Soube disto esta noite, e quem me contou foi o Rodrigo Mattar, do A Mil Por hora. Aparentemente, a organização do GP do Brasil se "esqueceu" de dar um passe à Elda Pace, víuva de José Carlos Pace, a pessoa que dá o nome ao circuito de Interlagos, para que ela e os seus familiares pudessem assistir ao Grande Prémio. Ela falou disso na sua página do Facebook.
Ao mesmo tempo, o @DuCardim colocou uma foto no Twittpic - a que serve para ilustrar este post - em que se vê o lugar onde costuma estar o busto, à porta do autódromo, com o pedestal pintado, mas sem o busto. Presume-se que foi guardado para que as pessoas possam fazer devidamente o restauro para estar tudo composto para o final de semana do Grande Prémio, mas a três dias da corrida, acho isto, no mínimo, uma tarefa deixada para a "ultima da hora", e estou a ser bonzinho.
Ainda faltam uns três dias para o Grande Prémio, mas acho que é muita falta de consideração que os familiares de uma personagem que ajudou a levar o nome do Brasil para o resto do mundo, e que teve a sua maior tarde de glória da sua carreira, sejam preteridos em favor de uns "VIP's" que ou pagaram para estar ali, ou exibiram sei lá o quê para poderem dizer "eu estive aqui" e colocar as suas "trombas" nas revistas cor-de-rosa locais. Até se pode concordar com isso, mas deixar de fora os familiares da pessoa que dá o nome ao autódromo, não é falta de consideração com a história. É uma putaria de primeira classe.
Se calhar seria melhor tirar o nome ao circuito, pensam vocês. O pior é nem lembrar disso porque... isso já foi tentado. Em 1994-95, na onda de darem o nome de Ayrton Senna a tudo que era estrada, circuito ou viaduto, cogitou-se dar o nome do circuito a ele. Felizmente, a ideia foi vetada, e deram o seu nome ao kartódromo, porque na realidade, foi ali que começou a sua carreira, antes de rumar à Europa e tentar a sua sorte nos monolugares.
Infelizmente, não é um problema nacional. Lembro-me, creio eu em 2009 ou 2010, que a Joanne Villeneuve, viuva e mãe de dois pilotos de Formula 1, foi barrada pela organização da FOM e apenas entrou dentro do circuito de Montreal graças à intervenção da Ferrari. Portanto, mais do que as organizações locais mandarem pelo ralo abaixo a história da Formula 1 e o que as suas familias representam, é a própria FOM a quem devem culpar. É certo que só interessam os pilotos ainda vivos, porque dos mortos, nem sequer as suas viúvas são lembradas.
Felizmente há excepções, e nem todas as organizações se comportam como em Interlagos ou Montreal. Mas acho que, quem quer que esteja na frente da organização dos passes, deveria ter no mínimo algum decoro e sentido de história. E ainda por cima, passa a ideia de que na Formula 1, só se interessa pelo fútil. Mas enfim, é o sinal dos tempos de Bernie Ecclestone, o patrão do circo... e ironicamente, ex-patrão de José Carlos Pace, o Môco.
P.S: Pelo menos há uma boa noticia: o busto do Pace já está no seu lugar. Quem me contou essa foi a Babi Fanzin, do Velocidade.org.
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