam alinhar na corrida americana, alguns dos quais seriam pilotos locais. Em termos de equipas oficiais, estavam a Lotus (Innes Ireland e Jim Clark); Cooper (Jack Brabham e Bruce McLaren); Porsche (Dan Gurney e Jo Bonnier) e BRM (Graham Hill e Tony Brooks). Entre os privados, estavam equipas como a Rob Walker Racing, com Stirling Moss, a UDT Laystall, com Masten Gregory e o belga Olivier Gendebien, a Yeoman Credit Racing Team, com John Surtees e Roy Salvadori, e as inscrições privadas dos locais, como Jim Hall, Lloyd Ruby, Hap Sharp, Walter Hansgen, o canadiano Peter Ryan e um tal de Roger Penske, um universitário que era bom piloto nas provas da SCCA (Sports Car Club of America) e que aqui alinhava com o Cooper-Climax.
Ainda existia mais uma inscrição privada, a de um antigo militar britânico chamado Ken Miles, num Lotus-Climax, mas acabou por não participar na corrida.
A qualificação resultou na pole-position do Cooper de Jack Brabham, a primeira do ano para o piloto australiano. A seu lado estava o BRM de Graham Hill, enquanto que Stirling Moss era o terceiro. O segundo Cooper de Bruce McLaren era o quarto, seguido do segundo BRM de Tony Brooks. Jim Clark era o sexto na grelha, seguido pelo Porsche de Dan Gurney. Innes Ireland, no segundo Lotus, era o oitavo, e a fechar o "top ten" estavam o Cooper de John Sturees e o segundo Porsche de Jo Bonnier.
No dia da corrida, sob um sol de Outono, mais de 60 mil pessoas estavam presentes em Watkins Glen, incluindo alguns VIP's. Phil Hill estava presente e foi homenageado com uma volta de consagração ao volante de um Ford Thunderbird, e até o ultra-reclusivo Howard Hugues estava presente nas boxes, para conversar com John Cooper. As fotos tiradas nesse dia passaram para a história como as últimas conhecidas de Hugues até à sua morte, quinze anos mais tarde.
Quando foi dada a largada, Brabham partiu bem, mas no final da primeira volta tinha perdido a liderança para Moss. Ambos os pilotos começaram a afastar-se do pelotão, enquanto que na terceira volta, Ireland não se livrara de um susto, ao fazer um pião devido ao fato de ter passado por cima de uma mancha de óleo. Conseguiu manter o seu carro a trabalhar e encetou uma recuperação que o levou do 11º posto ao quarto lugar no final da décima volta, logo atrás do Cooper de McLaren.
Entretanto, Moss conseguia afastar-se de Brabham e começava a cavar uma distancia que indicava que iria vencer confortávelmente aquela corrida. O australiano tentou acompanhá-lo, mas na volta 34, o seu motor Climax começou a sofrer uma fuga de água e sobreaqueceu. Brabham foi às boxes para meter água, mas na volta 57, o motor acabou por explodir devido ao sobreaquecimento. Assim sendo, Moss conseguia uma vantagem confortável e parecia que ia ganhar. Mas foi sol de pouca dura: na volta 59, a pressão do óleo do seu Lotus baixou subitamente e o britânico não teve outro remédio que enconstar-se e dar por concluida a sua corrida por aquele dia.
Assim a liderança caiu no colo de Ireland, que conseguira passar McLaren, mas tinha o BRM de Graham Hill a assediá-lo. A luta entre os dois durou até que Hill começa a ter problemas no seu magneto e atrasa-se. O próximo desafiante era Roy Salvadori, no seu Cooper, e o assédio durou até que a quatro voltas do fim, o motor Climax do seu carro explode, deixando Ireland mais aliviado, a caminho da meta.
No final, Innes Ireland iria dar a Chapman e à Lotus a sua primeira vitória oficial, mais de ano e meio depois de Moss ter conseguido a sua primeira vitória com esse chassis, no GP do Mónaco do ano anterior. Gurney levou o seu porsche até ao segundo lugar, enquanto que Tony Brooks era o terceiro e dava à BRM o seu primeiro pódio do ano. Nos restantes lugares pontuáveis ficavam o Cooper de McLaren, o segundo BRM de Graham Hill e o segundo Porsche de Jo Bonnier.
No pódio, Ireland admitia que a sua vitória "tinha sido sortuda". "Não conseguia alcançar Moss e Brabham, pois afastavam-se ao ritmo de um segundo por volta. E ainda por cima debati-me nas últimas dez voltas devido a dificuldades na pressão da gasolina, e terminei a corrida com um punhado de litros no depósito". E como gesto de agradecimento, deu uma gorjeta de 25 libras ao seu mecânico, Ted Woodley, por ter conseguido reparar o seu carro ao longo do final de semana.
Mas aquela primeira vitória na Formula 1 tinha um sabor amargo, pois Ireland já tinha sido despedido da equipa, pois causa de divergências com Chapman pelo fato de ter emprestado o seu carro para Moss em Monza. Com esta vitória, a temporada de 1961 chegava ao fim, e os promotores da corrida americana podiam respirar aliviados, pois tinham encontrado uma pista para acolher o Grande Prémio dos Estados Unidos para os anos a seguir.
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