domingo, 4 de dezembro de 2022

The End: Patrick Tambay (1949-2022)


O francês Patrick Tambay, piloto da Theodore, McLaren, Ligier, Ferrari, Renault e Lola-Haas, morreu este domingo aos 73 anos de idade. Ele sofria desde há muito da doença de Parkinson. Entre 1977 e 1986, com uma pausa em 1980, para ir correr na Can-Am americana, fez 108 Grandes Prémios, triunfando em dois e conseguindo onze pódios, cinco pole-position e duas voltas mais rápidas. A sua melhor posição de sempre foi um quarto lugar em 1983, quando corria pela Ferrari. 

Para além da Formula 1, correu na Endurance e foi bicampeão da Can-Am, em 1977 e 1980.

Nascido a 25 de junho de 1949, em Paris, começa a competir no ski alpino, antes de se transferir para o automobilismo em 1972, quando foi correr para o Volant Elf. Acaba por ganhar, e a sua carreira acaba por ser financiada pela gasolineira francesa nas competições de formação. Chega à Formula 2 em 1975, para ser vice-campeão e em 1976, favorito á vitória, acaba apenas em terceiro, batido pelos seus compatriotas Jean-Pierre Jabouille e René Arnoux. 

Sem um lugar na Formula 1, vai para os Estados Unidos correr na Can-Am, a bordo de um dos carros da equipa de Carl Haas, acabando campeão. Contudo, a meio do ano, consegue um lugar na Surtees, no GP de França, onde a bordo de um TS19... não se qualifica. Na corrida seguinte, em Silverstone, Teddy Yip arranja-lhe um carro e passa a correr o resto da temporada com um chassis Ensign, onde conseguiu cinco pontos e poderia ter conseguido um pódio em Zandvoort, se não tivesse ficado sem gasolina na última volta... ainda foi correr nas 24 horas de Le Mans, num Renault, ao lado de Jean-Pierre Jassaud, não terminando a prova.

Em 1978, Tambay passa para a McLaren, correndo ao lado de James Hunt. Mas nesse ano, o M26 foi totalmente desfeito pelos carros de efeito-solo. Apenas conseguiu oito pontos, com o melhor resultado um quarto lugar no GP da Suécia, em Anderstorp. E para piorar as coisas, não conseguiu qualquer ponto em 1979, com a McLaren perdida no seu labirinto. Foi o suficiente para não ter um lugar em 1980, rumando novamente para a América, onde regressou à equipa de Carl Haas, acabando por ganhar um segundo título na Can-Am.

Em 1981, Teddy Yip chama de novo para a sua equipa, conseguindo um ponto em Long Beach, na primeira prova do ano. É chamado a meio do ano para substituir Jean-Pierre Jabouille, que tinha se retirado da Formula 1, na Ligier. Contudo, foi uma passagem desastrosa, não tendo concluído qualquer corrida nesse resto de temporada. Suficiente para não ter qualquer lugar na Formula 1 no início de 1982.


Mas foi aí que o destino interveio.

Com o acidente mortal de Gilles Villeneuve, em Zolder, Tambay, que era um dos melhores amigos do canadiano - e padrinho de batismo do seu filho Jacques Villeneuve - torna-se no seu substituto e começa a correr para a Scuderia no GP dos Países Baixos, em Zandvoort, e algumas corridas depois, em Hockenheim, consegue a sua primeira vitória, numa corrida marcada pelo grave acidente do seu companheiro de equipa, o seu compatriota Didier Pironi. No final conseguiu 25 pontos e o sétimo lugar no campeonato.

No ano seguinte, agora com René Arnoux como seu companheiro de equipa, consegue o que se torna na sua melhor vitória, quando em Imola, no GP de San Marino, venceu num duelo com o Brabham de Ricciardo Patrese, acabando por triunfar num lugar onde um ano antes, Villeneuve tinha sido traído por Didier Pironi, segundo muitos dos "tiffosi". Acabou por ser a vitória mais popular da Scuderia naquele ano, acabando a temporada no quarto lugar, com 40 pontos. Contudo, no final da temporada, a Scuderia dispensa-o e ele acaba na Renault, substituindo Alain Prost.


Na equipa do losango, apesar das esperanças - fez a pole-position em Dijon - apanhou a equipa numa altura descendente, conseguindo apenas três pódios e 22 pontos, ficando sem carro quando a Renault abandona a Formula 1, no final de 1985. 

Por esta altura, Carl Haas, seu patrão na América, tentava a sua sorte na Formula 1, e ele ficou com um lugar na sua equipa, ao lado de Alan Jones, quando ele decidiu alargar a equipa para dois carros. Mas em 1986, Haas tinha ficado sem o seu patrocinador principal e financiador da sua aventura. Conseguiu como melhor resultado um quinto lugar no GP da Áustria, mas no final da temporada, decidiu sair de vez da Formula 1.

Em 1989, andou pelo Mundial de Endurance, pela Jaguar, conseguindo um quarto lugar nas 24 Horas de Le Mans, ao lado de Jan Lammers e Andrew Gilbert-Scott. No ano a seguir, começou a participar nos "rally-raids", nomeadamente o Paris-Dakar, acabando nos lugares de topo, nomeadamente em 1992. Dois anos depois, regressou à Formula 1 pela Larrousse, ao lado do seu amigo e parceiro de negócios Michel Golay, mas a aventura durou pouco. 

Una década depois, Tambay retomou à competição, no GP Masters, que juntava alguns ex-pilotos de Formula 1. Apesar da sua participação entusiasta, não conseguiu qualquer lugar de relevo. Era uma altura em que servia como comentarista de Grandes Prémios na TF1, e também teve uma participação cívica como perfeito-adjunto pelo povoado de Le Canet, na Cote D'Azur francesa, e também assistia às aventuras do seu filho Adrien no DTM e no ETCR, a competição de turismos elétrica. 


Personalidade simpática e acessível, deixando charme por onde passou, nos últimos tempos viu a sua vida retratada numa autobiografia, enquanto lutava pela existência por causa de uma doença debilitante como o Parkinson. Por fim, descansou. Ars longa, vita brevis. 

Sem comentários: