O tetracampeão do mundo Alain Prost afirmou hoje numa entrevista ao jornal francês "Le Parisien" que afirmou que apesar de entender o desejo de Michael Schumacher de regressar à Formula 1, acredita que o heptacampeão do mundo fez a coisa certa ao desistir de substituir Felipe Massa no GP da Europa, pois segundo ele, precisaria de mais tempo para recuperar das lesões no pescoço:
"O desejo e a motivação de regressar leva tempo para desapaecer. Você leva muito tempo para abandonar a Formula 1", afirmou, em declarações captadas pelo site brasileiro Tazio. "Michael e eu penduramos os nossos capacetes por motivos diferentes, mas, quando você é competitivo, a tentação de retornar é grande. Mas se há um risco físico, Schumacher foi certo. O pescoço é crucial para este desporto e, com dores, você rapidamente sente náuseas e fica com a visão ofuscada."
Na entrevista, o ex-piloto francês aproveitou para fazer a revelação de que esteve perto de fazer um segundo regresso à Formula 1 em 1996, para ajudar... Michael Schumacher, que tinha acabado de ir para a Ferrari. "Jean Todt sugeriu que eu me tornasse companheiro de Schumacher, para ajudá-lo a ser campeão na Ferrari. Seria claramente o número dois, o que era OK. Quase fui, mas...", afirmou.
Prost, actualmente com 54 anos e correu em equipas como McLaren, Renault, Ferrari e Williams, entre 1980 e 1993, para além de ter tido uma experiência com a sua própria equipa de Formula 1, entre 1997 e 2001, questionou se a decisão do piloto alemão se foi por causa de razões fisicas ou as dúvidas sobre a sua performance também tiveram algum papel decisivo: "Precisa ser analisado se Schumacher parou apenas por causa dos problemas de saúde, ou se ele viu que a tarefa seria complicada. Ele não corre na Formula 1 há três anos e teve somente três semanas para se preparar. O corpo muda muito rápido quando você para de correr. Um piloto não reage da mesma forma e a visão não é tão apurada. Quando voltei em 1993, após oito meses parados, foi difícil encontrar o melhor nível. Schumacher talvez precisaria de mais tempo.", relatou.
Prost deu o seu próprio exemplo no seu regresso com a Williams em 1993, depois de uma temporada sabática, e também dos seus testes em 1994 e 95 para afirmar o que se sente um piloto quando ensaia um regresso destes: "Em 1994, a McLaren chamou-me para pilotar o carro deles. Testei por três dias e vi, imediatamente, que algo se quebrou. A velocidade estava lá, mas não o desejo de controlar a pressão, as viagens e [as perguntas da] imprensa que vêm em conjunto com um campeonato", concluiu.
2 comentários:
Um campeão (ainda que seja o Prost) entende o outro. Sempre.
Belas palavras do Prost. Eu nunca iria imaginar que ele chegou a conversar sobre uma volta para a Ferrari em 96...nem consigo imaginar como seria.
Uma pena a desistência do alemão para a prova em Valência, seria um espetáculo a mais (além da paisagem, resta outro?). Realmente com saúde não se pode brincar...
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