terça-feira, 8 de janeiro de 2019

O que esperar do novo homem-forte da Ferrari?

Maurizio Arrivabene sai, Mattia Binotto entra. Aconteceu no inicio do ano, o que é um tempo critico para a planificação da próxima temporada. Com a Scuderia a não conseguir qualquer título desde 2007, para os Construtores, e com duas tentativas sérias de quebrar a hegemonia da Mercedes nas duas últimas temporadas, acabando ambas mal, a estrutura tinha de ser revista para ver se da próxima vez quebram o domínio da Mercedes. 

A diferença de ambos é grande. Arrivabene era um administrativo, tendo vindo do marketing - trabalhou na Philipp Morris (Marlboro) por muitos anos - e agora Binotto é um engenheiro. Mas um engenheiro competente, pois foi graças a ele que os motores da Scuderia começaram a ser competitivos, vencendo corridas, mas faltando chegar ao título. Contudo, boa parte desses "quases" pouco ou nada teve a ter com a sua área, logo, é o menos culpado.

Mas também temos de colocar isto no lado politico. A Ferrari - e o grupo FCA no geral - está em transição desde o verão passado, com a morte de Sergio Marchionne. John Elkann, o novo presidente do Grupo, e da Ferrari em particular, teve de mexer em algumas coisas para consolidar o seu poder, e isso, segundo contam alguns "insiders", faz com que a equipa pagasse o preço, pois a falta de desenvolvimento - e os erros dos pilotos - não impediram que a Mercedes e Lewis Hamilton voltassem a vencer no campeonato, quase fazendo pensar que a Formula 1 seria a coutada dos "Flechas de Prata". E claro, também que o seu piloto principal, Sebastian Vettel, fosse contestado a ponto de muitos estarem agora a torcer que o seu novo companheiro de equipa, o monegasco Charles Leclerc, o coma de cebolada.

Na realidade, a escolha de Leclerc também teve a ver com politicas internas. Na segunda metade do ano, parte da estrutura dirigente até queria manter Kimi Raikkonen por mais uma temporada. Isso era algo do qual Marchionne até estava interessado, mas Elkann, para além de ser bom amigo do finlandês, deixou que o profissionalismo falasse mais alto, e escolheu o monegasco, porque ele vinha da "cantera" da marca, e eles também queriam mostrar serviço.

Contudo, ao ler o artigo que o Jonathan Noble escreveu hoje na Autosport britânica, Binotto pode ser uma mais valia na Ferrari. Um excelente técnico, muitos consideraram que ele poderá dar à Scuderia a visão estratégica que não teve nas últimas temporadas, principalmente na parte critica, quando tinha de fazer a movimentação necessária para bater a Mercedes. Claro, muitos viram isso, mas apontaram para o lado errado, dizendo que Vettel ou Raikkonen, os pilotos - e os que dão a cara - como sendo culpados. E depois, passa a ideia de que a Scuderia é um local onde se queimam carreiras, como foi com Fernando Alonso, por exemplo.

Binotto é um excelente técnico, e conhece os cantos à casa. Está na Scuderia desde 1995 - é uma vida, digamos assim - e mostrou serviço. E as suas ideias poderão ser bem úteis para que eles dêem o pulo que andam tão necessitados desde os tempos de Ross Brawn, Jean Todt e claro, Michael Schumacher. Doze anos começa a ser muito tempo, e o pessoal já começa a não ter paciência. E pode ser que Sebastian Vettel alcance o tão sonhado penta e bata Lewis Hamilton. Mas resta saber se por fim, vão dar um conjunto de sonho para os pilotos guiarem.  

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