Gostaria de falar sobre a salganhada das Lotus, mas para confesso que já estou "de saco cheio" com toda esta polémica. Portanto, a melhor maneira de me afastar (pelo menos temporariamente) de tudo isto é continuar com aquilo que fiz na semana passada: um balanço do ano. E esta semana vou falar dos que se estrearam este ano na categoria máxima do automobilismo, ou seja, todos menos o Kamui Kobayashi...
Foram cinco os estreantes na categoria máxima do automobilismo, e um deles foi uma estreia absoluta, pois é o primeiro do seu pais em toda a história da Formula 1, e no balanço geral, os novatos não conseguiram qualquer vitória ou pódio, mas conseguiram uma pole-position e uma volta mais rápida, pelo menos os que corriam em máquinas do meio do pelotão. E quais deles é que ficam para 2011? Pelo menos um está garantido, embora pelas razões que não deveria ser, num mundo perfeito.
1 - Nico Hulkenberg
Foi o campeão da GP2 em 2009, e um dos raros que venceram o campeonato logo no seu primeiro ano. Aterrou numa Williams que à partida parecia estar numa lenta espiral descendente, com motores Cosworth e uma dupla totalmente nova, ainda por cima tendo como companheiro um veteranissimo como Rubens Barrichello. Mas numa equipa à partida sem nada a perder, conseguiu aprender bem nesta temporada dificil para os lados de Grove. Um sexto lugar como melhor resultado na classificação e a surpreendente pole-position no Brasil (a primeira da Williams desde 2005) são os cartões de visita deste seu ano de estreia, onde demonstrou que conseguiu adaptar-se bem e tem potencial para ser campeão, tal como aconteceu nas formulas de promoção.
Hulkenberg é acessorado por Willi Webber, que foi o manager de Michael Schumacher, e parece que acredita no potencial deste rapaz. O chato foi que ele foi vitima do poder do dinheiro, sempre cruel para aqueles cujo talento é inversamente proporcional ao recheio da carteira. Se há algo que possa servir de consolo, são duas coisas: vai ser substituido pelo campeão de 2010 da GP2, e parece que as grandes equipas estão atentas a ele, nem que sirva para ser terceiro piloto em 2011. Se o pior acontecer, o segundo piloto dessa equipa vai ter a vida dificultada...
2 - Vitaly Petrov
Der no que der, Vitaly Petrov entrou na história do automobilismo: é o primeiro russo de sempre na Formula 1. Tal como fez Satoru Nakajima há mais de vinte anos pelo Japão, Vitaly Petrov fez despertar os russos para o automobilismo. Especialmente os com muito dinheiro... Ainda há muitas desconfianças sobre a sua capacidade de condução, pois a sua rapidez é tão boa como a sua propensão ao desastre (vide Suzuka) mas quando não partiu carros, conseguiu marcar pontos e bons resultados. Um quinto lugar na Hungria e um sexto lugar em Abu Dhabi, onde conseguiu "impedir" Fernando Alonso de alcançar o título são os melhores momentos do russo, bem como a sua volta mais rápida na Turquia.
Contudo, a sua impulsividade não convenceu muito os criticos, que acreditam na ideia que, a ficar um segundo ano na Formula 1, é mais devido ao peso dos seus rublos do que propriamente no seu talento refinado. Numa Renault que vai mudar de nome, e que precisa de dinheiro como precisa de pão para a boca, manter Vitaly Petrov é um precioso seguro de vida, esperando que ele consiga preservar o carro por mais vezes em 2011. E que aprenda a portar-se melhor em pista.
3 - Lucas di Grassi
O Brasil estreou este ano dois pilotos. Lucas di Grassi, que durante muito tempo foi piloto de reserva da Renault, depois de três anos na GP2, finalmente teve a sua oportunidade na formula 1, através da estreante Virgin. Sem grandes oportunidades para fazer bonito, ou seja, chegar ao "top ten", esforçou-se para chegar o mais longe possivel com o carro que tinha. Não comprometeu muito e deu luta a Timo Glock, mas apesar disso, pode vir a sofrer do mesmo problema de Hulkenberg: a falta de um patrocinador forte. Caso nao fosse, seria interessante vê-lo numa segunda temporada na categoria mais alta do automobilismo numa Virgin desenhada por computador...
4 - Bruno Senna
Um piloto com apenas cinco temporadas em monolugares, e carregando um dos sobrenomes mais famosos do automobilismo, deveria ser um excelente chamariz para quem quisesse patrociná-lo. Pelo menos assim deve ter pensado Adrian Campos, quando o contratou. Só que no final de 2009, tinha conseguido "zero" e veria o projecto ir abaixo antes de começar, caso não aparecesse pelo caminho José Ramon Carabante e Collin Kolles para o salvar. Os novos donos mantiveram Bruno Senna e ele até trouxe uma carga razoável de patrocinios. Contudo, a temporada do brasileiro não foi grande coisa na pior máquina do pelotão. Sem desenvolver o carro, o máximo que podia fazer era bater o seu companheiro... e confiar na sorte.
Dos três companheiros que teve, Karun Chandhok, Sakon Yamamoto e Christian Klien, teve mais dificuldade em bater o austriaco, nas três corridas em que esteve presente, mais para o final da época. De resto, fez o que competia, numa máquina absolutamente limitada. Mas neste ar rarefeito, não conseguiu convencer o suficiente para "dar o salto". Falou-se que andou em conversações com a Lotus (qual delas, não sei...), mas parece que não deram em nada. Se a Hispania continuar em 2011, provavelmente até seria de bom tom permanecer por lá, nem que seja para dizer que existe. Mas não creio que queira desperdiçar o seu já pouco capital por ali...
5 - Karun Chandhok
O segundo indiano na história da Formula 1 teve a preciosa ajuda do seu "manager", um tal de Bernie Ecclestone, e arranjou alguns preciosos milhões para ajudar a compôr o orçamento da Hispania, mas na metade da temporada a que teve direito, antes de ser colocado de lado pelos ienes japoneses de Sakon Yamamoto, até cumpriu, sem deslumbrar. Mas provavelmente, se não for o peso das suas rupias, não creio que vejamos mais a cara de Chandhok numa equipa de Formula 1, nem mesmo na Force India...
Por hoje é tudo. Queria ver se na semana que vem fazia uma análise às equipas, isto é, se a actualidade automobilistica não me surpreender, não é? Até lá.
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