domingo, 20 de novembro de 2011

Uma carta a Stefan Bellof

Caro Stefan:

Caso ainda não saibas, ou tenhas esquecido onde quer que estejas, venho aqui para te desejar feliz aniversário. Se ainda andasses por aqui, comemorarias hoje o teu 54ª aniversário natalício, e provavelmente com uma carreira bastante mais recheada do que aquela que acabaste por ter.

No final, precisaste de apenas metade do tempo para ficar na mente dos "petrolheads". As tuas performances foram de fato fruto da tua rapidez inata e alguma da loucura que tu tinhas para demonstrar que eras feito da fibra que fazem os campeões. Hoje em dia, toda a gente sabes que o piloto mais veloz de sempre no Nurburgring Nordschleife és tu, com um potente Porsche 962. Quiseste testar os teus limites, e conseguiste. Pagaste o preço mais caro de todos para isso, tentando a ultrapassagem mais temerária, numa das curvas mais desafiadoras que existe no automobilismo mundial.

Um piloto normal esperaria mais uns momentos para passar na Reta Kemmel ou em Les Combes, mas tu achaste que Eau Rouge seria um lugar ideal. Se conseguisses, era mais um momento alto da tua carreira, e muitos falariam disso nos anos que se seguiram, e eras laudado como um herói. No final, acabou por ser o contrário e pagaste o preço mais alto de todos. E entraste na "lenda". Ponho entre aspas nisso, porque depois fico a pensar naquilo que Derek Bell disse um dia sobre ti, quando afirmou que não tinhas disciplina. Acho que o que queria dizer era que tu não tinhas paciência para esperar pelo melhor momento para uktrapassar, querias ao "aqui e o agora".

Não sei se tu sabes, mas este ano o Mark Webber tentou fazer a mesma coisa ao Ferrari de Fernando Alonso no mesmo local que tu tentaste. Ele conseguiu e está vivo para contar a história. Pois é, é tudo uma questão de sortes e azares. Ou de fazer bem as coisas, não é?

Enfim... já não vale a pena recriminar. O que está feito, feito está. Nós, que vivemos neste mundo, só poderemos imaginar o que terias feito no futuro. Provavelmente, caso assinasses pela Ferrari, irias passar um mau bocado, mas provavelmente vencerias corridas. O título mundial teria dúvidas, mas se fosses para uma equipa como a Williams ou McLaren, certamente conseguirias. Afinal, quem lemvou a melhor foi um rapaz que não vivia muito longe do sitio onde acabaste os teus dias. Em Kerpen, onde o pai geria o kartódromo local. Ele considerava-te teu ídolo, sabias?

Bom, não te preocupes, alemães a vencer corridas é o prato do dia. Depois do michael Schumacher veio o Sebastian Vettel e do deserto parece que estamos na selva. Gosto do Vettel, o que até compensa pelo fato de ter detestado o Schumacher, mais pelos seus feitos para tirar os seus adversários da pista do que própriamente as vitórias e títulos. Poderias ter tido o teu quinhão, se tivesses paciência. Enfim, não te podes queixar, venceste um títiulo mundial de Resistência.

Outra coisa: cada vez menos gente se lembra do teu feito no Mónaco, em 1984, sabes? Fixaram mais o rapaz que estava á tua frente, e que o ais apanhar, caso o Jacky Ickx não tivesse mostrado a bandeira mais cedo e que acabou na segunda posição. Ainda o viste a ganhar corridas, mas o teu pódio tirado pela FISA porque o Ken Tyrrell foi trapaceiro naquele ano. Já agora, vês-lo por aí? Se sim, diga-lhe que isso foi uma sacanagem, mas que o perdoo, pelos anos com o Jackie, o Francois e o Patrick. E se vires o Balestre, dá-lhe um murro e diz que vem da minha parte!

Enfim, não te aborreço mais. Decerto que devas estar a bater rodas com o Senna, Peterson, Fangio, Clark ou o Rindt nesse lugar onde estás. Só espero que seja tudo leal e justo. E façam com que o Dan se sinta em casa, está bem?

Abraços e um dia a gente vê-se.

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