quinta-feira, 3 de maio de 2012

GP Memória - Espanha 1992


Praticamente um mês depois dos Williams terem dominado o GP do Brasil, com Nigel Mansell e Riccardo Patrese a darem uma volta a praticamente toda a concorrência, máquinas e pilotos estavam em Barcelona para disputarem a quarta prova do ano, e a primeira em terras europeias.

A FIA tinha decidido antecupar naquele ano a corrida tinha de Setembro para Maio, para não coincidir muito com os Jogos Olímpicos, que naquele ano eram realizados naquela cidade espanhola, apesar de oficiosamente ter recebido o nome de “Grande Prémio dos Jogos Olímpicos”. É que nessa altura, Bernie Ecclestone tentava seduzir o Comité Olímpicos Internacional para que incluísse a Formula 1 na festa olímpica…

Nos cabeçalhos não estavam só a Williams e as aventuras da Andrea Moda, mas também estava a Brabham, que se arrastava para os seus agonizantes dias, que muitos temiam ser os do fim. Devido ao incumprimento do pagamento de uns patrocinadores, Giovanna Amati foi dispensada – e assim acabava a aventura da piloto italiana na Formula 1 – e no seu lugar ia Damon Hill, filho de Graham Hill e piloto de testes da Williams.

Mas a caminho da pista, parte da carga da Brabham fora retida na fronteira franco-espanhola, pois a equipa tinha dívidas por pagar e os credores tentaram parar os camiões para servir de penhor para as dívidas existentes. Contudo, os carros tinham conseguido entrar em Espanha e participar no fim de semana de Grande Prémio.

Quem já lá estava e a tentar a sua sorte, era a Andrea Moda, que resolvidos os problemas que tivera com a Super-Licença do britânico Perry McCarthy, iria tentar a qualificação para o Grande Prémio. Roberto Moreno fez o seu melhor, mas o motor rebentou após apenas dez voltas, enquanto que McCarthy andou apenas… 18 metros, porque o seu motor também explodiu.

Como seria de esperar, Nigel Mansell fez o melhor tempo na qualificação, mas o Benetton de Michael Schumacher estava ao seu lado na grelha de partida. Ayrton Senna, no seu McLaren, foi o terceiro, seguido pelo segundo Williams de Riccardo Patrese. Ivan Capelli era o quinto, conseguindo a rara proeza de superar o seu companheiro, Jean Alesi, que era apenas o oitavo. Entre eles estava o segundo Benetton de Martin Brundle, o sexto, e o McLaren-Honda de Gerhard Berger, o sétimo. A fechar os dez primeiros estavam o March-Ilmor de Karl Wendlinger e o Ligier-Renault de Eric Comas.

Dos quatro infelizes que iriam ver a corrida das boxes, dois deles eram surpreendentes: o Jordan-Yamaha de Stefano Modena e o Larrousse-Lamborghini de Ukyo Katayama. Eric Van De Poele e Damon Hill não tinha conseguido qualificar os seus Brabham para a corrida.

No domingo, dia da corrida, o tempo estava nublado, com chuva torrencial e fazendo alagar a pista. Numa época onde o Safety Car não existia, a corrida começou com Patrese a conseguir passar Senna e Schumacher para ficar com o segundo lugar, enquanto que atrás, Alesi conseguia também uma partida-canhão, para ficar com o terceiro posto. Senna, que se dava bem na chuva, teve uma má largada e caíra para sétimo, mas depois passou dois pilotos e no final da primeira volta, era quinto.

Na volta sete, Schumacher passou Alesi e ficou com o terceiro posto, e depois Berger tentou a mesma manobra. Contudo, o austríaco toca no piloto da Ferrari e provoca um pião, fazendo com que o francês caísse duas posições, atrás de Senna e Capelli. As coisas se mantiveram assim nas voltas seguintes, até à 20ª passagem pela meta, quando Patrese despistou-se e ficou preso na gravilha. Por essa altura, a chuva era mais intensa e os pilotos tinham dificuldades em se manter em pista.

Mansell mantinha-se na frente, mas não era incomodado por Schumacher, que tinha Senna e Berger atrás de si. Pouco depois, Alesi foi às boxes e encetou uma corrida de recuperação, no sentido de recuperar o maior numero de lugares possível. Em pouco tempo, aproximou-se e passou sem problemas o McLaren de Berger, e depois passou a pressionar o outro McLaren de Senna. A batalha pelo terceiro posto fora dura, mas a duas voltas do final, ficou resolvida quando o brasileiro cometeu um raro erro e acabou na gravilha, ao mesmo tempo que Ivan Capelli também acabava da mesma forma. Apesar de tudo, ambos os pilotos classificavam-se, respectivamente, no nono e décimo posto.

Indiferente ao que se passava com os seus adversários, Nigel Mansell dominava a seu bel-prazer, conseguindo a sua quarta vitória consecutiva, um recorde na altura. Schumacher chegava no segundo lugar, a sua melhor posição até então, e o seu terceiro pódio consecutivo. Jean Alesi era o terceiro e conseguia o primeiro pódio do ano para a Ferrari. Nos restantes lugares pontuáveis ficaram o McLaren de Gerhard Berger, o Footwork de Michele Alboreto e o Dallara de Pierluigi Martini.

1 comentário:

Anónimo disse...

Logo na estreia do Benetton B192, Michael Schumacher consegue um bom 2º lugar.
Até a terceira prova do campeonato (África do Sul, México e Brasil), a Williams fez três dobradinhas (1-2 com Mansell e Patrese) e a prova na Espanha foi a primeira que não aconteceu em 1992.
Não fosse a rodada de Ayrton Senna e Jean Alesi vinha com tudo para "atropelar" o McLaren número 1 do capacete amarelo e conquistar (com justiça) o 3º lugar nas últimas três voltas da prova.

Notas:

- 25ª vitória de Nigel Mansell 50º pódio (até então);
- 55ª vitória e 140º pódio da Williams e
- 100º grande prêmio da Benetton.