segunda-feira, 30 de julho de 2018

E se o Roborace resgatar o passado?

Desde que se soube da realização da Roborace, a competição de carros guiados autonomamente, sem condutor, existe uma grande expectativa sobre o que isto irá ser, bem como uma multidão de "puristas" que afirmam isto não ser automobilismo ou ser a morte do automobilismo. Contudo, caso comecem a ler este artigo vindo originalmente no site e-racing365.com, provavelmente terão mais razões por considerar isto como um sacrilégio.

Bryn Balcombe, o chefe de estratégia da Roborace, fala que se pensa em usar os dados gravados no passado pelas equipas de Formula 1 com o intuito dos carros imitarem os estilos dos pilotos ao volante. Ou seja, poder replicar estilos de pilotos atuais como os de Lewis Hamilton ou Sebastian Vettel, ou até de pilotos do passado, como Michael Schumacher ou Ayrton Senna, no sentido de poder dar um elemento de personalidade aos carros. Por outras palavras, dar "alma" a carros sem condutor.

"Uma coisa que nos perguntam [muito] é se podemos replicar um piloto humano existente ou um piloto humano histórico", começou por dizer Balcombe.

Então, você pode colocar Lewis Hamilton no simulador e, em seguida, pegar os dados do simulador e usá-los para criar uma versão AI de Lewis Hamilton, que é o piloto do carro? Ou até mesmo se Ayrton Senna pode voltar, como futuro piloto de IA?", continuou.

"Se você olhar para os dados que a McLaren tem sobre a história de condução do Senna e sobre o que a Williams também tem, você pode pegar isso e criar o que seria uma representação realista de Senna e do seu estilo de condução", concluiu.

Balcombe acredita que a Roborace poderá ser um encontro entre os estilos de condução do passado, presente e do futuro, todos numa pista, e poderia servir como tira-teimas sobre quem são os melhores de sempre. Mas ele também acredita que essa abordagem permitirá que os espectadores que assistam a estas corridas se associem aos participantes, apesar da ausência de um motorista humano. As equipas poderão ajustar os estilos de condução de seus carros para desfazer as "personalidades de corrida" que são vistas no automobilismo hoje.

"Quando você assiste à Fórmula 1, não consegue ver o rosto do piloto. O modo como os pilotos de corrida se expressam é pela forma como o carro é controlado. Quando você assiste a um jogo de ténis, por exemplo, é muito mais fácil ver suas expressões e também a maneira como eles se movem."

Com um piloto de Fórmula 1, você vê isso pela maneira como controlam o veículo e a maneira como interagem com os outros. A partir disso, você sabe se eles são agressivos ou passivos. Acreditamos que o software que está dentro desses veículos será diferenciado. Ele será produzido por equipes diferentes e eles colocarão pesos diferentes lá sobre quão agressivo ser ou não, ou quão difícil de guiar."

A partir disso, o público verá personalidade. Eles se conectarão a uma ou outra equipa, com base nas ações do veículo. Essa é uma maneira de fazer isso", concluiu.

A Roborace afirma que irá fazer uma nova demonstração no final do ano, enquanto continuam os testes para o melhoramento do estilo de condução dos carros autónomos.

Em suma, é fascinante, mas ao mesmo tempo pode ser perigoso. Muitos não aceitariam a ideia de rever os seus ídolos em carros sem condutor. Muitos dizem neste momento que a partir da altura em que existir corridas deste tipo, o automobilismo como conhecemos está morto. Mas de uma certa maneira, isto é uma evolução, um não significa a supressão do outro, pois continuarão a existir corridas de carros com condutor, é apenas mais uma chance fantástica de vermos automobilismo. 

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