segunda-feira, 21 de maio de 2012

Biografias - Danny Ongais (1ª parte)

O Hawai deve ser o estado americano que menos se pode ser associado com o automobilismo. Uma das “mecas” do surf, tem uma rica e complexa mistura de povos, que vão desde os de origem europeia – ingleses, escoceses e muitos portugueses – até aos nativos havaianos, passando pelos asiáticos, como os japoneses e os filipinos. E é nessa mestiçagem que apresento alguém que, muito antes de Lewis Hamilton, se tornou no primeiro mestiço a andar na categoria máxima do automobilismo.

Com uma carreira extremamente longa e diversificada, onde andou em motos, drag racing e claro, nas quatro rodas, quer nas ovais americanas, quer nas pistas de Endurance europeias, tornou-se num dos maiores expoentes do desporto americano nos anos 70, 80 e 90, encerrando a carreira quase com sessenta anos de idade. O seu estilo louco deu-lhe alcunhas como “O Havaiano Voador” ou “On-Gas”, pelo seu estilo de pedal sempre a fundo, especialmente nas ovais. Muitas vezes, esse seu estilo resultou em acidentes feios, sendo o mais famoso a sua batida nas 500 Milhas de Indianápolis de 1981, onde ficou gravemente ferido, mas recuperou o suficiente para prolongar a sua carriera por mais uma década.

Fora dela, era uma personagem tímida, quase reclusiva, do qual muitos afirmariam que era nas pistas qe se sentia vivo. No dia em que comemora 70 anos de vida, hoje falo de Danny Ongais.

Nascido a 21 de maio de 1942 em Kaluhui, na ilha de Maui, começou cedo a sentir o sabor da velocidade. Em 1957, ainda com 14 anos, começou a correr em motociclos, e pouco depois, começou a ter bons resultados. Pouco depois, cumpriu o serviço militar como paraquedista, e enquanto esteve estacionado na Alemanha, começou a observar o panorama automobilístico da zona, mais concretamente, as maquinas que existiam. No regresso à sua ilha, em 1960, tornou-se imediatamente campeão estadual durante três anos consecutivos.

Por essa altura, Ongais experimentava o “drag racing” e adaptou-se às mil maravilhas. Tornou-se de novo campeão estadual e no inicio da década de 60, começa a correr no continente americano, primeiro como membro da equipa de Richard Leong, um conterrâneo seu, mas depois arranja o seu próprio carro e desenvolve a sua própria carreira. A oportunidade de correr acontece em 1962 quando Jim Nelson se retira e precisa de um piloto para a sua equipa recém-formada. Ongais ofereceu-se para guiar.

Anos depois, Jim Nelson recordou esse momento: "Disse-lhe: 'Guia o mais rapidamente que tu puderes’. Ele entrou lá dentro e… foi mais rápido do que eu à primeira! Tinha uma habilidade natural para guiar tudo. Não lhe fazia qualquer diferença se era a gasoline ou um ‘funny car’. Tinha a coragem e a habilidade para guiar

A adaptação foi veloz. Vence o título a AHRA em 1963 e no ano seguinte, constrói o seu carro que o chamou de “Chevy, Too” (Chevy, também). De inicio, os seus rivais podem ter achado graça, mas no final do ano, tinha vencido títulos na AHRA Winternationals, a UDRA Nationals e Winternationals e a NHRA Division Championships. E foi nesse mesmo ano que ocorre o primeiro caso que o coloca nas noticias: numa prova em Riverside, ele e o seu rival sofrem quebras mecânicas no inicio da corrida. Imediatamente, Ongais sai do carro e empurra-o até à meta, só para poder vencer aquela corrida. A Hot Rod Magazine nomeia-o como Personalidade do Ano.

Continua a correr em "drag racing" nos anos seguintes, em associação com Mickey Thompson, mas já pensa em experimentar outras formas de corrida, nomeadamente nos circuitos. Em 1968 tem a sua primeira tentativa, correndo em duas provas da então USAC, mas os resultados não são animadores. Sendo assim, os organizadores das 500 Milhas de Indianápolis decidiram rejeitar a sua candidatura, afirmando ser "demasiado inexperiente para correr no circuito"... Assim sendo, decide ir para Bonneville com Thompson, para bater vários recordes a bordo de um Ford Mustang Mach 1, o mesmo carro que levou ao "drag racing", na categoria "funny car". O ano foi coroado com um registo de 55-2 em termos de competição, e foi coroado como piloto do ano na sua categoria.

Em 1970, Ongais decide correr para John Manzamian, que decide no final desse ano vender a sua equipa para Vel Militich, que pouco depois associa-se ao ex-piloto Parnelli Jones para fazer uma das equipas mais conhecidas do seu tempo. Contudo, durante esse tempo, fica na drag racing até 1974, quando tem por fim a oportunidade que queria para correr em circuitos. Compra um chassis Lola e vai correr no campeonato americano de Formula 5000, promovido pela SCCA (Sports car Club of America) e começa a surpreender tudo e todos, graças á sua adaptabilidade. Vence o título da Northen Pacific na Formula A e na Race of Champions, em Road Atlanta, Parnelli Jones arranja-lhe um Lola que era de Mário Andretti e termina a corrida em segundo lugar para espanto de todos os que assistiam a tudo, incluindo um jovem rapaz de 21 anos e herdeiro de uma fortuna de Chicago: Ted Field.

(continua amanhã)

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