quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

A foto do dia

A longa carreira de A.J. Foyt foi toda feita na América, e nunca quis saber da Europa para nada. Mas houve uma notável excepção, quando em 1967, a Ford convidou (dizendo melhor, Carrol Shelby) para guiar um dos GT40 nas 24 Horas de Le Mans, ao lado de outro nome consagrado, Dan Gurney.

Foyt odiou tudo. Odiou La Sarthe, dizendo que era "um circuitozinho perdido no campo", ofendendo os puristas que afirmavam que o circuito francês era dos mais desafiantes do mundo, e não fez mais do que dez voltas para se acostumar ao circuito. Em suma, só estava ali porque aceitou o convite para guiar. Durante a corrida, esteve ao volante na maior parte do tempo, pois Dan Gurney acabou por dormir a meio da noite e falhou a sua vez de guiar o carro. 

No final, Foyt andou dezoito horas, contra as seis de Gurney, mas foi mais do que suficiente para ambos terem sido a primeira dupla totalmente americana a vencer em La Sarthe, depois de pilotos como o próprio Shelby e Phil Hill terem lá chegado primeiro, mas com pilotos de outras nacionalidades a ajudá-los. No pódio, surpreso, Foyt chegou a perguntar: "ganhei o troféu de Rookie do Ano?". Na realidade, tinha sido um dos poucos estreantes a vencer a clássica da Endurance. 

Depois disto, não quis saber da Europa para nada. Nunca aceitou convites para guiar na Formula 1, incluindo os feitos por Gurney, no tempo em que tinha montado a Eagle. Sempre quis saber dos Estados Unidos, de guiar em Indianápolis, Daytona, nos NASCAR, nos "dirt tracks". Era um "all american", e para ele, a América era o seu mundo, em contraste com Mário Andretti

Vencer em Indianápolis importava. Daí o seu gesto colérico quando em 1982 ficou fulo da vida com o acidente causado por Kevin Coogan, que o eliminou a si e a outros pilotos, incluindo Mário Andretti. O acidente têm o seu comico como de trágico, e nem se calou quando lhe colocaram um microfone na sua frente. O certo é que a carreira de Kevin Coogan, (que passou pela Formula 1 sem glória) também não foi mais a mesma.

Hoje, A.J. Foyt faz 80 anos. É um dos nomes sagrados do automobilismo americano ainda vivos, ao lado dos Unser, de Johnny Rutheford, de Rick Mears, e claro, de Andretti e Gurney. Merece o seu lugar no Hall of Fame americano, e hoje em dia toma conta da sua equipa na IndyCar. Já têm netos (um deles, A.J.Foyt IV, correu na equipa do avô) e bisnetos, e o seu nome continua a ser sinonimo de lenda. Parabéns!

1 comentário:

André Candreva disse...

Paulo,

sempre admirei o Foyt - devido aos relatos de meu pai que assistia as 500 milhas de Indianápolis no cinema ainda nos anos 1960 antes da exibição dos filmes...

e pra mim Foyt é um dos maiores da terra do Tio Sam...

ótimo post...

abs...