Li por estes dias um artigo no Medium que tinha um titulo bem interessante: “Carmagedão”. Essencialmente, o artigo fala de uma tempestade perfeita entre as tecnologias do smartphone, do carro elétrico e da autonomização, do qual poderia fazer com que num espaço de dez a quinze anos, transformar a industria automóvel, o trânsito automóvel e a mobilidade em algo completamente diferente daquilo que vivemos hoje. (...)
(...) Em suma, certas profissões poderão estar à beira da extinção e certas coisas na paisagem poderão desaparecer ou serem reconvertidas. Daqui a vinte anos, se ainda haver taxistas é porque o “lobby” é mais poderoso e haverá legislação que os proteja contra os “Ubers” da vida, os mecânicos serão coisas do passado e se dedicarão a reparar os carros clássicos, e as bombas de gasolina se converterão em estações de carregamento de carros elétricos…
(...)
Entretanto, na Formula 1, a FIA decidiu poucos dias depois do GP britânico que irá colocar o sistema Halo nos cockpits a partir de 2018, deixando para trás outros sistemas como o “Shield”. Que curiosamente, foi experimentado nesse final de semana por parte de Sebastian Vettel, e que acabou após uma volta porque o alemão… ficou tonto.
A decisão da FIA causou uma tempestade, e os fãs reprovaram quase por unanimidade o sistema de segurança por razões puramente estéticas. Claro, os fãs com mais humor disseram que a Formula 1 terá a partir da próxima temporada “os chinelos mais velozes do mundo”.
Contudo, esta era uma decisão inevitável porque a FIA tinha adiado esta decisão no ano passado, para poderem experimentar novos sistemas de segurança. Eles tinham experimentado o Halo e quase todos odiaram por razões estéticos, e a FIA entendeu que deveria ser adiado para dar chances de aparecer um sistema alternativo. O “escudo” foi (e é) a melhor alternativa para os pilotos, melhor em termos estáticos, mas a FIA lembrou a todos que tinha de tomar uma decisão de imediato e decidiu pelo sistema anterior, apesar da abertura pelo “escudo” para um futuro mais ou menos longínquo. (...)
São vislumbres de um mundo em mudança. Nos próximos anos, os automóveis elétricos vão explodir, com baterias que igualem ou até superem os depósitos de combustível dos carros a gasolina. A sua estigmatização - por causa da poluição atmosférica - o seu preço, bem mais barato do que abastecer o carro de gasolina, a independência energética e no final, a carteira, poderão fazer com que as pessoas passem a usar esse tipo de carro no momento em que vir que é uma opção mais barata. Podem os mais nostálgicos e os mais "xiitas" se queixar que isso será o fim dos automóveis, mas na realidade será mais o fim de um mundo que aprenderam a crescer e a viver.
Por outro lado, a introdução do sistema HALO de segurança nos carros de Formula 1 foi acolhida com reprovação geral, mais por razões estéticas do que saber se acrescentaria mais alguma coisa à segurança. A FIA quer agora um sistema de proteção para os pilotos, algo que já se falava há oito anos, depois do acidente de Felipe Massa, mas apenas se interessou verdadeiramente depois do acidente mortal de Jules Bianchi, em 2014. E apesar das promessas de que irão colocar um melhor (e mais bonito) sistema de proteção da cabeça do piloto mais tarde, uma certa ideia da Formula 1 pode ter ficado definitivamente para trás. É sobre isso e outras coisas que falo este mês no Nobres do Grid.
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