Se ontem falei de John Surtees, não me lembrei que ontem também era dia de anos de Roberto Moreno, um piloto que povoa as mentes de muitos que cresceram nos anos 80 e 90, e simbolo - para mim - de um piloto que deu sempre o melhor, em busca do sonho de correr na Formula 1. Aos 56 anos, Moreno goza a reforma, após mais de 25 anos a correr em diversas categorias, desde a Formula Ford à CART, correndo em Indianápolis, por exemplo. E um simbolo de um piloto lutador, com raras vitórias, mas sempre muito populares.
Sobre Moreno, há imensas histórias - e sei que está a escrever um livro sobre isso - e o Leandro Verde andou a escrever uma saga - como só ele sabe fazer - sobre a temporada de 1988 de Formula 3000, aquela em que ele conquistou quatro corridas seguidas e tornou-se campeão, depois de ter juntado todo o dinheiro que tinha e comprado um chassis que daria apenas para... quatro corridas. E como as chances eram únicas, aproveitou-a bem, com três vitórias!
A parte da carreira dele que mais gosto é aquele período entre 1990 e 1992, em que de pequeno se tornou grande, depois aproveitou e voltou a ser pequeno, por uma das razões mais ridículas que conheço, mas que foi a primeira manifestação de canalhice de uma certa personagem da Formula 1. E quando foi contratado pela pior equipa da sua história, fez um milagre.
Moreno disse que estava no gabinete de John Barnard, na Grã-Bretanha, quando o chamou para se sentar num Benetton, uma semana antes do GP do Japão. Alessando Nannini tinha tido seu acidente de helicóptero à porta de casa dos seus pais, em Siena, decepando o seu braço. Era a solução mais à mão, e uma solução mais simpática para Nelson Piquet, seu amigo desde os tempos do "Patinho Feio", na Camber, em Brasilia. A corrida japonesa foi o que foi, com a primeira dupla de sempre da Benetton, em ambos os pilotos a verterem lágrimas de felicidade por um resultado que nem Moreno tinha imaginado nos seus sonhos mais loucos. É que nesse ano, esteve na Eurobrun e apenas se qualificou por duas vezes.
Em 1991, estava a er uma temporada digna, com três coridas na zona dos pontos e uma volta mais rápida. O GP da Bélgica foi praticamente a sua melhor prova do ano, apesar de ter aproveitado alguns dos abandonos que aconteceram na prova. Mas o seu patrão, Flávio Briatore, tinha os olhos numa jovem promessa que tinha aparecido na Jordan, chamada Michael Schumacher. Sem hesitar, livrou-se de Moreno, alegando... insanidade mental, e colocou o alemão. Moreno foi para a Jordan por duas corridas, tentou mostrar que a mexida tinha sido um erro - e quase o conseguiu em Monza, antes de perder o controlo do carro e desistir por despiste - para terminar o ano na Minardi.
Depois disto, ninguém pegava em Moreno, até que a Andrea Moda se lembrou dele, no GP do Brasil. Lá fez das tripas coração, e deu aquele que provavelmente foi um dos maiores milagres da história da Formula 1: a qualificação no GP do Mónaco de 1992. É por estas e por outras que ele merece todo o nosso respeito.
Depois disto, ninguém pegava em Moreno, até que a Andrea Moda se lembrou dele, no GP do Brasil. Lá fez das tripas coração, e deu aquele que provavelmente foi um dos maiores milagres da história da Formula 1: a qualificação no GP do Mónaco de 1992. É por estas e por outras que ele merece todo o nosso respeito.
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