quarta-feira, 11 de julho de 2018

Aurora Series: A História da Formula 1 britânica (parte 2)

(continuação do episódio anterior)


UM CURTO AUGE


Em 1979, as regras foram mudadas: o sistema de pontuação tornava-se igual ao da Formula 1, pontuando os seis primeiros, mas o "poleman" tinha dois pontos extra. O calendário era alargado para quinze provas, três delas fora da Grã-Bretanha: uma em Nogaro, em França, outra em Zandvoort e uma terceira em Zolder, que era a prova de abertura, a 1 de abril. O pelotão era na sua maioria constituída por ingleses, mas havia muitos belgas, como Bernard De Dryver ou Patrick Néve, italianos como Gianfranco Brancatelli e... Giacomo Agostini, o multicampeão do mundo de motociclismo e que como outros como Mike Hailwood e John Surtees, estava a tentar a sua sorte nas quatro rodas, irlandeses como David Kennedy e americanos, como Gordon Smiley.

E também havia mulheres: para além de Divina Galica e Desirée Wilson - num Tyrrell 008 da Melchester Racing - também estava a italiana Lella Lombardi. E aspirantes a um lugar no futuro, como Derek Warwick.

O companheiro de equipa de Wilson era Rupert Keegan, outro piloto com experiência na Formula 1 em equipas como Hesketh e Surtees, e de uma certa forma, era um dos favoritos ao campeonato. Mas Keegan não estava presente na prova de Zolder, que foi vencida por Dave Kennedy, num Wolf WR04 de 1977. Repetiu a vitória em Oulton Park, duas semanas nais tarde, e ambos viram vencer Guy Edwards dois dias depois, em Brands Hatch, durante a Race of Champions, misturados com alguns carros oficiais de Formula 1. Se Gilles Villeneuve foi o vencedor no seu Ferrari, Edwards conseguiu o lugar mais alto do pódio da sua categoria ao volante de um Fittipaldi F5A.

O resto da temporada foi um duelo entre Keegan e Kennedy, com interferências de Emilio de Villota, no seu Lotus 78. Keegan, num Arrows A1, venceu duas seguidas em Mallory Park e Snetterton, em maio, antes de Emilio de Villota estrear-se nos vencedores, com um Lotus 78, em Thruxton e Zandvoort, no inicio de junho. Keegan volta a vencer em Donington Park, a 24 de junho, antes de De Villota vencer em Oulton Park e Nogaro, a 8 de julho, onde Keegan não participou.

Kennedy voltou a vencer, em Mallory Park, mas ao volante de um Wolf WR6, antes de Ricardo Zunino vencer em Brands Hatch, a 27 de agosto, e Keegan vencer as duas penultimas provas do campeonto, em Thruxton e Snetterton. Apesar disso, a regularidade de Kennedy tinha-o colocado na frente do campeonato, 63 pontos contra 56 de Keegan e 55 de Emilio de Villota, quando todos iam a Silverstone para a última corrida do ano, a 7 de outubro.

Na prova de 35 voltas, bastava a Keegan ser terceiro, e Kennedy desistir para ser campeão. Mas do outro lado, uma vitória seria suficiente para o irlandês ficar com os louros, graças à sua regularidade, e claro, De Villota espreitava por uma oportunidade. Mas no dia da corrida, a pista estava molhada - com tendência para secar - e Keegan tinha vantagem, pois fizera a pole-position. Kennedy estava a seu lado, com Gordon Smiley e David Purley na segunda fila e De Villota era apenas oitavo, atrás de Geoff Lees.

A pista secava e muitos apostavam em pneus secos, esperando que a pista secasse ainda mais. Na partida, Kennedy largou bem, e Keegan era engolido pelo pelotão. Gordon Smiley, no seu Surtees TS20, era segundo e cedo atacava Kennedy. No final da primeira volta, era o americano que liderava, enquanto Keegan passava Kennedy, relegando-o para o terceiro posto.

As voltas seguintes foram de um duelo a três. Keegan era lider na volta oito, mas para Kennedy, estava tudo controlado, pois seguia na terceira posição, e via Smiley lutar pela vitória. O irlandês atacou na volta 11 para ser segundo, e controlar tudo a seu favor, ao mesmo tempo que Emilio de Villota desistia, vitima de despiste.

O momento decisivo acontece no final da volta 13. Os três andam juntos e Kennedy tenta passar Keegan antes da chicane de Woodcote. Ambos tocam-se e o irlandês acaba nas redes de proteção, enquanto Keegan evita-as... e evita por muito pouco o Lotus de De Villota e alguns comissários que o tentavam tirar dali. A sua sorte foi aquilo que necessitava para ser campeão. No final, Smiley venceu e Keegan foi o segundo, sendo campeão por apenas dois pontos.


GRELHAS ESVAZIADAS


Em 1980, o carro da moda passava a ser o Williams FW07, e alguns pilotos o usavam quer na Formula 1, quer na Aurora Series. Pilotos como o espanhol Emilio de Villota ou o chileno Eliseo Salazar gtinham um desses carros, contra o Wolf WR4 de Desirée Wilson, o Fittipaldi F5A de Val Musetti e o Arrows A1 de Guy Edwards, entre outros.

O calendário tinha doze provas, uma delas em Itália, o Monza Lotteria, e começava a 4 de abril, em Oulton Park. Guy Edwards venceu com o seu Arrows, e três dias depois, em Brands Hatch, no Evening News Trophy, Desirée Wilson tornava-se na primeira mulher - e única até agora - a vencer com um carro de Formula 1. Salazar vence a 20 de abril, em Silverstone, com o seu Williams FW07, mas depois, De Villota vence na primeira passagem por Mallory Park, com Salazar a responder, vencendo em Thruxton.

Contudo, a regularidade é rei e o espanhol vence cinco corridas, contra os quatro de Salazar, mas acumula mais quatro pódios e vence o campeonato, com 85 pontos, contra os 52 conseguidos pelo piloto chileno. Mas por esta altura, as grelhas de partida estão cada vez mais pequenas, apesar de haver vinte carros à partida da última prova do ano, em Silverstone. Também por esta altura, o mundo vivia o segundo choque petrolífero, com os preços em alta, e a falta de patrocinadores não ajudava à competição. Assim sendo, não houve competição em 1981.

Em 1982, tentou-se um reavivar da competição, mas não atraiu mais que dez carros. A Ensign chegou a inscrever uma "equipa B", com dois velhos chassis 180B, para Jim Crawford, que tinha experiência na CART, e o americano Joe Castellano. Tony Trimmer voltava com um Fittipaldi F8, e havia dois Williams FW07 para o peruano Jorge Koechlin e o britânico Steve O'Rourke.

A temporada começa com a Gold Cup, em Brands Hatch, com Trimmer a vencer no seu Fittipaldi, mas a seguir, Crawford vence nas quatro corridas seguintes. Contudo, não aparecem muitos mais carros - chega a ser inscrito um BRM P207 com cinco anos - e quando Castellano vence em Brands Hatch, a 30 de agosto, a bordo do seu Ensign, é a última vez que a Formula 1 britânica faz a sua aparição. Assim termina uma competição que serviu como substituição dos Formula 5000 e que por um tempo, serviu como lugar onde os carros de Formula 1 ganhavam nova vida.

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