domingo, 2 de agosto de 2009

GP Memória: Alemanha 1959

Os acontecimentos do ano anterior, que resultaram na morte do inglês Peter Collins, fizeram com que o Automóvel clube alemão tenha decidido transferir o palco do GP da Alemanha para o circuito de AVUS, em Berlim Ocidental. Apesar da divisão da cidade em dois (mas o Muro ainda não tinha sido erguido), o circuito tinha dimensão suficiente (8300 metros) para ser viável, pelos padrões da altura...

A Ferrari, que tinha estado ausente em Aintree, quinze dias antes, estava agora em força no circuito de Berlim, com os americanos Phil Hill e Dan Gurney, e os ingleses Tony Brooks e Cliff Allison. Ausente desta equipa estava o francês Jean Behra, que tinha sido despedido depois do incidente nas boxes com o director Luca Tavoni, no GP de França. Assim sendo, inscreveu-se no GP alemão a bordo de um RSK Porsche de sua autoria. Na véspera da corrida, Behra decidiu também participar num evento de suporte, num mesmo Porsche 718. No meio da corrida, perdeu o controlo do seu carro no "banking", caiu para fora da pista e teve morte imediata. Tinha 38 anos.

A Cooper tinha Jack Brabham, Masten Gregory e Bruce McLaren na sua equipa oficial, com Stirling Moss e Maurice Trintrignant na Rob Walker Racing e Ian Burgess na Scuderia Centro Sud, enquanto que a BRM tinha três carros inscritos, para Jo Bonnier, Harry Schell e o alemão Hans Hermann. A Lotus tinha Graham Hill e Innes Ireland e a Porsche tinha a inscrição privada de Wolfgang Von Trips, que após a morte de Behra, retirou a sua inscrição.

O facto do circuito ter duas longas rectas favorecia os motores mais potentes, e logo, não foi grande surpresa saber que os Ferrari dominariam os treinos, devido aso seus motores de 12 cilindros. Tony Brooks foi o mais rápido, seguido de Stirlng Moss no seu Cooper-Climax, Dan Gurney no segundo Ferrari, e Jack Brabham, no segundo Cooper. Na segunda fila estavam o Cooper de Masten Gregory, o Ferrari de Phil Hill, e o BRM de Jo Bonnier. Depois vinha o segundo BRM de Harry Schell, o Cooper de Bruce McLaren e o Lotus de Graham Hill.

Os organizadores decidiram que a corrida seria disputada em duas baterias de 30 voltas cada uma, como forma de poupar os pneus ao "banking", que era feito de tijolos. Na partida para a primeira corrida, Brooks parte na frente, seguido por Moss. Mas ainda na primeira volta, o britânico da Cooper desiste com a caixa de velocidades partida. Na volta seguinte, o americano Gregory passa para a frente no seu Cooper, mas esta liderança dura pouco, pois o inglês volta ao comando. Pouco depois, Dan Gurney ultrapassa Masten Gregory, e começa uma luta americana entre os dois, favoravel ao piloto da Ferrari, quando Gregory desiste com problemas de motor, na volta 23.

No final da primeira bateria, Brooks era o vencedor, seguido por Gurney, Hill e McLaren. Essa era a ordem de saída para a segunda bateria, que se disputaria pouco tempo depois.

Nessa segunda corrida, McLaren parte melhor, mas pouco tempo depois, a maior potência dos motores Ferrari coloca Brooks na frente, seguido por Phil Hill, Jo Bonnier e Dan Gurney. McLaren teria problemas de embraiagem e desistira pouco tempo depois. A segunda metade da corrida foi essencialmente uma competição entre Tony Brooks e Dan Gurney pela vitória. Bonnier não podia conter a força dos Ferrari e eles ocuparam todos os lugares do pódio, numa inédita tripla.

Por essa altura tinha acontecido o susto do dia, protagonizado pelo alemão Hans Hermann. Na volta 36, o piloto da BRM sofre uma falha de travões na Curva Sul e despista-se a alta velocidade. Bate nos fardos de palha e entra numa série de piruetas, projectando o piloto para o solo. Incrivelmente, Hermann coloca-se de pé e assiste impávido ao resto do acidente. Um verdadeiro milagre naquele fim de semana...

No final, com a tripla da Ferrari, o Cooper de Maurice Trintrignant e o BRM de Jo Bonnier ficaram com os restantes lugares pontuáveis. Quanto à experiência AVUS, digamos que a pista não mais voltou a ser usada na Formula 1, e somente onze anos depois é que o Grande Prémio da Alemanha é que decorreu noutro sitio que não o "Inferno Verde" de Nurgurgring Nordschleife...


2 comentários:

Rianov disse...

Avus é fantática!

Não somente ela, mas quase todos os circuitos alemães são excelentes.

Abraços

Daniel Médici disse...

Uma prova da F1 disputada deliberadamente em duas baterias... não sabia dessa!

Além de dispositivos de segurança, também falamos hoje de Avus. Já que o outro assunto foi muito citado, prefiro sublinhar esta outra coincidência, também bastante oportuna.