domingo, 9 de maio de 2021

Formula 1 2021 - Ronda 4, Espanha (Corrida)


A ideia de uma boa corrida de Formula 1 em Barcelona já foi embora da minha mente há eras. O mais que se poe pensar é a sua previsibilidade. E é assim com coisas que os carros tem como a asa móvel e o DRS. Agora imaginem se não tivessem, como gostariam que certos "puristas" tivessem, baseado em critérios que apenas existem nas cabeças deles? Longos bocejos nos quatro canos do mundo seria o minimo...

E era um pouco isso que se pensava nesta entrada para o Grande Prémio de Espanha, apesar de Hamilton estar num esto de graça por causa da sua centésima pole-position, no dia anterior. E nove em dez adeptos pensavam que ele estaria a caminho de uma vitória, daquelas tão convincentes que nem sequer pensam na ideia da imprevisibilidade. Claro, estamos habituados ao domínio da Mercedes, mas houve quem se iludiu com a boa largada da Red Bull e ficou desiludida com os eventos da semana passada, em Portimão. Está no seu direito, claro.

Mas havia quem pensasse, no fundo, em algo que saísse fora do guião. O tempo estava imprevisível em Barcelona, mas não era por aí que as pessoas tinham ilusão. Era por outras coisas, nem que fosse pelo aparecimento de unicórnios. Era mera crença.  


Na partida, os crentes ficaram extasiados com algo bem interessante: Hamilton patinou com o seu carro e deixou-se ser ultrapassado por Verstappen, com Bottas, que poderia ter aproveitado a má partida do seu companheiro de equipa, acabou por não acontecer e foi superado por Charles Leclerc. Com o passar das voltas, via-se que Hamilton e Verstappen faziam um campeonato à parte, afastando-se bastante de Leclerc: um segundo por volta, em média, nas primeiras sete voltas.

No fundo do pelotão, Mick Schumacher já estava na frente dos Williams, e eles estavam bem longe do Mikita Mazepin, que definitivamente era pior da elite...


Na nona volta, o primeiro grande momento acontece... nas boxes, quando o carro de Giovinazzi para e os mecânicos da equipa não estavam prontos para a troca de pneus. Claro, foi tudo um desastre, mas tudo isso foi apagado quando o Alpha Tauri do Yuki Tsunoda para na cura 10 em zona perigosa, originando a saída do Saferty Car. Bastaram duas voltas para todos se juntarem, e quando recomeçou, tudo ficou na mesma, excepto que os comissários decidiram penalizar Pierre Gasly em cinco segundos por causa da sua má posição na grelha de partida.

Regressando à corrida, Verstappen continuou a comendar as operações, com Hamilton observando e a mandar os seus códigos, como o seu "mues pneus estão acabados", sinal de que terá mais dez ou 15 voltas com o mesmo jogo, e fará algumas voltas mais rápidas, mas neste caso, o holandês ia-se embora de modo mais calmo do britânico. No final da volta 19, por exemplo, já estava segundo e meio mais distante de Hamilton.


E a partir da volta 22 é que começam as paragens nas boxes entre os da frente. Primeiro, Alonso e Vettel, que pararam ao mesmo tempo, com o carro de Alonso a levar a melhor. Nas voltas seguintes, os pilotos lá foram fazer as suas paragens, com a pate final a ficar para Verstappen e Hamilton, que acabaram com o holandês na frente de Hamilton, afastando-se cerca de cinco segundos em poucas voltas. Mas parecia que o piloto da Mercedes queria ficar atrás de Verstappen, ou então, a estratégia era para Bottas, porque na saída das boxes, ele ficou na frente de Lelcerc, para ser quarto. Agora juntos, os Mercedes tinham uma estratégia: apanhar o Max. 

Carregando os Mercedes para apanhar o Verstappen, Hamilton fez a sua parte e com voltas ultra-velozes, aproximou-se do carro da Red Bull. Claro que poderiam ter feito isso nas boxes, mas parece que quiseram experimentar algo diferente, mas numa pista como esta... é complicado.

Na volta 38, por fim, Hamilton ficou na zona de DRS de Verstappen, enquanto Bottas, que queria seguir o britânico, não conseguia fazer isso por causa do seu ritmo... ou de ele mesmo, vá se lá saber. Mas o pessoal falava que se o Hamilton ficasse colado por mais tempo na traseira do holandês, os seus pneus se degradariam mais do que o normal. E irónicamente... ele esperava que os pneus do holandês degradassem para o passar. 

Subitamente, na volta 42... Hamilton para nas boxes! Regressa com moles e 23 segundos atrás do holandês, provavelmente esperando que ele parasse e fizesse uma estratégia mais lenta. O britânico voltou com o seu "Hammer time", agressivo para apanhar Max, que parecia querer ficar na pista até ao fim, em nova aposta. Numa pista destas, é mesmo jogo de xadrez para tirar o nossos pensamento de quão aborrecida é esta pista... 

 Enquanto isso acontecia, atrás, Sergio Perez conseguiu passar Daiel Ricciardo para ser quinto. 

Com o passar das voltas, Hamilton, bem aberto, e sem obstáculos, fazia a sua partem tentando tirar, pelo menos, um segundo por volta. Se tirasse dois segundos, seria melhor, e faia isso de vez em quando, mas quando chegou ao carro de Valtteri Bottas, este não facilitou, e o britânico perdeu alguns segundos até o passar. Depois, Bottas foi às boxes para colocar moles... e parecia que o pessoal de Brackley tinha feito uma má decisão. Claro, ia sair atrás de Leclerc, mas o problema nem era esse: era Hamilton, e até que ponto iria prejudicar a sua perseguição a Verstappen.

E enquanto tudo isso acontecia, George Russell era décimo. Por pouco tempo, veio-se a saber depois.

Mas a dez voltas do fim, Verstappen foi apanhado e o inglês o passou calmamente. A Red Bull lá o chamou para colocar pneus novos para ver se conseguia a volta mais rápida, mas o essencial era que o Hamilton tinha vencido a corrida, quebrando o holandês quando as coisas pareciam ir ao contrário. Agora, em quatro corridas, Hamilton tem três, sai de Barcelona com 14 pontos de vantagem e provavelmente, o octa já vem a caminho. 


Em suma, esta corrida tinha tudo para vincar o equilíbrio do campeonato entre Red Bull e Mercedes, mas devido aos pequenos erros da estratégia da Red Bull nesta tarde, acumulados ao que aconteceu no Bahrein, o balanço está 3-1 para o Hamilton. Para muitos, provavelmente, o octa é dele. Mas os mais pragmáticos sabem que o inglês é muito bom em duas coisas: aproveita bem o carro e lucra imenso com os erros dos outros. É quase perfeito, e nos próximos meses, veremos ele a ficar com os três principais recordes.

Agora é a vez do Mónaco. Vai ser muito mais apertado e muito mais difícil de passar. Dá jeito ao Max ficar na frente do Hamilton na partida...

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