Deve ter sido dos maiores duelos da Formula 1. Que é dos mais memoráveis, é. Não andaram em perseguição em oitenta voltas, mas a partir da volta 57, quando Jackie Stewart ficou de lado devido ao rebentamento do seu motor Cosworth, é que Jack Brabham e Jochen Rindt ficaram um atrás do outro, num duelo que hipnotizou muitos até à última curva.
Brabham tinha largado de quarto e Rindt de oitavo. Aproveitaram as armadilhas do traçado a seu favor, e sendo velhas raposas que eram, deram o seu melhor para conseguir ficar na frente o mais possivel. Aos poucos, distanciaram-se do resto do pelotão, que depois de ser liderado por Dennis Hulme e Chris Amon, a partir da volta 62 era liderado pelo Matra de Henri Pescarolo (que iria a caminho do seu único pódio da sua carreira) e ambos davam o seu melhor, esperando que um cometesse um erro, para poder aproveitar.
O momento decisivo tinha acontecido depois do australiano se desviar da linha de corrida para evitar um carro atrasado. Nessa altura, ainda havia fardos de palha que serviam como barreiras em certas curvas, apesar de estes terem ajudado no desfecho do acidente de Lorenzo Bandini, três anos antes. O Brabham escorregou e bateu nos fardos de palha, com Rindt a fazer a curva e receber a bandeirada de vencedor... que não apareceu, porque o comissário esperava que Brabham saisse da curva!
Todos foram apanhados de surpresa, e se forem ver as filmagens, podem ver um Colin Chapman exultante pelo resultado, provavelmente dos mais inesperados da sua carreira. Para Rindt, era a sua primeira vitória do ano e a segunda da sua carreira, e os primeiros pontos da temporada. Ele sabia ao que ia o seu carro, o modelo 49, pois o 72 ainda estava a ser desenvolvido, e ele tinha as suas desconfianças, como se tinha visto na corrida anterior, em Jarama.
Rindt, no final, estava exultante. O que não sabia era que se tinha assistido ao inicio de um dominio inigualável até então. Um verão incrível, com 45 anos de idade, que teve um desfecho trágico.
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