terça-feira, 29 de março de 2016

A imagem do dia

Hoje passam-se 35 anos sobre o GP do Brasil de 1981, realizado no  - já extinto - Autódromo de Jacarépaguá. Mas se muitos se vão lembrar sobre a polémica entre os pilotos da Williams e a desobediência de Carlos Reutemann às ordens de que ele abdicasse da vitória a favor de Alan Jones, já eu recordo de outro episódio que valeria um filme: a de como um piloto foi para o seu carro à última da hora e conseguiu o melhor resultado de sempre da sua equipa... e a volta mais rápida.

O suíço Marc Surer sempre foi uma espécie de "super-sub" ao longo da sua carreira, passando por ATS, Ensign, Theodore, Arrows e Brabham, entre 1979 e 1986, conseguindo 17 pontos em 88 corridas. No inicio de 1981, a sua equipa, a Ensign, tinha decidido correr só com um carro e este estava sempre disponivel para quem desse mais, pois a equipa não tinha muito dinheiro em caixa. Depois de Surer ter corrido em Long Beach, o seu lugar seria ocupado pelo colombiano Ricardo Londoño-Bridge, o primeiro da sua história, e que tinha bons patrocínios locais. Londoño chegou a posar com o capacete e a dar algumas voltas no circuito brasileiro, na quinta-feira, mas um toque com o Fittipaldi de Keke Rosberg acabou o seu dia por ali.

Contudo, no final desse dia, a FISA decidiu também que Londoño não iria ter a oportunidade de largar, não tendo a respectiva Super-Licença. Desesperado, Mo Nunn foi à procura de Surer, que o encontrou num dos hotéis do Rio, e lhe pediu para pegar no capacete e ir correr.

Não foi o último a largar - conseguiu o 18º tempo - e na corrida, limitou-se a ser veloz entre os pingos de chuva e a conseguir a melhor performance de sempre da equipa, conseguindo um quarto lugar e a volta mais rápida, algo que surpreendeu imensa gente. Surer ficou até ao GP do Mónaco, onde conseguiu um sexto lugar, mas depois cedeu o seu lugar para o chileno Eliseo Salazar, onde deu à equipa mais um ponto, sendo sexto no GP da Holanda. Surer prosseguiu a sua carreira, correndo na Theodore.

Londoño-Bridge não teve mais oportunidade de correr na Formula 1, mas a sua vida foi atribulada na sua Colombia natal, com um final sangrento, depois de se envolver com os cartéis de narcotráfico, pois era dele que se compravam os bens de luxo que eles desejavam. O negócio foi confiscado no inicio dos anos 90, no auge da guerra contra o cartel de Medellin, de Pablo Escobar. Londo-no-Bridge reconstituiu a sua vida, mas a 18 julho de 2009, foi vitima de um tiroteio, com mais duas pessoas.  

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