sexta-feira, 17 de agosto de 2007

GP Memória - Austria 1975

Esta foi das corridas mais fora do vulgar da história da Formula 1. Com um tempo irregular, um vencedor inédito, que comemorou de um dos modos mais bizarros que se possa pensar, numa corrida interrompida a meio... esse foi o Grande Prémio da Austria de 1975, realizado faz hoje 32 anos.

Nesta altura do campeonato, o duelo entre Emerson Fittipaldi e Niki Lauda estava a ser imensamente favorável ao piloto austríaco, pois este tinha até então quatro vitórias, enquanto que o brasileiro detinha somente duas. Para além do mais, o Ferrari 312T já se mostrava mais fiável e mais rápido que o McLaren M23.

No Österreichring, o pelotão tinha alterações significativas: Rolf Stommelen regressava à actuva depois do seu acidente em Espanha, pilotando um dos Hill, o veterano neozelandês Chris Amon também regressava à competição ao volante de um Ensign, um ano depois da sua tentativa frustrada de montar a sua própria equipa e depois de algumas corridas pela agora decadente BRM. Williams e Hesketh tinham mais um chassis, disponiblizando respectivamente para o suiço Jo Volanthen e para o americano Brett Lunger, que tinha origens abastadas, tinha andado a cursar Ciência Politica na Universidade de Princeton e até tinha participado na Guerra do Vietname...

Nos treinos, Lauda mostrava que era o homem do momento ao fazer a pole-position pela sétima vez nessa temporada, com o Hesketh de James Hunt a acompanhá-lo na segunda posição. Fittipaldi era terceiro na grelha, ao lado do surpeendente Hans-Joachim Stuck, no seu March. A terceira fila era composta pelo segundo Ferrari de Clay Regazzoni e pelo Brabham de José Carlos Pace, enquanto que Patrick Depailler era sétimo no seu Tyrrell-Ford. O segundo March de Vittorio Brambilla era o oitavo e a fechar o "top ten" estavam o segundo McLaren do alemão Jochen Mass e o segundo Tyrrell de Jody Scheckter.

Mais atrás, no 20º posto da grelha, estava um terceiro March, inscrito pela equipa Penske e pilotado pelo veterano americano Mark Donohue, que lutava por melhorar a performance do seu chassis. Tinham começado o ano com um chassis próprio, mas mudaram para a March no sentido de projectarem um melhor chassis para a temporada de 1976. No "warm up" de Domingo, tentou afinar o carro para a corrida, mas na curva inicial, feita a fundo, o pneu do March furou e Donohue sai disparado, atingindo um posto de comissários, ferindo mortalmente um deles, Manfred Schaller. Aparentemente, Donohue não tinha tido ferimentos graves, mas poucas horas mais tarde, Donohue começava a queixar-se de fortes dores de cabeça. Os médicos não tinham reparado que ele tinha batido fortemente a cabeça numa placa de publicidade, e esta lhe tinha causado uma hemorragia cerebral. Seria transportado de helicóptero para Graz para uma operação de emergência, mas no final do dia estava em estado de coma.

Aquele tinha sido o despiste mais grave do fim de semana. Antes, Brian Henton, no segundo Lotus, tinha-se despistado fortemente após ter passado por uma mancha de óleo e batido no guard-rail, e depois o mesmo aconteceria a Wilson Fittipaldi, que também sofreria um despiste, quebrando dois ossos da sua mão direita.

No momento da partida, os organizadores avisaram que se estava a aproximar-se uma tempestade da zona do circuito, e algumas partes da pista já estavam molhadas. Sendo assim, decidiu-se adiar a partida por 45 minutos, para que as equipas pudessem ter tempo para colocar pneus de chuva. Quando tudo estava pronto, Niki Lauda arrancou na frente, com Hunt em segundo e um surpreendente Patrick Depailler em terceiro. A mesma tática usraram Brambilla e o Lotus de Ronnie Peterson, este então tinha vindo de 13º para o quinto posto.

À medida que a corrida avançava, o Ferrari de Lauda estava com problemas para andar em piso molhado, pois o seu chassis não tinha sido regulado para este tipo de superfície, e estava a pagar o preço. Na volta 12, é ultrapassado pelo Hesketh de James Hunt, e o inglês ganha segundos a cada volta, indicando que iria para a segunda vitória da época. Mas por essa altura, o seu motor Cosworth funcionava apenas com sete cilindros, o que lhe complicava a vida, e logo começou a ser pressionado pelo March laranja de Brambilla, que vinha disparado nestas condições adversas da pista. Entretanto, Mass, que era terceiro, despistou-se, mas conseguiu continuar em prova, ao mesmo tempo que os dois Brabham de Carlos Reutmann e José Carlos Pace acabavam a sua corrida com problemas de pneus e de motor, respectivamente.

À medida que as voltas passavam, a tempestade piorava e as condições de pista também. Na volta 29, a organização estava a ser pressionada pelo pessoal da Grand Prix Drivers Association (GPDA) para que esta interrompesse a corrida até que as condições meteorológicas melhorassem. Assim sendo, a organização acordou em interromper a corrida. A ideia era mostrar a bandeira vermelha, indicando paragem na corrida, mas na confusão, o director da prova agitou a bandeira de xadrez, indicando que a corrida estava terminada...

O lider, nessa altura, era Brambilla, e não acreditando no que via, o piloto do March laranja comemorou efusivamente, levando a que o seu carro se despistasse e batesse contra as barreiras de protecção! Mas como não tinha deixado morrer o motor e os estragos foram menores, lá prosseguiu, dando a sua volta de honra, perante uma multidão incrédula... James Hunt foi segundo, enquanto que o Shadow de Tom Pryce completava o pódio na terceira posição. Nos restantes lugares pontuáveis ficariam o McLaren de Jochen Mass, o Lotus de Ronnie Peterson e o Ferrari de Niki Lauda, que marcou meio ponto, mas era melhor do que o seu rival Emerson Fittipaldi, que tinha terminado no nono lugar...

O GP da Austria iria ser a segunda prova do ano a levar metado dos pontos, pois esta foi interrompida a meio das 53 voltas previstas. Uma corrida atípica, sem dúvida... mas com um final triste. Na terça-feira, dois dias depois da corrida, o americano Donohue sucumbia aos seus ferimentos na cabeça. Tinha 37 anos.

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