segunda-feira, 28 de novembro de 2016

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Como cantou certo dia Chico Buarque, "foi bonita a festa, pá". Em Abu Dhabi, todos comemoraram um titulo merecido. E digo isto porque todos os campeões o merecem o "caneco" alcançado. Por muito que digam que Nico Rosberg não o mereça, respondo com uma frase que li hoje no Twitter: "por cada Gilles Villeneuve há sempre um Jody Scheckter".

O título de Nico não caiu do céu aos trambolhões. Foi conquistado ao longo de 21 corridas, no campeonato mais longo de sempre. Alcançou-se graças à persistência de se saber lá estar quando os seus adversários falharam. Pode-se dizer que esse momento decisivo aconteceu em Sepang, quando o motor de Lewis Hamilton explodiu na corrida malaia. E como o pior momento de Nico foi aquele toque no Red Bull Ring, que o fez arrastar até ao oitavo posto da corrida austríaca, podemos dizer que tudo ficou decidido nesses detalhes. E digo isto por Barcelona não conta. Afinal, nessa prova, foram auto-eliminados...

Nico Rosberg tornou-se no segundo filho de campeão a ser campeão, vinte anos depois de Damon Hill. E entre ambos, tiveram 34 anos a separá-los. E por coincidência, os primeiros títulos de Graham Hill e do seu filho foram separados por... 34 anos (1962-96). Foram campeonatos ganhos com cérebro, e porque "estavam lá", algo do qual muita gente não gosta lá muito. Daí dizerem que a Formula 1 está como está... mas alguma vez esteve como eles queriam, numa espécie de Paraíso da Terra, antes do Pecado Original? Ou foi algo que eles congelaram nas suas mentes, um dia, e desde então tem tentado repetir? Algo que provavelmente não voltará mais?

A Formula 1 - e o automobilismo, no geral - são muitos momentos, interligados uns nos outros. Há poucos momentos altos, mas muitos momentos médios, aqueles que raramente são recordáveis. Mas fazem parte. Todos fazem parte. Há Sennas, Fangios, Villeneuves, Clakrs, Schumachers, da mesma forma que há Inoues, Deletrazes, Chaves, Rebaques, Zuninos, Ides... gloriosos "rejects" que apareceram nos ecrãs de televisão pelas piores razões, serem tão lentos que envergonhavam o mais lento dos caracóis. Mas os medianos também fazem parte da vida do automobilismo, por muito que os queiram colocar para debaixo do tapete da História. Quer queiram, quer não, eles existem. 

Muitos vão dizer que a história deste campeonato é a do título que Hamilton perdeu, irão denegrir Nico Rosberg até quanto puderem. Vão dizer que é o campeonato que revelou Max Verstappen, também. Mas lembro-me que em 2010, havia quem dissesse que Michael Schumacher, no seu regresso, ainda iria ter forças para "desfazer" o filho de Keke Rosberg. Schumacher acabou por ter um só pódio nas três temporadas em que lá teve e as vezes em que o superou na grelha de partida contaram-se pelos dedos de uma mão. Há quem possa dizer justificar os factos porque Schumacher estava velho, mas os factos estão lá, não podem ser escondidos ou ignorados.

Nico Rosberg teve hoje, aos 31 anos de idade, o título que merecia há muito. Não é espalhafatoso, é um homem de familia. Não tem o corpo coberto de tatuagens, mora no Mónaco. Não tem Kanye West como amigo pessoal, é alemão. Não tem um avião particular de cor vermelha ou de outra cor, não leva animais de estimação para os circuitos, é casado e tem filhos. Trabalha muito e teve aqui a sua recompensa. E tal como seu pai em 1982, mereceu-o inteiramente este troféu. 

Parabéns, Nico! 

1 comentário:

Cláudio Guerra disse...

Concordo plenamente.
Foi uma conquista muito bem merecida.
Nico Rosberg, aproveite a sua vida ao lado da sua família.
Parabéns!
Abraços.