Acho que leio o Autosport há uns bons 30 anos, e sempre vi esta personagem como fazendo parte da "mobilia", embora também o tenha lido noutros lados, como a Autosport britânica, por exemplo. O seu conhecimento de ralis era tal que ninguém o contestava, digamos assim. Era um apaixonado.
Muitos do que tiveram o privilégio que o ver trabalhar, falavam sempre do homem com uma cabeleireira exuberante, das suas máquinas fotográficas, dos seus óculos quase anacrónicos. Depois, decidiu escrever livros sobre os ralis, sobretudo os anuários que se tornaram em enciclopédias, fontes de informação onde todos matavam a sede da modalidade do qual jurou não se reformar enquanto fosse vivo. Alguns desses anuários foram traduzidos para português graças ao Francisco Santos, e eram editadas ao lado dos anuários de Formula 1, por exemplo, nos anos 80 e 90, um auge dos livros de automobilismo.
Lógicamente, ia a todos os ralis. Desde a fria Suécia ao caloroso Safari, passando por Monte Carlo, Finlândia e Portugal. Todos os pilotos o conheciam, e ele fazia as perguntas que mais interessavam o respeito por ele era unânime.
Jornalista e antigo navegador de ralis Martin Holmes morreu hoje aos 80 anos de idade, depois de uma longa batalha contra o cancro. Estava no meio há mais de 60 anos e era um apaixonado do Rali de Portugal. Tinha nascido em Southampton, formou-se em direito, mas em 1959, começou a ser navegador de ralis a bordo de um Isetta, continuando assim até 1981, quando pendurou o capacete e o livro de notas e se dedicou ao jornalismo e aos seus livros, cujo último foi uma história do Rally RAC, em 2019.
De uma certa maneira, ardeu uma biblioteca do automobilismo. E este desenho do Ricardo Santos é uma homenagem a alguém que ajudou a moldar o WRC para aquilo que é hoje. Ars lunga, vita brevis.
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