sábado, 24 de março de 2012

O "Novo" Pacto da Concórdia

Causou sensação esta manhã em Sepang o anuncio, proveniente da boca de Bernie Ecclestone sobre o facto de que as equipas chegaram a acordo sobre um novo Pacto (ou Acordo) de Concórdia, que entraria em vigor em 2013, após o final do prazo do actual. “Estou muito satisfeito em anunciar que chegámos a um novo acordo comercial com a maioria das escuderias, incluindo Ferrari, McLaren e Red Bull”, escreveu o octogenário no site oficial da Formula 1.

Este era um "anuncio" de uma certa forma esperado, porque desde o fim de semana de Melbourne que se sabia que iria haver um anuncio iminente em relação a esta matéria, e alguns pormenores tinham até sido "vazados" para a imprensa mundial, muito provavelmente tendo como fonte o próprio Ecclestone, que era para ver como é que iriam reagir as pessoas, esperando sair mais uma vez vencedor neste tipo de negociações.

A sensação que se fica, pelo que se ouve e lê, é que Ecclestone gosta de meter a boca no trombone, anunciando coisas como "fait accompli", ou seja, factos consumados, levando sempre a sua adiante. Diz-se isto porque nenhuma das equipas visadas confirmou o acordo, muito pelo contrário. Se com isso a ideia era de conseguir dividir a FOTA, tornando-a inutil, isso já aconteceu muito antes, quando Ferrari e Red Bull sairam da organização no final do ano. E o anuncio da McLaren no campo dos que aceitaram o acordo é importante, pois mostra - pelo menos para quem vê isto de fora - que bastou Ecclestone dar o que eles queriam para conseguir o tal Pacto (ou Acordo). E também se fala que só a Mercedes, Williams, Caterham, Marussia e HRT é que não chegaram a acordo sobre este novo Pacto (ou Acordo).

Contudo, há factos que alguns "insiders" ainda não conseguiram ter resposta. Primeiro que tudo, quais são os detalhes deste Pacto (ou Acordo). Aliás, se formos ver ao longo da história, muito poucos detalhes foram revelados nos acordos (ou pactos) passados. Sabe-se de alguns princípios genéricos e as partes que cada um tem no bolo crescentemente maior das transmissões televisivas e dos "fees" que os circuitos e organizadores pagam para ter  a Formula 1 no seu país, que é, como sabem, crescentemente alto. Sabe-se que Bernie Ecclestone tem 50 por cento do negocio, através da FOM, e parece que desta vez quer dar uma fatia de 15 por cento pertencente a "ex-falida" Lehman Brothers às equipas de Formula 1, nomeadamente a Red Bull e a Ferrari, as duas mais importantes do campeonato, e que essas ações iriam ser lançadas na Bolsa de Singapura. E agora, parece que também a McLaren está no barco.

Daí que o Luis Fernando Ramos diga isto hoje, de Sepang, no seu blogue, sobre o que vão ser os próximos anos da categoria: "um abismo cada vez maior entre os times poderosos e os pequenos; um modelo de realização de corridas que traz algumas com arquibancadas às moscas como essa em Sepang; as habituais polêmicas sobre soluções técnicas que custaram milhões e são complicadas de explicar para o torcedor médio."

Uma coisa é certa: mais uma vez, parece que Bernie Ecclestone levou a sua adiante. "Divide et impera", dividir para reinar. Tiro o chapéu pelo seu método de negociação, pois é unico, e cada vez mais ficamos com duas ideias: a Formula 1 atual foi definitivamente moldado para uma "Formula Ecclestone" e que ele, aos 81 anos, ainda continua a dar cartas. Ele é, sem qualquer tipo de dúvida, o melhor vendedor de automóveis da História da Humanidade.

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