É uma lenda do automobilismo. Mas nunca venceu um campeonato do mundo. É um dos pilotos mais idolatrados da Ferrari, tão idolatrado como Michael Schumacher, mas somente venceu seis corridas. O seu filho foi campeão do Mundo, mas vive à sombra do pai. É um herói nacional no Canadá, mas em muitos aspectos fez muito menos coisas do que os jogadores de hóquei no gelo, por exemplo. E no entanto, é um dos mais reconhecíveis pilotos da história da formula 1, e é um dos primeiros de qualquer lista de "campeões sem coroa", a par de Ronnie Peterson e Stirling Moss. E no entanto, há campeões do Mundo menos lembrados do que ele. No dia em que comemoraria o seu 60º aniversário natalício, é dia de mostrar a vida de um homem que precisou apenas de 32 anos para ser lenda: Gilles Villeneuve.
Joseph Gilles Henri Villeneuve nasceu a 18 de Janeiro de 1950 na vila de Richilieu, no Quebec. Filho de Serville Villeneuve, afinador de pianos, e de Georgette, dona de casa, cresceu noutra cidade, Berthierville, e cedo despertou o seu interesse pela velocidade, a par do gosto pela musica. Pouco depois de largar o liceu e de ter conhecido Joanne Barthes, que viria a ser a sua mulher, começou a competir em corridas de drag, a bordo de um Ford Mustang de 1967. Contudo, a partir dos 19 anos, Gilles começa a ter responsabilidades inesperadas: casa-se em finais de 1970, para ter no ano seguinte tem o seu filho Jacques. Isso significa que tem de arranjar dinheiro para fazer face às despesas da casa e prosseguir a sua carreira no automobilismo.
Joseph Gilles Henri Villeneuve nasceu a 18 de Janeiro de 1950 na vila de Richilieu, no Quebec. Filho de Serville Villeneuve, afinador de pianos, e de Georgette, dona de casa, cresceu noutra cidade, Berthierville, e cedo despertou o seu interesse pela velocidade, a par do gosto pela musica. Pouco depois de largar o liceu e de ter conhecido Joanne Barthes, que viria a ser a sua mulher, começou a competir em corridas de drag, a bordo de um Ford Mustang de 1967. Contudo, a partir dos 19 anos, Gilles começa a ter responsabilidades inesperadas: casa-se em finais de 1970, para ter no ano seguinte tem o seu filho Jacques. Isso significa que tem de arranjar dinheiro para fazer face às despesas da casa e prosseguir a sua carreira no automobilismo.
Nessa altura, as corridas de snowmobile eram uma excelente competição naqueles Invernos longos e gelados no Canadá. Os prémios monetários eram tentadores, e os melhores eram aqueles que dominariam a técnica desse tipo de máquinas. A partir de 1970, Villeneuve começa a participar nesse tipo de competição, começando a vencer títulos no ano seguinte. Depois de mais dois títulos, em 1971 e 72, Villeneuve sabe que estas competições tem apenas uma duração limitada, e precisa de fazer algo no Verão. A conselho de um mecânico, decide inscrever-se em 1973 na Jim Russel Racing School, no circuito de Mont-Tremblant, no Quebec. O dinheiro é curto, mas o canadiano é feito da fibra que molda os persistentes, e vence facilmente a competição.“Sai de pista por diversas vezes. Mas, diverti-me imenso e ganhei 70% das corridas”, disse mais tarde. por esta altura já tinha nascido a sua filha Melanie.
Nesse ano, corre no campeonato local de Formula Ford, vencendo sete das dez corridas e sendo campeão. Tudo isto num carro com dois anos, comprado com o dinheiro do "prize-money" das competições de snowmobile. Em 1974, começa a correr na Formula Atlantic, sem dinheiro mas com uma enorme vontade de vencer. Contudo, a temporada não foi grande coisa, aparte um terceiro lugar em Vancouver.
Em 1975, compra um chassis March, e arranja como patrocinador a Skyroule, uma marca de snowmobiles que assinou, em troca da sua particpação no campeonato nacional daquele ano. Mas apesar disso, o dinheiro era pouco, até para treinar e desenvolver o carro. Os primeiros resultados não foram fantásticos, mas depois, numa prova em Gimli (uma antiga base áerea), Villeneuve brilha à chuva e vence a prova, depois de partir... do 19º lugar. Pouco depois, participa numa corrida extra-campeonato em Trois Rivieres, contra pilotos de Formula 1 como Jean-Pierre Jarier, Patrick Depailler e Vittorio Brambilla dá nas vistas, sendo terceiro nos treinos e a lutar pela liderança até que uma falha nos travões o coloca fora de prova.
Isso foi o suficiente para dar nas vistas entre os melhores do seu país, e depois de vencer mais um campeonato nacional de snowmobile, assina em 1976 pela Ecurie Canadá, a melhor do pelotão da formula Atlantic. Essa equipa usava chassis March e tinha um engenheiro, Ray Wardell.
“De todos os meus pilotos, Peterson e Lauda incluídos, Gilles era o melhor de longe. Ronnie era pura habilidade e nenhum entendimento técnico da situação. Lauda tinha um entendimento perfeito das questões técnicas e era um perfeccionista que controlava tudo em grande detalhe. A melhor combinação era Gilles. Ele tinha uma excelente compreensão do carro, talvez não ao nível de Lauda, mas ele certamente tinha a habilidade de Ronnie e garantia-me 100% de agressividade de cada vez que competia”. afirmou.
Nesse ano, Villeneuve dominou o campeonato, ao vencer nove, vencendo com muito avanço sobre os seus rivais. Ainda deu uma perninha na Europa, correndo num Formula 2 em Pau, a convite da Project Four, dirigido por um tal... Ron Dennis. A meio do ano, volta a Trois-Riviers, para a tal corrida onde participariam outros pilotos de Formula 1, o mais sonante dos quais era James Hunt, então piloto da McLaren. Villeneuve dominou os teinos e a corrida, e venceu convincentemente, à frente do piloto inglês. Quando voltou, recomendou Villeneuve a Teddy Mayer e a John Hogan, o então patrão da Marlboro na Europa.
No final de 1976, Villeneuve entrou em conversações com a Brabham e a Wolf, acerca de uma possivel entrada na Formula 1, mas nada surgiu. Pouco depois, a McLaren assina um contrato com ele, no sentido de ser o terceiro piloto da equipa, ao lado de Hunt e Jochen Mass, participando em cinco corridas, duas das quais as americanas. Para além disso, iria ser patrocinado pela Marlboro, corria em provas de Formula 2 e poderia ter a chance de correr pela equipa em 1978, caso os resultados fossem bons.
O ano começa com algumas provas de Formula Atlantic na Africa do Sul, sem resultados de relevo, com um Chevron numa temporada onde os chassis March eram o alvo a abater. Depois, em vez de fazer a Formula 2, acabou por fazer a Formula Atlantic, onde teve um opositor de peso vindo da Finlândia: Keke Rosberg.
Alguns dos duelos foram memoráveis. Em Mosport, ambos os pilotos disputaram a liderança palmo a palmo até se tocarem, na quarta volta e sairam fora da pista. Rosberg desistiu e Villeneuve terminou na segunda posição. Pouco depois, em Edmonton, a mesma coisa acontece, mas ambos continuam em prova até ao fim, com o canadiano a levar a melhor.
“Gilles liderava e eu seguia-o. Eu sabia que com um 'sacana' como o Gilles não teria muitas hipóteses. De repente ele cometeu um erro e eu consegui emparelhar o meu carro com o dele e fizemos uma longa curva larga lado a lado sempre aos toques um no outro. Rodamos os dois e saímos da pista em lados opostos, mas em derrapagem controlada conseguimos voltar à pista e quando reentramos voltamos a bater um no outro e continuamos. Gilles ganhou e eu fui segundo” afirmou Rosberg anos depois.
John Lane, o seu director de equipa, declarou também: “Foi simplesmente uma guerra. Andaram sempre á porrada um ao outro... só havia cerca de 12.000 espectadores nesse dia mas estiveram perto de atingir a loucura total. Foi provavelmente a melhor corrida entre dois pilotos que alguma vez existiu. Os dois riram-se muito sobre o acontecido após a corrida. Gilles não estava chateado com Keke pelo acontecido em Mosport. O que ele achava era que bate-lo em pista era a sua melhor vingança. Nessa noite em Edmonton paguei o jantar à equipa e a Melanie sentou-se ao meu colo. O Pai dela era o homem mais feliz do mundo. Aquele tipo de batalha representava o que Gilles mais amava sobre corridas de automóveis”.
No final dessa temporada, Villeneuve revalidou o título, com três vitórias em sete corridas, mais cinco pole-positions e três voltas mais rápidas No final da temporada, pragmaticamente, declarou: “Foi melhor a vitória deste ano porque tivemos alguns problemas. O ano passado foi muito fácil”.
Keke Rosberg afirmou sobre essa temporada de Formula Atlantic no seu livro de memórias: “Gilles e eu tivemos nesse ano duelos fantásticos…ele era extremamente talentoso. Muito, muito rápido e muito, muito corajoso. Ele era um piloto extremamente duro e muito ambicioso. As nossas batalhas foram sempre justas e na maior parte das vezes era eu que ia atrás dele. Nós sempre tivemos um bom relacionamento profissional porque ambos nos regíamos pelas mesmas regras. Eu não me lembro de o ter posto para fora deliberadamente em Mosport mas eu lembro-me bem que depois daquilo a Joanne deixou-me de falar por um longo tempo.”.
(continua amanhã)
Nesse ano, corre no campeonato local de Formula Ford, vencendo sete das dez corridas e sendo campeão. Tudo isto num carro com dois anos, comprado com o dinheiro do "prize-money" das competições de snowmobile. Em 1974, começa a correr na Formula Atlantic, sem dinheiro mas com uma enorme vontade de vencer. Contudo, a temporada não foi grande coisa, aparte um terceiro lugar em Vancouver.
Em 1975, compra um chassis March, e arranja como patrocinador a Skyroule, uma marca de snowmobiles que assinou, em troca da sua particpação no campeonato nacional daquele ano. Mas apesar disso, o dinheiro era pouco, até para treinar e desenvolver o carro. Os primeiros resultados não foram fantásticos, mas depois, numa prova em Gimli (uma antiga base áerea), Villeneuve brilha à chuva e vence a prova, depois de partir... do 19º lugar. Pouco depois, participa numa corrida extra-campeonato em Trois Rivieres, contra pilotos de Formula 1 como Jean-Pierre Jarier, Patrick Depailler e Vittorio Brambilla dá nas vistas, sendo terceiro nos treinos e a lutar pela liderança até que uma falha nos travões o coloca fora de prova.
Isso foi o suficiente para dar nas vistas entre os melhores do seu país, e depois de vencer mais um campeonato nacional de snowmobile, assina em 1976 pela Ecurie Canadá, a melhor do pelotão da formula Atlantic. Essa equipa usava chassis March e tinha um engenheiro, Ray Wardell.
“De todos os meus pilotos, Peterson e Lauda incluídos, Gilles era o melhor de longe. Ronnie era pura habilidade e nenhum entendimento técnico da situação. Lauda tinha um entendimento perfeito das questões técnicas e era um perfeccionista que controlava tudo em grande detalhe. A melhor combinação era Gilles. Ele tinha uma excelente compreensão do carro, talvez não ao nível de Lauda, mas ele certamente tinha a habilidade de Ronnie e garantia-me 100% de agressividade de cada vez que competia”. afirmou.
Nesse ano, Villeneuve dominou o campeonato, ao vencer nove, vencendo com muito avanço sobre os seus rivais. Ainda deu uma perninha na Europa, correndo num Formula 2 em Pau, a convite da Project Four, dirigido por um tal... Ron Dennis. A meio do ano, volta a Trois-Riviers, para a tal corrida onde participariam outros pilotos de Formula 1, o mais sonante dos quais era James Hunt, então piloto da McLaren. Villeneuve dominou os teinos e a corrida, e venceu convincentemente, à frente do piloto inglês. Quando voltou, recomendou Villeneuve a Teddy Mayer e a John Hogan, o então patrão da Marlboro na Europa.
No final de 1976, Villeneuve entrou em conversações com a Brabham e a Wolf, acerca de uma possivel entrada na Formula 1, mas nada surgiu. Pouco depois, a McLaren assina um contrato com ele, no sentido de ser o terceiro piloto da equipa, ao lado de Hunt e Jochen Mass, participando em cinco corridas, duas das quais as americanas. Para além disso, iria ser patrocinado pela Marlboro, corria em provas de Formula 2 e poderia ter a chance de correr pela equipa em 1978, caso os resultados fossem bons.
O ano começa com algumas provas de Formula Atlantic na Africa do Sul, sem resultados de relevo, com um Chevron numa temporada onde os chassis March eram o alvo a abater. Depois, em vez de fazer a Formula 2, acabou por fazer a Formula Atlantic, onde teve um opositor de peso vindo da Finlândia: Keke Rosberg.
Alguns dos duelos foram memoráveis. Em Mosport, ambos os pilotos disputaram a liderança palmo a palmo até se tocarem, na quarta volta e sairam fora da pista. Rosberg desistiu e Villeneuve terminou na segunda posição. Pouco depois, em Edmonton, a mesma coisa acontece, mas ambos continuam em prova até ao fim, com o canadiano a levar a melhor.
“Gilles liderava e eu seguia-o. Eu sabia que com um 'sacana' como o Gilles não teria muitas hipóteses. De repente ele cometeu um erro e eu consegui emparelhar o meu carro com o dele e fizemos uma longa curva larga lado a lado sempre aos toques um no outro. Rodamos os dois e saímos da pista em lados opostos, mas em derrapagem controlada conseguimos voltar à pista e quando reentramos voltamos a bater um no outro e continuamos. Gilles ganhou e eu fui segundo” afirmou Rosberg anos depois.
John Lane, o seu director de equipa, declarou também: “Foi simplesmente uma guerra. Andaram sempre á porrada um ao outro... só havia cerca de 12.000 espectadores nesse dia mas estiveram perto de atingir a loucura total. Foi provavelmente a melhor corrida entre dois pilotos que alguma vez existiu. Os dois riram-se muito sobre o acontecido após a corrida. Gilles não estava chateado com Keke pelo acontecido em Mosport. O que ele achava era que bate-lo em pista era a sua melhor vingança. Nessa noite em Edmonton paguei o jantar à equipa e a Melanie sentou-se ao meu colo. O Pai dela era o homem mais feliz do mundo. Aquele tipo de batalha representava o que Gilles mais amava sobre corridas de automóveis”.
No final dessa temporada, Villeneuve revalidou o título, com três vitórias em sete corridas, mais cinco pole-positions e três voltas mais rápidas No final da temporada, pragmaticamente, declarou: “Foi melhor a vitória deste ano porque tivemos alguns problemas. O ano passado foi muito fácil”.
Keke Rosberg afirmou sobre essa temporada de Formula Atlantic no seu livro de memórias: “Gilles e eu tivemos nesse ano duelos fantásticos…ele era extremamente talentoso. Muito, muito rápido e muito, muito corajoso. Ele era um piloto extremamente duro e muito ambicioso. As nossas batalhas foram sempre justas e na maior parte das vezes era eu que ia atrás dele. Nós sempre tivemos um bom relacionamento profissional porque ambos nos regíamos pelas mesmas regras. Eu não me lembro de o ter posto para fora deliberadamente em Mosport mas eu lembro-me bem que depois daquilo a Joanne deixou-me de falar por um longo tempo.”.
(continua amanhã)
2 comentários:
Poxa, queria tê-lo visto correr. Perda prematura para o mundo do automobilismo e isto é fato. Muito bom o texto, parabéns!
Adoraria te-lo visto correr, mas enfim, sempre temos os videos no youtube.
So uma pequena correccao... o nome completo é Joseph Gilles e nao Jacques Gilles.
Excelente texto.
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