segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Os Matusaléns da Formula 1 ganham nova vida

Não sei se é o "tirem as crianças da sala" como diz o Rodrigo Mattar, autor do "A Mil Por Hora", mas parece que "quando mais velho, melhor". Conhece-se Michael Schumacher, 42 anos, na Mercedes até 2012 e com possibilidade de ficar até 2014, quando fizer...45 anos. E aparentemente, Rubens Barrichello anda a ganhar mais um prolongamento da sua carreira na Formula 1 em 2012, estando a negociar um lugar na Renault, futura Lotus, ao lado de Romain Grosjean, Vitaly Petrov ou Bruno Senna. Mas ainda tem mais: outro quartentão, Pedro de la Rosa, poderá regressar à Formula 1 na temporada de 2012, ao serviço da HRT, ex-Hispania.

Sobre Barrichello, tenho que tirar o chapéu, pois vai ter a sua merecida vigésima época na Formula 1. Pelo menos tenho de encarar isso como "prémio de carreira". E ao contrário de muitos que torcem no Brasil para que no próximo domingo anuncie a sua retirada de competição, acho que ainda tem algo para dar na Formula 1, embora, claro, diga que nunca vai ser campeão do mundo. Mas ainda tem velocidade e experiência para dar e vender. Contudo, também tenho consciência de que, se Eric Boullier escolher Romain Grosjean como segundo piloto, em detrimento de Bruno Senna, muitos em terras tupiniquins criticarão fortemente o "Matusalém" Barrichello por ter tirado o lugar ao "Primeiro Sobrinho".

E quando digo que Barrichello ainda é uma "mais-valia", falo sobre a possibilidade de ele ainda poder ficar na Williams em 2012, com motores Renault. Nas últimas horas, cresce a ideia de que a equipa decidiu abdicar de contratar Kimi Raikkonen, porque aparentemente, o finlandês exigiu contrapartidas muito altas, a principal seria ser acionista da equipa, ou seja, ser co-proprietário, em conjunto com Frank Williams, Patrick Head ou Christian "Toto" Wolff. Caso seja verdade, só solidifica a minha ideia de que Kimi não está muito interessado em regressar à Formula 1 em 2012, ao contrário dos desejos de muita gente. Aliás, leio no blog Ultrapassagem de que o verdadeiro objetivo de Kimi é a Mercedes, em 2013, quando Michael Schumacher terminar o seu contrato com a marca. Isto é, se o alemão heptacampeão do mundo decidir não renovar...

Já no caso de Pedro de la Rosa, primeiro o Rodrigo Mattar avisou no Facebook. E depois li a noticia no Guard Rail: o piloto de 40 anos assinou um contrato com validade para duas temporadas. O anuncio oficial acontecerá amanhã, numa conferência de imprensa onde se anunciarão também os planos futuros da HRT, que passa pela instalação na cidade de Valencia e da entrada em cena de Luis Perez-Sala, ex-piloto de Formula 1 e tio de Daniel Juncadella, que venceu este domingo o GP da Macau. E hoje li no Bandeira Verde uma coisa interessante que não tinha reparado neste final de semana macaense: Juncadella tem como patrocinador... a Astana, do Cazaquistão. Tudo é possivel, certo? Vamos estar atentos ao que dirão amanhã.

Depois disto tudo, temos de ser sinceros: a maioria das pessoas que dizem isso julga saber o que é bom para a Formula 1. Acha que para correr ali tem de ter um prazo de validade semelhante aos dos futebolistas: só podem ficar até aos 34, 36 ou 38 anos. Se querem prolongar a sua carreira automobilística, as pessoas acham que deveriam ir para a Indy, Turismos ou Le Mans para deixarem os lugares vagos para os jovens. A realidade é outra: as equipas não tem possibilidade de fazer muitos testes e aqueles veteranos ainda tem algo muito valioso para dar. E num mundo onde os testes estão altamente regulamentados, a experiência ainda é ouro. Eles sabem disso, e não nós.

Mas olho para o passado e colocando exemplos como o de Juan Manuel Fangio, campeão pela primeira vez aos 40 anos e que correu até aos 46, altura em que fez provavelmente uma das melhores demonstrações de condução de sempre, no Nurburgring, em 1957. Mas lembro também de Fangio ter dito, depois dessa demonstração que "não quero mais voltar a fazer isto", como sinal de que era altura de abandonar a competição, e assim o fez. Mas eram os anos 50, uma altura em que o mundo saía de uma guerra devastadora, que tinha cortado as carreiras de muitos com que Fangio conviveu, como Luigi Villoresi ou Giussepe "Nino" Farina, que correram com quase ou mesmo com 50 anos.

E os carros de Formula 1 desse tempo eram bem menos exigentes do que agora. Acho que ninguém gosta de os ver arrastar na pista, como aconteceu ao Graham Hill, que aos 47 anos ainda corria, e era uma pálida sombra do seu passado vencedor. Tiro o chapéu das suas carreiras, mas a última impressão da pessoa é a que mais dura, e ver Schumacher, Barrichello e De la Rosa numa grelha onde alinhariam ao lado de pilotos vinte anos mais novos como Jaime Alguersuari, por exemplo, é um pouco estranha. Mas como disse acima, eles é que sabem disto melhor do que nós.

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