Juan Manuel Fangio (1911-95)
Foi só em 2003 que o recorde de títulos de Juan Manuel Fangio foi batido por Michael Schumacher. Fangio ainda teve tempo de ver evoluir o piloto alemão na Formula 1, mas até ao fim achava que Ayrton Senna o iria bater no seu recorde de títulos. Infelizmente, ainda viveu para assistir aos eventos de Imola...
Juan Manuel Fangio conseguiu todos aqueles títulos e viveu para contar a sua história. à medida que passam os anos e vejo as suas corridas, convenço-me que o segredo do seu sucesso foi que ele era um piloto consistente, sempre nos limites. Sabia quais eram e sabia o que acontecia se os pisasse. Logo, ao ter conhecimento desse limite automobilistico, manteve-o suficientemente alto para bater os seus adversários. Daí o facto de ter conseguido esses títulos, independentemente da máquina que o conduzia: em 1951 com um Alfa Romeo, em 1954 e 55 com um Mercedes, em 1956 com um Lancia-Ferrari e por fim com um Maserati.
"Nunca tinha conduzido daquela maneira antes e duvido que alguma vez venha a conduzir dessa forma"
Juan Manuel Fangio, após o GP da Alemanha de 1957.
Foi a bordo de um Maserati 250F que ele conseguiu a sua mais épica vitória: o GP da Alemanha de 1957, numa corrida de recuperação, apanhando os Ferrari de Mike Hawthorn e Peter Collins, depois de uma operação mal sucedida nas boxes, que demorou demasiado tempo que o previsto. Os 22 quilómetros de extensão do "Inferno Verde" ajudaram-no a permitir essa recuperação, mas ao passar dos seus limites que ele próprio tinha establecido, creio que se assustou e a idade o pesou. Tinha 46 anos e pensou que era bom sair agora, enquanto estava vivo.
Ainda deu nas vistas em 1958, e na sua última corrida, na pista francesa de Reims, alinhava com alguns Coopers de motor traseiro, um deles pilotado pelo australiano Jack Brabham. Alguns meses antes, na Argentina, vira Stirling Moss, seu companheiro na Mercedes, a bater todos eles e a vencer a corrida. Foi simbólico ver Fangio a ir embora numa altura em que a Formula 1 passava pela primeira revolução do pós-guerra, ao colocar o motor atrás do piloto.
E em Rouen, ao mesmo tempo que via Luigi Musso a morrer em plena corrida, via o inglês Mike Hawthorn, que ia a caminho da vitória e do título mundial no final daquele ano, a ficar atrás de Fângio, que lhe ia dar uma volta, a ficar atrás dele em sinal de respeito. Cinco anos antes, na mesma pista, lutaram lado a lado, metro a metro, pela vitória, que acabou nas mãos de Hawthorn. A primeira das centenas que a "Velha Albion" iria ter na Formula 1.
E mesmo quando Fangio passou pela sua situação mais aflitiva da sua vida, quando foi raptado pelos rebeldes cubanos no inicio de 1958, antes de um GP de Cuba, estes o trataram com respeito. E provavelmente isso o deverá ter salvo a vida: o carro que o ia guiar, um Maserati 450S, estava defeituoso e a corrida em si mesma foi interrompida na sexta volta quando um despiste de dois carros causou a morte de seis pessoas e ferimentos em mais quarenta.
Com o objectivo alcançado, libertaram "El Chueco", largando-o à porta da embaixada argentina, cujo representante na altura era familiar... de Ernesto "Che" Guevara. E pouco depois, foi para Miami, onde os americanos não o largaram. Comentou depois com ironia: "Ganhei cinco campeonatos do Mundo, as 12 Horas de Sebring, mas tive de ser raptado em Cuba para ser conhecido neste país". Até à sua morte, o regime cubano sempre agradeceu pela sua colaboração, mandando sempre mensagens de parabéns no seu aniversário, assinando sempre como... "seus amigos, os sequestradores".
De facto, independentemente do que acontecer no futuro do automobilismo, o lugar de Fangio na memória histórica está mais do que garantida.
1 comentário:
Estimado Speer 76,
Estoy totalmente de acuerdo contigo. El número de campeonatos y records que tiene un piloto no indica el cariño que le tenemos los aficionados, y Don Fangio es para mí el más grande sin ninguna duda.
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