"Esbarrei" com isto no Facebook, porque normalmente não folheio as páginas ou o "site" da National Geographic, mas ao descobrir as dez melhores manifestações desportivas, fiquei curioso. Ver por lá Polo, Ténis, ou Golfe não me admira, e descobrir que dois dos três integrantes do pódio serem os Jogos Olimpicos e o Mundial de Futebol também não me surpreendeu, mas o primeiro classificado, esse, foi uma completa surpresa. Haveria algo mais poderoso que dois dos mais emblemáticos espectáculos à face da Terra? Sim.
É uma corrida de automóveis. E não é uma qualquer, são as 24 horas de Le Mans. Eis a descrição feita pela revista:
"Destreza, Velocidade e Resistência marcam a melhor corrida de automóveis do mundo, as 24 Horas de Le Mans. A corrida, organizada pelo Automobile Club de L'Ouest, é uma ponte entre o passado e o presente do automobilismo.
A competição decorre no traçado semi-permanente do Circuit de la Sarthe, nas margens do rio com o mesmo nome, perto da cidade de Le Mans. Cerca de 46 carros participam nessa corrida em várias classes, incluindo Protótipos de alta performance, carros de corrida e carros de Turismo devidamente modificados. O vencedor é o carro, guiado por três pilotos, que cobre a maior distância em 24 horas.
A primeira corrida teve lugar em maio de 1923, hoje em dia acontece em junho, a corrida começa pelas 16 horas locais e durante 24 horas, o som dos motores enche os 13 quilómetros do circuito no ambiente rural francês."
Este ano, Le Mans comemora a sua 80ª edição. Não terá os Peugeot, que alegando a crise, decidiu abandonar de repente a Endurance, mas tem Audi e Toyota na categoria LMP1, e terá mais três categorias, a LMP2 e os GT's. Quando leio aquilo que diz a revista, entendo aquilo que ela quer dizer, apesar de ainda não ter colocado os pés em La Sarthe: é o ambiente que conta. Os que vão lá falam num "Le Mans dentro de outro Le Mans". São os adeptos que vêm um pouco de toda a Europa para ver as máquinas a rolarem. É a roda gigante, são as barracas de "comes e bebes", é o convivio entre "petrolheads", é o espírito campista. Onde é que tens esse espírito na Formula 1, hoje em dia? Não existe.
Não existe pelas razões óbvias: demasiado elitista, onde a FOM colocou o "povo" longe, em redes, cobrando preços absurdamente altos, em boxes e instalações que mais fazem lembrar enfermarias, desenhadas pela mesma pessoa. Os carros são rigorosamente planeados, com regras demasiado detalhadas, que em nome da legalidade, matam a criatividade. Já pensaram se estas regras existissem em 1950, o primeiro ano do Mundial de Formula 1, como seriam os carros agora? Muito provavelmente, ainda teriam os motores à frente e nunca teriam asas...
E quanto ao "ambiente do paddock", digamos que quando vejo as imagens disponibilizadas por uma FOM, reparo que está mais preocupada em mostrar "pit-babes" de cabeça vazia a festejarem sei lá o quê num telhado de Valência, ou o Puff Daddy a exibir-se nas ruas do Mónaco. Enfim, nesse aspecto, estamos conversados. Bernie Ecclestone não gosta do povo "porque não tem o cheiro do seu cavalo favorito", como disse certo dia o general e ex-presidente brasileiro, João Batista Figueiredo.
A essência do automobilismo está nas pessoas que gostam dela, é a seiva que faz alimentar a árvore. Se cortas a seiva, a árvore definha e morre. Há muito tempo que tenho a ideia de que a Formula 1 começa a caminhar para aí, com idas às petro-monarquias do Golfo e do Extremo Oriente, só para que o Bernie Ecclestone saque 200 milhões do ano, dos quais metade vão para o seu bolso. E mesmo os ralis, quando se começou a regulamentar em relação às distâncias e quantas pessoas é que podiam estar nas classificativas, também começou a definhar. Jean Todt está a tentar recuperar algum dos prestígio perdido, alargando as classificativas e o tempo dos ralis, mas é um longo caminho.
A ACO, contudo, viu à distância o que estava a passar e decidiu manter tudo. Afinal de contas, tinham uma formula de sucesso e decidiram mantê-la, sem pressões. Tem a televisão, claro, e conseguem fazer um bom trabalho. Eu, que vejo a Eurosport ou a Motors TV no final de semana da corrida, fico sempre satisfeito com o trabalho que fazem. E não é preciso mostrar toda a corrida na íntegra.
É por estes e outras coisas que digo com orgulho que sou "petrolhead". Porque adoro automóveis e automobilismo. Ver os carros a acelererem na Mulsanne, a saltarem em Ouninpohja ou em Fafe-Lameirinha, a passarem pela Curva 4 de Indianápolis ou a saltarem nas dunas do Atacama e aplaudirem... isso sim, são fãs de automobilismo. Os que gostam de Formula 1 e só de Formula 1, francamente... não sabem o que perdem. Não direi que não sejam fãs de automobilismo, mas fico com a ideia de que não fazem ideia do que se trata.
Não existe pelas razões óbvias: demasiado elitista, onde a FOM colocou o "povo" longe, em redes, cobrando preços absurdamente altos, em boxes e instalações que mais fazem lembrar enfermarias, desenhadas pela mesma pessoa. Os carros são rigorosamente planeados, com regras demasiado detalhadas, que em nome da legalidade, matam a criatividade. Já pensaram se estas regras existissem em 1950, o primeiro ano do Mundial de Formula 1, como seriam os carros agora? Muito provavelmente, ainda teriam os motores à frente e nunca teriam asas...
E quanto ao "ambiente do paddock", digamos que quando vejo as imagens disponibilizadas por uma FOM, reparo que está mais preocupada em mostrar "pit-babes" de cabeça vazia a festejarem sei lá o quê num telhado de Valência, ou o Puff Daddy a exibir-se nas ruas do Mónaco. Enfim, nesse aspecto, estamos conversados. Bernie Ecclestone não gosta do povo "porque não tem o cheiro do seu cavalo favorito", como disse certo dia o general e ex-presidente brasileiro, João Batista Figueiredo.
A essência do automobilismo está nas pessoas que gostam dela, é a seiva que faz alimentar a árvore. Se cortas a seiva, a árvore definha e morre. Há muito tempo que tenho a ideia de que a Formula 1 começa a caminhar para aí, com idas às petro-monarquias do Golfo e do Extremo Oriente, só para que o Bernie Ecclestone saque 200 milhões do ano, dos quais metade vão para o seu bolso. E mesmo os ralis, quando se começou a regulamentar em relação às distâncias e quantas pessoas é que podiam estar nas classificativas, também começou a definhar. Jean Todt está a tentar recuperar algum dos prestígio perdido, alargando as classificativas e o tempo dos ralis, mas é um longo caminho.
A ACO, contudo, viu à distância o que estava a passar e decidiu manter tudo. Afinal de contas, tinham uma formula de sucesso e decidiram mantê-la, sem pressões. Tem a televisão, claro, e conseguem fazer um bom trabalho. Eu, que vejo a Eurosport ou a Motors TV no final de semana da corrida, fico sempre satisfeito com o trabalho que fazem. E não é preciso mostrar toda a corrida na íntegra.
É por estes e outras coisas que digo com orgulho que sou "petrolhead". Porque adoro automóveis e automobilismo. Ver os carros a acelererem na Mulsanne, a saltarem em Ouninpohja ou em Fafe-Lameirinha, a passarem pela Curva 4 de Indianápolis ou a saltarem nas dunas do Atacama e aplaudirem... isso sim, são fãs de automobilismo. Os que gostam de Formula 1 e só de Formula 1, francamente... não sabem o que perdem. Não direi que não sejam fãs de automobilismo, mas fico com a ideia de que não fazem ideia do que se trata.
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