Sochi é um lugar idílico, onde as quatro estações do ano bem combinam naquele lugar. Situado aos pés do Cáucaso, os russos escolheram-na para sediar os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, gastando mais de 50 mil milhões de dólares em infraestruturas. Contudo, para evitar o deserto inevitável depois de realizada a Olimpíada, decidiram colocar um circuito - desenhado por Hermann Tilke, claro - para fazer com que alguém viesse a aquele lugar todos os anos e fizesse ter uma razão. Calhou a Formula 1 - que não é um desporto olímpico - mas por 25 ou 30 milhões se dólares, faz o seu trabalho, embora a pista seja considerada uma das mais aborrecidas do calendário.
Contudo, o GP da Rússia de Formula 1 - que desde 2014 é vencida pela mesma equipa - teve o mesmo vencedor, mas com algumas incidências que resultaram no mesmo desfecho. Alguns poderão afirmar que foi azar dos outros, outros refutarão que tem a ver com uma hierarquia que já deveria acontecer, mas a direção deixa que corram. Vá-se lá entender o que os fãs querem.
O que os fãs também deveriam entender é que isto já está decidido há muito tempo, e apenas vivíamos um interregno.
A história desta corrida começa assim: com Alex Albon a partir nas boxes, a partida começou com Charles Leclerc a superar Lewis Hamilton, que tentava ficar com a liderança. Mas depois de impor o seu carro, acabou por ser superado por Sebastian Vettel. O britânico chegou a aguentar os ataques de Carlos Sainz Jr, que esteve a seu lado, mas depois o superou, enquanto atrás, Romain Grosjean bateu forte no muro, por causa do toque com António Giovinazzi, que por sua vez, causou um furo no Renault de Daniel Ricciardo. Resultado final? Safety Car. O primeiro da corrida
Foi assim durante quatro voltas, até que o carro volte às boxes, tempo suficiente para ouvir que havia ordens de equipa: Leclerc e Vettel iriam trocar de lugares. Contudo, Leclrc queria que ele trocasse logo de imediato, mas o alemão estava veloz, fazendo voltas mais rápida atrás de volta mais rápida. E o monegasco começava a queixar-se de que o alemão não estava a cumprir o combinado. E na volta 15, o alemão tinha uma vantagem de 3,5 segundos.
Com o passar das voltas, a degradação dos pneus era tão ligeira que na Mercedes, comunicava-se que os médios calçados poderiam aguentar por mais quinze voltas. E na volta 20, parecia que todas as janelas de paragem nas boxes tinham ido embora. E sem as paragens, parece que a emoção vinha mais na tensão entre pilotos para saber se apanham uns aos outros. Apenas na volta 22, a primeira paragem entre os da frente, com Lando Norris, da McLaren, que trocou para médios.
Duas voltas depois, Leclerc parou nas boxes, para médios, onde conseguiu 2,5 segundos. O monegasco caiu para quarto, atrás dos Mercedes, enquanto Hamilton tinha quase sete segundos de desvantagem sobre Vettel. E na volta 26, foi a vez do alemão parar, fazendo três segundos, e saindo atrás do monegasco.
Mas foi por pouco tempo: subitamente, sem aviso, o Ferrari fica sem potência e encosta na berma. Com Safety Car Virtual, muitos pilotos aproveitaram e trocaram de pneus, enquanto Hamilton decidiu trocar para moles, suficiente para que ficasse na liderança, provavelmente o suficiente para vencer a corrida.
Mas logo a seguir, George Russell falha a travagem e do virtual passou para o real, pela segunda vez na corrida. Muitos dos que tinham partido com médios aproveitaram para ir às boxes e trocar para moles, e isso incluiu... Lelcerc, que trocou para moles. Com isso, ele ficou atrás dos Mercedes, provavelmente entregando a dobradinha aos Flechas de Prata.
A corrida recomeçou na volta 32, com os Mercedes na frente, e Bottas aguenta Leclerc nas voltas seguintes, o momento decisivo para que o britânico pudesse escapar para o monegasco. Mas isso não aconteceu e aos poucos, as distancias alargavam-se. Atrás, no meio do pelotão, os Red Bull conseguiam ser superiores aos McLaren, com Alex Albon - que partia das boxes - a chegar à quinta posição.
E no final, Hamilton, tranquilamente, venceu em paragens russas. Não foi tanto pela sorte (ou aar dos outros), mas a estratégia também ajudou. O britânico mostrou que não só merecia a vitória, como vai ser o campeão, talvez em Austin. De uma certa forma, foi como dizer que já foi a altura dos outros deixarem de se mostrar que têm carro, porque eles são eles os mais consistentes. E esta vitória mostrou um pouco o nosso estado de espírito no inicio deste verão, ms tinhamos esquecido, com estas vitórias da Red Bull e da Ferrari: que os Flechas de Prata iriam ficar com tudo, mais uma vez.
Agora passamos a um clássico, mas até lá chegarmos, passarão duas semanas.
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