domingo, 20 de maio de 2012

Extra-Campeonato: a Taça da Académica

Quando era criança, a minha avó fartava-se de contar o dia em que foi ao Largo da Portagem, em Coimbra, para receber os jogadores que tinham ganho a primeira edição da Taça de Portugal, em junho de 1939. A minha avó tinha na altura 20 anos e já tinha conhecido a pessoa que viria a ser mais tarde o meu avô, um policia que fazia as suas rondas e certamente nessa tarde deveria estar de serviço para conter a multidão que tinha saído para receber os seus heróis.

A Académica é a segunda equipa que toda a gente gosta de torcer em Portugal, depois dos "três grandes". No meu caso em particular, tem mais razões para além da simpatia: o estádio ficava perto da casa dos meus avós, no Bairro Norton de Matos, o meu pai e os meus tios foram atletas da AAC, e claro, eu estudei em Coimbra, quer nos meus primeiros dois anos, quer muito mais tarde, quando frequentei a universidade. Conheci amigos parta a vida e escrevi muitas crónicas de jogo ao serviço do jornal universitário "A Cabra". A Mancha Negra, a claque da Académica, é das mais antigas do país - tem 27 anos - e até fui à inauguração do estádio de Taveiro, o Sergio Conceição, e a reinauguração do Calhabé, ou agora denominado "Estádio Cidade de Coimbra".

Vi o clube penar durante anos na II Divisão e a regressar à primeira, com os festejos de qualquer subida a se confundirem, muitas vezes, com a Queima das Fitas, e muitas vezes - uma vez em particular, em 2003 - a comemorar manutenções como se fosse a vitória na final da Liga dos Campeões. Não foram raras as vezes que cruzei, nos tempos de Universidade, quer com o Campos Coroa, quer com o seu sucessor, João Moreno. 

Confesso que pensava que isto não era possivel, mas aconteceu. Tenho pena de não estar lá e comemorar na Praça de República ou no Largo de Portagem, ou na Praça 8 de Maio, onde fica a Câmara Municipal e a Igreja de Santa Cruz. Gostaria que a minha avó estivesse viva para ver isto, pois tinha a certeza que teria adorado ver a Académica ganhar, mas morreu vai fazer dois anos no mês que vêm. Mas não estou triste, porque acho que onde quer que esteja - e todos os que já cá não estão, briosos jogadores e técnicos da Academica - hoje é um dia glorioso para Coimbra em geral, e para o Organismo Autónomo de Futebol em particular. BRIOSA!

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