Barcelona é sempre palco da corrida mais previsível do ano. As razões existem, mas a mais óbvia é que é um circuito onde o pessoal faz muitos testes de pré-época, em fevereiro. É certo que em maio, as condições meteorológicas são diferentes, mas de uma certa forma, as diferenças não são muitas e não parece que são as suficientes para proporcionar emoção aos espectadores.
E quem assistiu à qualificação, no dia de ontem, sabia que não tinha muitas expectativas, pois tinha-se instalado a hierarquia atual, sem acidentes ou problemas mecânicos inesperados. A unica questão que se colocava era saber se Lewis Hamilton iria atacar Nico Rosberg e tentar ficar com a quarta vitória nesta temporada, ou se o filho de Keke iria por fim estrear-se no lado dos vencedores e tentar diminuir a desvantagem e não tornar tão óbvia a cavalgada de Lewis Hamilton rumo ao tricampeonato.
O filme da corrida começou com um céu primaveril e temperaturas amenas, e no momento da largada, Rosberg largou bem. Mas esperavam que Hamilton largasse melhor, foi absolutamente o contrário: não só largou mal como foi superado por Sebastian Vettel. Atrás, houve mais algumas novidades: se Valtteri Bottas aguentou o quarto lugar, já Kimi Raikkonen foi mais agressivo e passou os garotos da Toro Rosso para ser quinto. Nas voltas seguintes, Felipe Massa aproveitou também para passar os pilotos da Toro Rosso e ser sexto, atrás de Raikkonen.
Nas voltas seguintes, Hamilton tentava passar Vettel, mas o alemão conseguia aguentar os ataques do inglês da Mercedes, mas na volta 14, ele é chamado para ir às boxes e trocar de pneus. Parecia que a tática iria ser diferente da Ferrari, pois pensavam que poderiam superá-los dessa forma. Mas a paragem demorou mais tempo, e Vettel veio logo a seguir para trocar de pneus, mantendo o segundo lugar.
Mas havia quem tivesse paragens na boxe mais desastrosas, e na volta 27, Fernando Alonso tinha um problema nos travões que fez parar mais adiante, quando atropelando o mecânico. A McLaren decidiu que o melhor seria abandonar a corrida, frustrando as chances do piloto espanhol de pontuar pela primeira vez esta temporada.
Por essa altura, estava na pista outro azarado: Pastor Maldonado. O piloto da Lotus estava a fazer uma boa corrida, mas a asa traseira estava danificada e apesar de não prejudicar a sua performance de imediato, os problemas iriam acumular-se, e foi o que aconteceu na volta 47. O numero treze é mesmo de azar para o venezuelano, pelo menos nesta temporada...
Pelo meio da corrida, via-se que a Mercedes ia para as três paragens, enquanto que a Ferrari ia ficar apenas pelas duas, especialmente Kimi Raikkonen. É certo que Hamilton "comeu" o finlandês logo na saída das boxes, mas o lado interessante era saber se Sebastian Vettel iria conseguir aguentar os ataques do piloto inglês. Com ele a usar os pneus, nas primeiras voltas ele conseguiu um avanço de dois segundos por volta. No inicio da volta 39, ele conseguiu apanhar o Williams de Valtteri Bottas, ficando com o terceiro posto.
Vettel parou pela segunda vez na volta 41, fazendo com que Hamilton ficasse com a segunda posição, enquanto que Raikkonen foi às boxes na volta seguinte. Ambos os pilotos iriam a partir dali até ao fim, enquanto que na Lotus, Romain Grosjean ia levando um mecânico pela frente, graças aos maus travões... felizmente, tudo correu bem.
Nico Rosberg parou na volta 45, naquela que iria ser a sua última paragem, para sair atrás de Lewis Hamilton. Com os pneus novos, o alemão tentava apanhar o inglês, mas sem grande pressa, porque Lewis ainda iria para por mais uma vez. Na volta 52, ele parou para a terceira e última paragem, ficando no segundo posto, passando Vettel. A partir dali, Lewis tinha vinte segundos para recuperar para apanhar Nico.
Atrás, Bottas e Kimi lutavam pelo quarto posto, com o piloto da Williams a levar a melhor, pois Raikkonen andou muito tempo atrás dele sem conseguir apanhar o suficiente para o passar. Mas à medida que as voltas estavam a acabar, parecia que Hamilton não iria apanhar Rosberg que por fim, ia rumo à sua primeira vitória do ano, e para ser o terceiro vencedor diferente da temporada. Antes disso, Carlos Sainz Jr. vinha com um ritmo impressionante, conseguindo passar a quatro voltas do fim o seu companheiro de equipa, Max Verstappen, para ficar com o último lugar pontuável, e no inicio da última volta, passou o Red Bull de Daniil Kvyat, para ser o nono classificado.
E assim foi: Nico Rosberg foi o grande vencedor da corrida espanhola, em mais uma dobradinha dos Flechas de Prata, com Sebastian Vettel a ficar com o lugar mais baixo do pódio. Raikkonen não conseguiu passar Bottas, enquanto que atrás deles ficaram Felipe Massa, Daniel Ricciardo, Romain Grosjean, Carlos Sainz Jr. e Daniil Kvyat.
E dos vinte carros à partida, dezoito chegaram ao fim. E a verdade vem sempre ao de cima: Barcelona consegue sempre manter a sua reputação de ser a corrida mais chata do ano. A sorte é que logo a seguir, vem o GP do Mónaco...
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