sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

O que aprendemos destes testes? (parte 1)

Com os primeiros testes da Formula 1 de 2016 a chegarem ao fim, em Barcelona, poderemos chegar a algumas conclusões sobre o que vêm aí em Melbourne e nas corridas seguintes. Há pelo menos duas óbvias, é que a Mercedes está muito consistente e andou o tempo todo a correr com pneus médios, e que a Ferrari melhorou bastante em relação a 2015, mostrando que está a fazer o seu trabalho de casa em relação a diminuir a diferença para os carros construídos em Brackley.

Mas como todos sabem que as equipas andaram a trabalhar ao longo deste inverno, poderemos afirmar que a Haas fez um bom trabalho e a Manor melhorou bastante. Quanto à McLaren, há preocupações, e a Renault já sabe que vai fazer um longo caminho. E apesar dos fogachos da Force India, é preciso dizer que os tempos foram usados com os ultra-macios.

E sobre os novos pneus da Pirelli, há muito para dizer. Como os famosos "pneus roxos" - os ultra-macios - que até agora se mostram que podem aguentar cerca de sete voltas até perder a sua eficácia. Parece que vão ser mais pneus de qualificação do que outra coisa, mas é preciso saber onde é que eles o irão usar, e onde o irão usar. Especula-se que poderão ser usados nos circuitos citadinos, como o Monaco ou até Baku, mas uma coisa é certa: com os novos compostos da marca italiana, os tempos vão baixar. E muito: logo no primeiro dia disseram que os tempos por volta caíram em cerca de três segundos em relação a 2015.

Agora, o que mais impressiona é a consistência da Mercedes. De acordo com o gráfico desenhado em cima - e podem ver mais na página do Comissário no Facebook - os carros guiados por Nico Rosberg e Lewis Hamilton andaram mais mil quilómetros do que o segundo classificado, numa média superior a 786 quilómetros. São pouco mais de dois Grandes Prémios por dia! E os carros nunca apresentaram qualquer problema grave em termos mecânicos. Como é tipico dos alemães, uma eficiência que até espanta. E parece que poderemos ter mais do mesmo em 2016...

E quanto a tempos? Não estavam preocupados com isso. Até se deram ao luxo de testar uma nova asa dianteira!

Já no lado da Ferrari, eles estavam preocupados em saber como andariam em relação à concorrência. O SF-16H portou-se bem com Sebastian Vettel e Kimi Rikkonen ao volante, mas não rodaram muito. Queriam saber o que eram em termos de velocidade, se eram capazes de andar ao nível dos alemães. E parece que...sim. Fez testes de Endurance - Vettel fez 126 voltas na terça-feira - e o alemão afirmou que estava contente com a maneira como o novo carro reagiu, especialmente ao saber que não teve grandes contratempos. Algo que não se pode dizer no caso de Kimi Raikkonen, que teve problemas com a bomba de combustível na quarta-feira, e com um radiador furado no dia seguinte. Mas teve tempo para fazer uma serie de voltas com os ultra-macios e baixou em cerca de dois segundos em relação ao ano passado.

O mais interessante é que a segunda equipa que mais rodou, a Toro Rosso, trouxe o seu chassis... que não foi apresentado. Com uma pintura azul escura simples, o STR11 andou nas mãos de Carlos Sainz Jr e Max Verstappen preocupados em rodar o mais possivel, para ver se os sistemas estão a funcionar. Parece ser um chassis bem nascido, e o motor Ferrari é suficientemente potente para aparecerem no meio do pelotão, talvez para incomodar os Force India. E usou a mesma tática da Mercedes: ousou os médios e dispensou os moles e ultra-moles da Pirelli. E parece que resultou.

Havia expectativas sobre a novata Haas. Andaram um ano e meio a preparar-se para a competição, e quando por fim rolaram, parece que surpreenderam muita gente, apesar dos percalços com a asa dianteira logo no primeiro dia, que quebrou em plena reta. Mas depois disso, tudo correu sem problemas de maior, conseguindo fazer mais de 1300 quilómetros e com tempos que, colocando os macios, colocaram entre os melhores. Romain Grosjean até fez o segundo melhor tempo do dia na quarta-feira.

Já a Manor, também andou de forma decente... pelo menos, enquanto tiveram no cockpit o alemão Pascal Wehrlein. Competente e consistente, o campeão do DTM acumulou 125 voltas sem erros e usando a mesma tática da Mercedes, rodando apenas em pneus médios, e dando tempos decentes, que poderão fazer com que se aproxime do meio do pelotão. No caso de Rio Haryanto, o estreante indonésio cometeu os seus erros tipicos de estreante, batendo nos pneus na tarde de quinta-feira, fazendo com que os testes acabassem mais cedo para a equipa. Mas os tempos prometem.

Na segunda parte, falarei da Williams, Force India e McLaren.  

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