sábado, 5 de maio de 2012

Noticias: Hollywood prepara um filme sobre Richard Seaman


Leio a Motorsport britânica, que comprei no mês passado a pretexto dos 30 anos do acidente mortal de Gilles Villeneuve, e leio algo interessante: parece que a industria cinematográfica descobriu o filão do automobilismo. Sabemos de “Rush” - e sigo atentamente as filmagens feitas por Ron Howard – e sei de pelo menos mais dois ou três projetos em fase inicial – um sobre a relação Stewart/Cevért e outra, feita por Manish Pandey, um dos realizadores de “Senna”, sobre a relação entre Mike Hawthorn e Peter Collins, mas deste último projeto não sabia nada: um filme sobre Richard Seaman, o primeiro grande piloto britânico, cujo centenário do seu nascimento se comemorará em 2013.

O filme será produzido pela Cross Creek Pictures, e terá Brian Cross como produtor, ele que está também a ser um dos produtores de “Rush”. Quer ele, quer a produtora tem créditos sólidos, pois produziram o “Cisne Negro”, que deu um Óscar a Nathalie Portman. Ainda não há atores escolhidos para o papel de “Dick” Seaman, nem se sabe quem escreverá o argumento.

Foi uma era interessante porque as marcas alemãs eram tão superiores que qualquer piloto que competia na Grã-Bretanha, simplesmente não iria correr no Continente”, começou por dizer o produtor na revista. “Para Seaman, era a sua oportunidade para correr, mas também foi parar ao ambiente hostil onde Hitler e o nazismo estava no seu auge e estávamos à beira da II Guerra Mundial”, continuou.

Seaman, nascido a 4 de fevereiro de 1913, é um dos pilotos esquecidos da geração dos “Grand Prix”, das Flechas de Prata, isto porque foi um piloto que, na sua busca por glória, decidiu pilotar um Mercedes alemão, símbolo do regime nazi, e do qual não hesitou em fazer a saudação quando venceu o GP da Alemanha de 1938, provavelmente a sua maior vitória da sua carreira.

Eles forçaram-no a fazer a saudação nazi, e ele o fez, contrariado. De tudo o que li sobre esse episódio diz-se que ele não o queria fazer, e que foi avisado que caso não o fizesse, teria problemas. Acima de tudo, ele tinha a ambição de correr, e queria fazê-lo ao mais alto nível, e quando lá chegou, teve a consciência do custo que isso teve”, declarou.

Richard Seaman causou muita sensação no seu tempo, especialmente quando se casou com uma das herdeiras da companhia BMW, ainda em 1938, numa altura em que o mundo já sabia, inevitavelmente, que iria cair em nova guerra mundial. Contudo, Seaman não viveu para assistir a ela: morreu a 25 de junho de 1939 no GP da Belgica, em Spa-Francochamps, quando perdeu o controle do seu Mercedes e ficou severamente queimado devido à gasolina vertida para o seu corpo. Tinha 26 anos.

Ver um piloto britânico num ambiente daqueles faz-me lembrar ‘Lawrence da Arábia’ porque é um peixe fora de água. No final, tudo termina de uma forma trágica, e nós pensamos que se fizermos isto bem, poderá ser um grande filme”, concluiu.

A Mercedes fez-lhe um funeral digno desse nome, e desde então tem vindo sempre a cuidar da sua campa, no cemitério londrino de Putney Vale. 

1 comentário:

Paulo Abreu disse...

Interessante.
E os anos 30 é rico em histórias, principalmente no campo automobilístico.
Não vai tardar aparecer alguém para fazer um filme sobre a vida e carreira de Nuvolari.
Abraços.