Aos 81 anos de idade, feitos hoje, só lhe falta o reconhecimento da coroa para o elevar ao grau de "Sir", algo que já merece há muito tempo, pelos seus feitos desportivos nas duas e quatro rodas, e também pelas ações na fundação Henry Surtees, feito para honrar a memória do seu filho, morto em 2009 em Brands Hatch, numa corrida de Formula 2.
Mas mais do que falar sobre a sua vida e os seus feitos (existe um excelente documentário sobre ele feito no ano passado pela BBC) quero falar sobre uma fase da vida e carreira de "Big John": a sua passagem pela Ferrari. E como a politica pode ter impedido de alcançar o bicampeonato em 1966.
Chegado em 1963, depois de uma passagem pela Lola, Surtees era aprovado pela Ferrari, mas tinha oposição dentro da equipa, na figura de Eugenio Dragoni, o diretor desportivo, que preferia Lorenzo Bandini. As coisas até andaram relativamente bem até ao dia 25 de setembro de 1965, quando Surtees estava a correr no circuito canadiano de Mosport, a bordo de um Lola T70. Gravemente ferido nas pernas, ficou várias semanas a tentar recuperar, e o resto da temporada foi perdido, quer na Endurance, quer na Formula 1.
Em 1966, Surtees recuperou das feridas e voltou a competir. A foto que ilustra este post é de Bernard Cahier, nos 1000 km de Monza, e até então, Surtees tinha feito alguns bons performances, como no GP do Mónaco, onde esteve a liderar até que o motor rebentou. Depois, a vitória épica em Spa-Francochamps, na corrida onde oito pilotos ficaram de fora devido à chuva que caiu na primeira volta.
Depois... a politica interferiu. Nas 24 horas de Le Mans, Dragoni aproveitou para atacar. Apenas com dois carros oficiais em Le Mans, para cinco pilotos (Surtees, Bandini, Ludovico Scarfiotti e o francês Jean Guichet), decidiu excluir o inglês, alegando que ainda não estava devidamente em forma com o acidente em Mosport. Irado, Surtees pegou no carro e não parou até chegar a Modena, para falar pessoalmente com o Commendatore. Depois de uma conversa tumultuosa, ambos decidiram terminar o contrato, de forma imediata.
Surtees não ficou muito tempo parado: arranjou um lugar na Cooper e venceu no México, mas o campeonato ficou nas mãos de Jack Brabham. A Ferrari penou com os seus pilotos, como Mike Parkes, mas a vitória de Ludovico Scarfiotti, em Monza, só demonstrou o desperdício que foi aquela temporada em Maranello. Bandini tentou a sua sorte em 1967, mas a sua morte no Mónaco acabou com os sonhos de um dominio que poderia ter acontecido... mas não aconteceu. Mas por essa altura, Surtees dava cartas na Honda.
Anos depois, já nos anos 80, Surtees e Ferrari reencontraram-se. Na conversa, ele afirmou que "o melhor é recordar os bons tempos que passaram juntos". E de uma certa maneira, é isso que ele faz, quer quando fala sobre esse período de tempo, quer quando anda no modelo 158 do qual foi campeão do mundo, há 50 anos, em corridas históricas, como Goodwood.
2 comentários:
Não seria Eugenio Dragoni?
É isso, não tinha a certeza do nome. Obrigado, vou já corrigir.
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