quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Considerações sobre um 2019 automobilistico (1)

1 - OS VENCEDORES


Lewis Hamilton. Ott Tanak. Josef Newgarden. Jean-Eric Vergne. Estes e outros enceram campeonatos ou importantes corridas desta ano automobilístico que acaba. É a estes que deveremos importar, o resto não interessa. Mas isso é uma observação simplista e superficial, do qual a esmagadora maioria dos adeptos de automobilismo faz. Não senta, não pensa, não quer saber, lê os títulos no Facebook e não quer saber mais. A realidade afirma o contrário: não chegaram ao topo sozinhos. Com maior ou menor dificuldade, enfrentaram uma concorrência e saíram triunfadores.

Lewis Hamilton poderá ter a seu favor ser o grande dominador da era dos V6 Turbo, e dos Mercedes serem os claros favoritos à vitória, e assim foi. Com um companheiro de equipa que não faz sombra - aprendeu com Nico Rosberg, em 2016 - o seu rival não foi nem Sebastian Vetttel, nem Charles Leclerc. Na realidade, foi Max Verstappen, porque não existiam expectativas em relação aos Red Bull, pois tinham os motores Honda, que fracassaram na Ferrari. Contudo, fizeram bem o trabalho de casa e deram ao piloto holandês vitórias na Áustria, México e Brasil, e ajudaram-o a dar o terceiro lugar dos Construtores à Red Bull, a uma distância mais curta de Ferrari e Mercedes.

Outro grande triunfador na Formula 1 foi a McLaren. Não ganhou corridas, mas pela primeira vez desde 2014 que subiu a um pódio, graças a Carlos Sainz Jr no Brasil. Com motores Renault ciente, conseguiu um bom chassis e os serviços de Andreas Seidl para que os seus pilotos, o estreante Lando Norris e o espanhol Carlos Sainz Jr. de conseguirem o quarto lugar no campeonato de Construtores, graças à presença constante dos seus pilotos nos seus primeiros lugares. E claro, bater a Renault na luta pelo meio do pelotão. E teve menos pódio que a Toro Rosso!

Chegados ao WRC, o estónio Ott Tanak fez história em 2019. Pela primeira vez desde 2003 que um vencedor não era francês, nem se chamava Sebastien. Aos 32 anos de idade, o piloto da Toyota alcançou o pináculo da sua carreira, depois de correr pela Ford, e nas últimas duas temporadas, a Toyota. Podia ter conseguido em 2018, mas Sebastien Ogier conseguiu ser mais consistente que ele. 

Contudo, a escolha do francês pela Citroen facilitou um pouco as coisas para o piloto estónio, cujo maior rival foram... os Hyundai. Contudo, com Thierry Neuville, Dani Sordo, Andreas Mikkelsen e Sebastien Loeb, a tempo parcial ou a tempo inteiro, não teve líder para alcançar o título de pilotos. De construtores, lá alcançou, mas às custas do cancelamento do rali da Austrália, a última prova do ano, por causa dos devastadores incêndios florestais que ainda afetam aquela parte do continente.

Mas em 2020, Tanak pulou a cerca e ai para a Hyundai, num movimento que parece anti-natura, porque os Toyota mostraram ser os mais velozes nas estradas. Quem agradece é Ogier, que largou a Citroen - e a marca do "double chevron" o WRC - e irá para a marca japonesa para tentar sair e grande, com mais um título mundial, ele que já decidiu fazer de 2020 a sua última temporada no WRC.

Na Endurance, os Toyotas dominaram a seu bel-prazer, quer o campeonato, quer nas 24 Horas de Le Mans. Sem concorrentes à altura na classe LMP1, enceram facilmente ambos os campeonatos, e deram títulos. A FIA e a ACO decidiram faer das suas corridas uma Balance of Performance para os igualar quase ao ponto da farsa. Um Rebellion a vencer em Xangai foi o corolário disso, mas de uma certa forma, isso ficou "esquecido num canto" por causa das discussões sobre a nova classe dos Hypercars e o que se promete para um futuro de um campeonato que agora é como na Formula E: começa num ano, acaba noutro.

E é sobre a competição de carros elétricos que se irá falar. É verdade: são todos iguais, em circuitos urbanos que não lembram ao diabo, excepto Hermanos Rodriguez e o Mónaco, mas isso não impede grandes corridas. e depois de um mau inicio de temporada, Jean-Eric Vergne fez uma prova de recuperação com o seu Techeetah e acabou por triunfar depois da jornada dupla da Nova Iorque. O potencial estava lá, lutou contra pilotos como Lucas di Grassi, Sam Bird e André Lotterer, mas pela segunda e seguida, conseguiu triunfar no campeonato, no seu DS Techeetah.

Um campeonato que já regressou à ativa, e ele teve um mau arranque, em terras sauditas, mas o piloto francês sabe do que têm e já mostrou do que é capaz. E ele, certamente, tem o estofo para triunfar nesta competição, mesmo que o seu principal rival tenha deixado de ser Lotterer - não se esqueçam, o primeiro rival é sempre o seu companheiro de equipa - para passar a ser António Félix da Costa, que costuma ser melhor que os seus companheiros de equipa nos muitos anos que já participou nesta competição.

E por fim, na Indy, num ano onde Josef Newgarden foi o melhor por ter vencido mais corridas - quatro - foi o equilíbrio habitual que teve como seu maior rival o francês Simon Pagenaud, que depois de alguns anos nas Américas - e o título de 2016 - conseguiu ser o primeiro francês a vencer as 500 Milhas de Indianápolis desde 1920, com Gaston Chevrolet. E onde provavelmente se viu o futuro da cmpetição naquelas paragens com a entrada em cena de Colton Herta, que aos 18 anos e na sua primeira temporada completa na competição, venceu duas corridas, uma delas em Austin, no Circuito das Américas.

Amanhã há mais balanço sobre o ano que vai acabar. 

1 comentário:

Manu disse...

Excelentes e completas análises!!