Quatro meses depois de ter saído da Ferrari, Stefano Domenicalli quebrou mais uma vez o silêncio. Desta vez, o antigo diretor desportivo da Scuderia deu uma longa entrevista a Leo Turrini, no seu blog pessoal "Profondo Rosso", e ali falou algumas coisas sobre os pilotos com que lidou ao longo dos dez anos em que esteve na equipa de Maranello e sobre a luta a dois pelo título mundial de 2014.
"Eu tomei a culpa pelo fracasso" - começou por comentar em declarações captadas pelo site italiano formulapassion.it - "As coisas não correram como eu esperava ou como esperávamos, então não faz sentido para mim agora penitenciar. Eu tenho minha versão da história, é claro, e talvez um dia eu encontre um amigo que me ajude a colocar isso num pequeno livro, mas não no sentido de causar polémicas... não com essa intenção, lamento desiludir-te. Fim de história."
Mas não coibiu-se de fazer uma pequena declaração sobre a atualidade da Scuderia: "Da Ferrari eu só digo isto [...] não faria mal nenhum se recuperasse a sua paz interior, porque então nós vimos as pessoas em vários departamentos a oportunidade de mostrarem o seu talento."
Sobre o campeonato, Domenicalli refere que apesar do surgimento de Daniel Ricciardo, acha que o título será discutido entre Nico Rosberg e Lewis Hamilton. E teceu as suas opiniões.
"Eu não acho que Ricciardo tenha tempo para ser o terceiro candidato, no final do título ou vai para Hamilton ou para Rosberg, Lewis tem que ter cuidado com "o síndrome de Donald" [...] Nico terá que suportar uma enorme pressão em Monza"
"Não me pergunte como teria feito se calhasse a mim! Minha lógica é clara: o interesse da equipa têm de prevalecer. [...] Em 2010, a ordem dada a Massa na Alemanha era porque havia uma certa hierarquia definida na noite de sábado, nunca houve um golpe baixo no último momento."- continuou, referindo-se à controvérsia que se seguiu ao famoso "Fernando é mais rápido do que você".
"É por isso que eu gostava de Irvine. Eddie era um número dois que sabia ser um número número dois, e era bem comportado. Em 1999, ele teve a oportunidade de se tornar campeão [...] se ele estava no auge de suas habilidades - e não eram poucas - para levar o Mundial para casa, mas eu acho que ele, pela primeira e única vez na sua carreira, ele cedeu à pressão, não dormiu na véspera da corrida... e não havia mulheres no seu quarto!"
1 comentário:
Paulo, só um pormenor. Se eu bem me recordo em 2010 o argumento da Ferrari, que evitou serem considerados culpados de aplicar ordens de equipa, foi de que o Massa (de forma altruísta) deixou passar o Alonso no melhor interesse da equipa. Assim como não houve ordem da equipa, não havia penalização possível... certo?
É que é a primeira vez que alguém da Ferrari classifica a Alemanha 2010 como uma ordem de equipa: "Em 2010, a ordem dada a Massa na Alemanha era porque havia uma certa hierarquia definida na noite de sábado...".
Todos nós sabemos que foram ordens de equipa, mas juridicamente falando não poderá o Domenicalli ter criado aqui qualquer ponta por onde a FIA poderia pegar?
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