Corrida no Mónaco é sempre diferente. É uma monarquia-estado, onde se vê a olho nu as suas fronteiras, e as suas realizações desportivas a colocam no mapa mundial. Em janeiro é o rali, em maio é o Grande Prémio, e nessas alturas (a não ser este ano, com a equipa local de futebol a vencer o campeonato... francês) é que a cidade está nas bocas do mundo, ainda por cima, numa altura em que comemora a sua 75ª edição.
E hoje, nas ruas desse Principado, a corrida tornou-se interessante por ver que a Ferrari está na mó de cima. Depois do que aconteceu na véspera, conseguindo um monopólio para a Scuderia que não acontecia desde há quase 40 anos, e uma pole-position muito popular, nas mãos de Kimi Raikkonen. E imediatamente antes, a transmissão passou uma comunicação transatlântica: de Indianápolis, onde iria corer dali a umas horas, Fernando Alonso falava com Jenson Button, desejando-lhe sorte, ao que o britânico lhe respondeu dizendo que "iria mijar no seu assento!"
A partida começou sem problemas, com Kimi Raikkonen a manter a liderança perante Sebastien Vettel e o resto do pelotão. E nas voltas seguintes, os carros vermelhos começaram a afastar-se de Valtteri Bottas, terceiro e o melhor do resto do pelotão. Aliás, o único que conseguiu ganhar lugares nesta primeira volta foi Kevin Magnussen, que passou para a nona posição.
Na cauda do pelotão, alguns pilotos decidiram parar logo no inicio da corrida, por causa da estratégia, que previa apenas uma paragem. Pascal Wehrlein e Jenson Button fizeram-no... mas não sem polémica, pois o piloto da Sauber saiu com o da McLaren também a sair ao mesmo tempo. Claro, Button queixou-se, mas pelos vistos, este ano, os comissários não estão tão picuinhas assim...
Nas voltas seguintes, Kimi afastou-se em quase três segundos sobre Vettel, e Bottas, o terceiro, também tinha cerca de dois segundos sobre o alemão da Ferrari. Mas de resto, o aborrecimento tinha-se instalado na corrida, pois ali, ultrapassagens são muito complicadas. A primeira desistência aconteceu na volta 16, quando Nico Hulkenberg quebrou a sua caixa de velocidades do seu Renault. E doze voltas depois, os Ferrari já estavam na traseira de Jenson Button.
Na volta 33, Max Verstappen tentou ganhar a Bottas nas boxes, com o holandês a parar primeiro, e o finlandês a fazer depois. A estratégia não resultou, e o piloto da finlandês manteve o terceiro posto. Na volta 35, Kimi Raikkonen vai às boxes, fazendo a sua única troca da corrida. Vettel aumentou o ritmo, com Daniel Ricciardo no segundo posto, a quase cinco segundos. O australiano entrou nas boxes na volta 39, uma volta depois de Carlos Sainz Jr, deixando Vettel mesmo sozinho na frente, batendo volta mais rápida atrás de volta mais rápida. O alemão vai à boxe na volta 40, e o ritmo é mais do que suficiente para manter na frente da corrida. A ultrapassagem estava feita, a alteração na frente da corrida parecia ser definitiva.
E nas voltas seguintes, o alemão, ao conseguir afastar-se do seu companheiro de equipa, com um ritmo bem superior a ele - com pneus novos, claro - mostrou que, mais do que ter o melhor carro, tinha também o melhor ritmo que o veterano finlandês. Contudo, ambos estavam bem afastados do terceiro classificado, na altura era Daniel Ricciardo, que aguentava Valtteri Bottas e um Max Verstappen que queria passar ambos para ser terceiro, naquela luta pessoal dentro da equipa da Red Bull.
Mas até à volta 62, a corrida iria ser uma longa procissão, sem incidentes, de um GP do Mónaco que arriscava a ser dos mais aborecidos da História. Contudo, a entrada do Safety Car começou quando o Sauber de Pascal Wehrlein foi tocado pelo McLaren de Jenson Button, causando o abandono dos dois. O incidente foi na curva Portier, e o Sauber do alemão ficou "de pé", mas os pilotos puderam sair dos seus carros sem mais incidentes. Safety Car na pista, alguns pilotos foram às boxes trocar de pneus, e mesmo assim, isso foi suficiente para que Marcus Ericsson também acabasse batido em Saint Devote, quando tentava desdobrar-se do pelotão, ainda com o Safety Car em pista!
E se achavam que na volta 66, quando este saiu de cena, as coisas voltariam ao normal, enganaram-se: houve também alguns toques na Curva 1, primeiro Ricciardo, sem consequências, e depois Stoffel Vandoorne, quando Sergio Perez o ultrapassou e encostou o piloto à parede, sem ele poder reagir.
E as ultrapassagens musculadas do mexicano da Force India continuaram quando ele quis passar Daniil Kvyat em La Rascasse, e acabou batendo no russo da Toro Rosso. Os danos fizeram com que ele acabasse no fundo do pelotão, com Kvyat a ter pior sorte, desistindo mais adiante, no Casino. Contudo, mesmo com estes danos, o mexicano voltou à pista para marcar a volta mais rápida da corrida.
No final, a corrida passou a ser de sobrevivência, no meio do pelotão, mas passando os incidentes, o Safety Car não entrou mais na pista até ao final, e assim Sebastian Vettel deu à Ferrari a sua primeira vitória no Principado em dezasseis anos, e claro, uma dobradinha para a Scuderia. A primeira desde o GP de Espanha de 2008! E com o terceiro lugar para Daniel Ricciardo, isso significava que pela primeira vez em mais de um ano que não havia um Mercedes ou um carro com motor Mercedes naquela parte.
E com quase um terço do campeonato alcançado, parece ser um facto de que a Ferrari está na mó de cima. E da maneira como Sebastian Vettel venceu, parece que o alemão colocou-se na pole-position para ser pentacampeão em 2017. Mas claro, falta muito campeonato...
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