Não nego que tenho simpatia pelo piloto alemão. Mas não foi por causa daquilo que faz agora. Foi desde sempre, desde os tempos em que era piloto de testes na BMW Sauber e se viu todo o potencial daquele garoto, então com 19 anos. É verdade que se estreou por causa de um acidente e ele cumpriu, levando o carro para um digno oitavo lugar, em Indianápolis. Mas mais do que um piloto veloz, tinha carácter. Sempre se deu bem com a vida, gozava o facto de estar na Formula 1. Afinal de contas, cumpria o seu sonho. (...)
A sua transferência para a Ferrari explica-se por causa de uma coisa: sendo alemão, admirava Michael Schumacher. Nos seus tempos de karting, ele deu prémios a jovens talentos, porque sabia que ali poderia estar o seu sucessor. Se os garotos ficavam com uma fotografia para mais tarde recordar, para Vettel, correr ao lado do seu ídolo foi um sonho concretizado. Aconteceu com ele nos seus últimos dias na Mercedes, mas não interessava: um campeão era sempre um campeão. E nestes últimos tempos, o seu papel de protetor para com Mick Schumacher, filho de Michael, emulava aqueles temos de uma década antes.
Logo, quando foi para a Scuderia, em 2015, pensava que poderia fazer o mesmo caminho de sucesso. Só que ele se esqueceu de duas coisas: a Ferrari é uma devoradora de pilotos desde a sua fundação – embora a sua grande diferença é que antigamente, os pilotos pagavam com a vida – e segundo, ele não tinha a gente que ajudou Schumacher a ser multi-campeão. Gente como Ross Brawn, Rory Bryne, Jean Todt. (...)
No tempo em que pendura o capacete, escrevo no Nobres do Grid sobre a sua carreira e os seus feitos, bem como a sua persona humana, algo raro entre gente que vive na sua própria bolha e esquece, no meio dos seus egos, que são mais privilegiados que julgam. Raros são aqueles que observam para além dela, e Vettel, como Lewis Hamilton, são dos poucos que tinham essa visão.
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