terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Uma vez rebelde, sempre rebelde

E hoje passa mais um ano de vida a Niki Lauda. Os mais novos ouviram as histórias de como desafiou a morte e sobreviveu ao seu horrivel acidente em Nurburgring, de como correu em equipas distintas, em tempos distintos, primeiro na Ferrari, depois na Brabham e por fim na McLaren. E pelo meio, como se fartou da Formula 1 e decidiu tirar férias da competição porque "estava farto de andar às voltas" e se dedicar a estabelecer a sua companhia aérea, a Lauda Air, e depois voltar para conseguir um terceiro título mundial.

Os mais novos na Alemanha conhecem-no como comentador nos fins de semana dos Grandes Prémios, mandando para o ar alguns "laudismos", sempre sem papas na lingua naquilo que diz, não lhe interessando se vai causar polémica ou se vai magoar alguém. Chegou a um ponto em que já não precisa de dar explicações a ninguém. Talvez seja pela maneira em que foi educado no ambiente elitista da classe alta de Viena, neto de um banqueiro...

Mas quem ler a sua história, verá que sempre foi contra o sistema. Os pais e avós nunca lhe deram um tostão para financiar a sua carreira competitiva. Pediu sucessivos empréstimos bancários a bancos locais, usando o seu nome e as suas conexões para conseguir o que queria no seu pais natal. Foi assim que comprou o lugar na March e na BRM, entre 1971 e 73. Não conseguiu grandes resultados, mas as suas performances e o seu estilo de conseguir arrancar o melhor das suas máquinas o fizeram dar nas vistas. Quando em 1972 começou a dizer que o chassis March daquele ano tinha falhas imperdoáveis, a principio, ninguém lhe ligou alguma, mas depois, quando os resultados lhe deram razão, ele bem os avisou. A única boa memória desses dias foi a amizade com Ronnie Peterson.

Em 1973 era o terceiro piloto da BRM, ao lado de Clay Regazzoni e Jean-Pierre Beltoise. Tinha pago o seu lugar com mais um chorudo empréstimo, e deu mais nas vistas do que os pilotos oficiais, embora só tenha conseguido um quinto lugar na Belgica. Foi o suficiente para que quando Clay Regazzoni voltou à Ferrari, no inicio de 1974, falar bem de Lauda junto a Enzo Ferrari. E ele lhe deu um lugar e dinheiro suficiente para pagar as dívidas.

O resto é história: conseguira o que tanto queria, e tornou-se num digno sucessor de Jochen Rindt nas mentes dos austriacos. Por pouco não fazia companhia a ele naquele acidente no Nordschleife - que sempre odiou e teve outro acidente feio em 1973 - e transformou-se num dos pilotos mais marcantes da sua geração, em todos os sentidos. Ainda hoje, sempre que se fala do velho Nurburgring, muitos o referem como "o sitio onde Niki Lauda perdeu as suas orelhas".

Feliz Aniversário, Niki Lauda!

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