Foi uma final feia. Aliás, todas as finais, desde há uns bons vinte anos a esta parte são feias: a de 1990 decidiu-se num penalti. A de 1994 foi nos penalties, mas a de 2006 será talvez a pior de todas. Talvez a unica final que tenha valido a pena ver tenha sido a de 1998, quando a França ganhou em casa frente ao Brasil. Mas aí, a canarinha tinha um Ronaldo em péssima forma.
Esta final inédita entre Espanha e a Holanda tinha todos os ingredientes para um bom jogo, pois sabem jogar bem, à holandesa. A Espanha tem muito de Barcelona, que foi influenciada pelos holandeses e agora tem Guardiola como treinador, e a Holanda, que joga cada vez menos holandês, tem um obscuro ex-treinador do Feyenoord como seleccionador. Mas a Holanda era a equipa que estava há mais tempo sem perder, o que teria de ser levado em conta.
Contudo, as duas equipas não queriam perder. A Espanha era boa, mas ganhara todos os jogos pela margem mínima, 1-0 (contra Portugal, Paraguai e Alemanha), logo não iriam encher o olho. E a mesma coisa falaria da Holanda, apesar de alguns jogos cujas exibições foram de encher o olho. Houve ocasiões onde mais parecia um combate de luta livre, no qual o árbitro Howard Webb poupou umas explusões, especialmente na Holanda (De Jong contra Xavi) . Com o passar do jogo, as coisas passaram das defesas em bloco das duas equipas para apareceram as primeiras brechas. Mas quando acontecia, Skeklerburg e Casillas faziam defesas quase impossiveis.
Em suma, é uma final cerebral, algo que o adepto comum odeia, pois o que quer é golos. Alguém que falhe, não é?
E foram a prolongamento, onde as oportunidades aumentaram um pouco mais, mas sem conseguir furar as redes. Chegados aos 105 minutos e nada aconteceu. As equipas começaram a verticalizar o jogo, a apressá-lo, e em alguns jogadores, esses 105 minutos começavam a dar de si nas pernas. E aos 108 minutos, a Holanda fica reduzido a dez, com a explusão de Heitinga sobre Iniesta. Se pensavam que isso seria suficiente para ver a Espanha marcar... pois. Só aconteceu no minuto 118, com um golo de Andrés Iniesta.
Para finalizar, temos de dizer duas coisas: a Holanda sempre que vai a final, perde, e que o vencedor deste Mundial, é o polvo Paul. A partir de amanhã, em Madrid, Barcelona, Valencia, Vigo, Sevilha... haverão estátuas do polvo Paul por toda a parte. Ou que o dia 11 de Julho será em Espanha o Dia Nacional do Polvo Paul.
Para finalizar, lembro as palavras do Vicente del Bosque, quando foi entrevistado pela tv espanhola: que aguentamos 50 dias todos unidos, sem incidentes. A união faz mesmo a força, e o facto de se conhecerem uns aos outros há anos, e a não existência de uma estrela que brilhe mais do que os outros. Quando ouvi isto, recordamos as idiotices da França ou as estrelas como Lionel Messi ou Cristiano Ronaldo. No final, todos viram este jogo ou em casa ou nas bancadas.
À Espanha, parabéns. Merceram a Taça. Quanto à Holanda, fazem-me lembrar o Chris Amon: jogam como nunca, perdem como sempre. Eventualmente ganharão algum dia a Taça, mas mesmo aí, acho que o resto do Mundo se lembrará mais das finais perdidas do que eventualmente a que ganhar algum dia...
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