segunda-feira, 9 de junho de 2008

O piloto do dia - Ludovico Scarfiotti

Enquanto estamos a olhar para a primeira vitória de um piloto polaco na história da Formula 1, o calendário mostra-nos que este feito aconteceu praticamente 40 anos após a morte de um piloto cuja unica vitória também se tornou histórica, não tanto pela nacionalidade do piloto, mas sim por um facto histórico: depois dele, nunca mais um piloto italiano ganhou em solo italiano, com um carro italiano. Sim, hoje falo de Ludovico Scarfiotti.

Nascido a 18 de Outubro de 1933 (teria 74 anos se estivesse vivo), Scarfiotti era filho de um dos fundadores da FIAT, e sobrinho de Gianni Agnelli. Começou a carreira em meados dos anos 50, a bordo de um Fiat de 1100cc, tendo participado nas Mille Miglia de 1957, a última edição competitiva da prova, ganhando na sua classe. Continuou a competir, maioritariamente pela OSCA, em eventos como as corridas de Montanha, categoria na qual fora campeão europeu em 1962 e 65, ao volante de um Ferrari Dino.

Nos anos 60, alargou-se aos Turismos, correndo sempre pela Ferrari. Em 1963, foi nomeado para a equipa de Formula 1, mas como piloto de reserva, e também corria nos Gran Turismos, a bordo de um modelo 250. Com Lorenzo Bandini, Ganhou as 24 Horas de Le Mans desse ano. E foi também em Le Mans que o seu colega, o belga Willy Mairesse ficou com queimaduras, soube que o iria substitui-lo nos GP's da Holanda e França. Em Zandvoort, Scarfiotti portou-se bem e levou o seu carro para os pontos, conseguindo um sexto lugar, mas em Rouen, nem chegou a partir, pois tivera um grave acidente nos treinos, partindo ambas as pernas.

Em 1964 e 65 continua na Ferrari, mais a correr nos GT's do que na Formula 1. Nessas duas temporadas correu somente em duas corridas, sem sequer pontuar. nos GT's, teve mais sorte: nesses dois anos, ganhou os 1000 km de Nurburgring, ao lado de Nino Vacarella (1964) e John Surtees (1965), e claro, os seus êxitos no Europeu de montanha ajudaram a enriquecer o seu palmarés.

Em 1966, as coisas passariam da mesma forma, mas a meio da época, o piloto principal, John Surtees, decidiu abandonar a Ferrari, em conflito com Enzo Ferrari e o director desportivo Dragoni, e ele foi escolhido para fazer parceria com Lorenzo Bandini e Mike Parkes. Correu em Nurburgring, onde se qualificou no quarto lugar, mas desistiu na nona volta, com um problema eléctrico. Na prova seguinte, em Monza, guia o modelo 312/66, e apesar de ter tido um problema nas voltas iniciais, conseguiu ganhar uma popular vitória no mítico traçado italiano! No final da época, os nove pontos alcançados deram-lhe o 10º lugar na geral.

A Ferrari em 1967 alinharia com quatro pilotos: Bandini, Scarfiotti, Parkes e um jovem neozelandês chamado Chris Amon. Contudo, na segunda prova do campeonato, no Mónaco, Bandini sai de pista e o seu carro arde, matando o piloto. Poucas semanas mais tarde, em Spa-Francochamps, o seu companheiro Mike Parkes fica gravemente ferido na corrida, e Scarfiotti de repente chega a conclusão que guiar as máquinas vermelhas é o passaporte certo para a morte. Sendo assim, decide retirar-se temporariamente da competição.

Contudo, pouco tempo depois, decide voltar a competir, primeiro guiando um Eagle na prova de Monza, mas não foi longe, pois o motor explode na volta 10. Em 1968, assina pela Cooper, e correrá a tempo inteiro, isto é, quando os compromissos com a Porsche no Europeu de montanha não colidirem com os fins de semana de Formula 1. Nas três primeiras provas que participou, conseguiu ser um dos sobreviventes, terminando nos pontos em Jarama e no Mónaco.

Contudo, em Spa-Francochamps, decidiu não participar, pois calhava na mesma altura do que a prova do Europeu de montanha, em Berchtesgarten, no sul da Alemanha. Quando subia a montanha, na sua tentativa de qualificação, no seu Porsche 910, exagerou na curva e saiu de estrada, ficando mortalmente ferido. Aos 34 anos, a sua morte tinha acontecido praticamente dois meses depois de Jim Clark e um mês depois de Mike Spence, contribuindo para um ano muito mortífero no automobilismo...

A sua carreira na Formula 1: 12 Grandes Prémios, em seis temporadas (1963-68), uma vitória, uma volta mais rápida, um pódio, 17 pontos no total.




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